Por Jorge Magalhães
Os rataplans ecoam
pelos ares da rua Itororó e ganham as ruas do Barro Vermelho, localidade que
faz divisa com o bairro Rua Nova, conhecido celeiro cultural de Feira de
Santana, berço de afoxés, bandas de reggae e escolas de samba. Sob a batuta de
Zé das Congas (Foto), músico e construtor de instrumentos de efeito e percussão,
meninos com idade a partir de 13 anos ensaiam ritmos que brotam com uma
naturalidade espantosa do quintal/oficina mais badalado da cidade.
José
Pereira dos Santos, ou simplesmente Zé das Congas, já correu a Itália com o seu
talento e os seus instrumentos made in Feira de Santana ganharam o mundo,
requisitados principalmente por músicos americanos, argentinos e espanhóis.
No
quintal da casa simples da rua Itororó, 664, em meio à parafernália de
instrumentos acabados e em construção pendurados entre as paredes e teto, Zé
das Congas remete o pensamento à infância, a radiola quebrada, encontrada no
lixo, e um disco dos Menudos: as primeiras descobertas musicais.
Tímido
e pouco falante, à primeira vista, o que Zé das Congas economiza em palavras
esbanja em sons e ritmos que extrai de qualquer instrumento percussivo que lhe
cai às mãos. De Jorge de Angélica a Luiz Caldas, já passou por várias bandas,
sempre se valendo dos instrumentos da sua própria lavra: congas, atabaques,
berimbaus, cajons, kalimbas, paus-de-chuva, chocalhos, timbales... Tudo feito
de material reciclável - árvores mortas, tampinhas de garrafas; alumínio,
ferro, plásticos e chaves inservíveis.
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