Por Reinaldo Azevedo
Volte e meia penso o que
teria acontecido a José Sérgio Gabrielli, que presidiu a Petrobras nos oito
anos de governo Lula e no primeiro ano de governo de Dilma, se tivesse sido
dirigente de uma empresa privada. Não seria convidado nem para servir um
cafezinho. A quantidade de más notícias que a estatal acumula decorrentes de
sua gestão é uma coisa espantosa. Por quê? Porque a gigante foi usada para
fazer política. Em vez de cair no index dos maus gestores, no entanto,
Gabrielli foi ser secretário de Planejamento da Bahia, e o governador Jaques
Wagner (PT) tenta emplacá-lo como candidato do partido à sua sucessão.
Num país com uma oposição um
pouco mais atilada e com um Parlamento minimamente independente, já se teria
instalado a CPI da Petrobras. Mas quê… Basta tocar no nome da empresa para que
alguns vigaristas apontem longo alguma conspiração. Na Presidência da gigante,
Gabrielli chegou a contar uma mentira escandalosa: afirmou que FHC tinha a
intenção de privatizar a parte pública da empresa. A Petrobras é uma empresa de
economia mista, mas foi gerida durante nove anos como se fosse uma extensão do
PT. Leiam o que informa Maria Paula Autran, na Folha:
Cálculos feitos para a Folha
pela empresa de informações financeiras Comdinheiro mostram que quem aplicou R$
10 mil há 12 meses no papel mais negociado da estatal (o preferencial, sem
direito a voto) tinha, em 19 de março deste ano, R$ 7.912,18, já considerando
os proventos (dividendos, juros sobre capital próprio e rendimentos). Quem
investiu o valor na ação ordinária (menos negociada, com direito a voto) perdeu
mais dinheiro: o saldo diminuiu para R$ 7.021,70.
As ações caíram no período
pressionadas pela desconfiança dos investidores em relação à ingerência do
governo na empresa, que impediu, por exemplo, reajustes mais elevados da
gasolina por causa da inflação. Além disso, a companhia reduziu os dividendos
(fatia do lucro distribuída aos acionistas) no ano passado. Na avaliação de
especialistas, para quem tem papéis da companhia ou pensa em comprá-los com uma
visão de retorno no curto prazo, a perspectiva não é boa.
"O fator político é
preponderante e, se isso continuar no lugar de maximização de valor, o
resultado não tem por que ser diferente", diz Rafael Paschoarelli, professor da
USP e um dos responsáveis pelo levantamento.
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Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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