"Os pais têm direito a que seus filhos recebam a educação moral que esteja de acordo com suas próprias convicções." É isso que estabelece o artigo 12 da Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH), da qual o Brasil é signatário. Ocorre que esse direito não vem sendo respeitado por nossas escolas. Burocratas e "especialistas" em educação decidiram educar nossos filhos por nós. Decidiram acabar com a formação moral que lhes damos em casa. Para eles, tudo não passa de "preconceitos" e "tabus". Do MEC e das secretarias de Educação partem as diretrizes. Nas salas de aula, professores despreparados, perturbados ou pervertidos - é difícil saber as colocarem em prática
Em Ceilândia, cidade-satélite de Brasília, um
professor de Educação Física resolveu fazer uma "brincadeirinha" com seus
alunos: quem errasse a jogada tinha de responder a perguntas como "você é
virgem?" ou "já fez sexo oral em fulano?" Em Recife, crianças de 7 a 10 anos
aprendem em sala de aula que "brincar com o pênis e com a vulva é gostoso" e que
"o papai acha muito gostoso quando seu pênis fica duro". Em Contagem (MG), o
dever de casa dos alunos do 4.º ano de uma escola municipal - falamos de
crianças de 10 anos - é responder "o que é sexo anal", "o que é boquete" e
"como dois homens fazem sexo".
Os episódios se sucedem. O que chega ao nosso
conhecimento é apenas uma fração do que acontece no interior das salas de aula;
é o que "vaza" por acidente. Mas pelos "vazamentos" podemos estimar o volume e
a qualidade do esgoto moral que circula pelas tubulações do sistema de ensino.
Quem já tentou sabe que é inútil argumentar com
esses "educadores". Os pais que reclamam são tratados como ignorantes e
retrógrados.
Qual a solução? Simples: basta que o MEC e as
secretarias de Educação proíbam a veiculação de temas como sexualidade - que
envolve inevitavelmente uma abordagem moral - nas disciplinas obrigatórias. Se
o governo quiser usar as escolas para tratar desses assuntos, que crie uma
disciplina facultativa, como se dá com o ensino religioso. É a única saída
compatível com o art. 12 da CADH.
Isso vai acontecer? Não neste governo, com
certeza. Embora a presidente da República tenha declarado, ao vetar o "kit
gay", que "nós não podemos interferir na vida privada das pessoas", o MEC
continua trabalhando de modo incansável para destruir a autoridade moral dos
pais sobre seus filhos. É possível obrigar o governo a agir, mas na Justiça
isso pode levar anos.
A boa notícia é que os pais não precisam esperar
de mãos atadas. Nosso conselho é processar por danos morais as escolas e os
professores que transmitirem aos seus filhos conteúdos que se chocarem com os
seus valores e convicções. Além do dano moral causado aos seus filhos - o que
precisa ser avaliado caso a caso -, há o dano decorrente da violação a sua
autoridade moral. Em situações como essas, dependendo do caso, as indenizações
podem passar de R$ 20 mil.
Ou, se quiserem agir preventivamente, ajuízem,
com base no art. 12 da CADH, ações para que as escolas e os professores dos
seus filhos sejam obrigados a se abster, sob pena de multa, de veicular
conteúdos morais nas disciplinas obrigatórias; e orientem seus filhos a lhes
reportar em casa o que virem e ouvirem na sala de aula. Se os professores e as
escolas começarem a ser processados e condenados, é possível que pensem duas
vezes antes de ensinar a crianças de 10 anos "o que é boquete" e "como dois
homens fazem sexo".
* Miguel Nagib, advogado, é coordenador do grupo Escola Sem Partido (www.escolasempartido.org).Publicado no jornal "Gazeta do Povo"
Fonte: "Mídia Sem Máscara"
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