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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

"Governo Federal: uma estrutura de gestão de 100 anos atrás!"

Por César Maia

1. O strike de ministros no governo Dilma deu nitidez a uma estrutura de gestão de 100 anos atrás. O que se vê é uma estrutura vertical - com a presidente no vértice - e piramidal - com os ministros no tronco da pirâmide superior. A presidente, com sua equipe atual, verticalmente sobre cada ministério e estes verticalmente sobre sua própria estrutura.
2. Não há nenhuma matricialidade - e me refiro a um sistema de 50 anos atrás - onde os gestores lideravam suas funções, independente de onde elas estivessem. Com isso, se tinha cruzamentos e interações diagonais. Por exemplo, o diretor de recursos humanos atuava em todas as diretorias; a diretoria técnica atuava na diretoria de produção; a diretoria financeira sobre todas; etc. A operação cruzada era acompanhada de informação simultânea ao diretor da área afetada e esse interagia se desejasse. O presidente coordenava as funções e com sua diretoria, decidia sobre elas. E deixava que os naturais conflitos horizontais produzissem a necessidade de novas decisões. Mas, permanecia, em boa medida, o desenho piramidal.
3. Hoje, num mundo aberto, com informações que fluem com enorme agilidade, onde a concorrência entre as empresas de vanguarda se dá pela inovação, o que prioriza a tecnologia e a velocidade em sair do laboratório e entrar em mercado, a estrutura organizacional não pode ser mais piramidal. Deve ser uma estrutura como um disco voador, superfície de muitos furos, para a interação externa e com redes se cruzando internamente, em todas as direções - horizontais, verticais, diagonais, impulsionando os controles e a tomada de decisões em todos os níveis, em todos os momentos.
4. Quando a oposição e a imprensa destacam que apenas uma pequena porcentagem de um programa - o PAC, por exemplo - foi executado, que a presidente se surpreende com informações, fatos e denúncias, que certos programas autorizados em solenidades palacianas, etc., meses depois mal saíram do papel, o problema não está na burocracia, nem na legislação: está na própria estrutura de gestão do governo.
5. É fato que no setor público existe uma rigidez normativa muito maior. Sendo assim, se pode pensar numa organização na forma de pipeta de laboratório, garantindo a normatividade em sua garganta, o mais fina possível.
6. Governar - ou gerir - é tomar decisões. Os demais são técnicas. Num mundo com tênues fronteiras informacionais, com ciclos tecnológicos imprevisíveis, com a informação em tempo real, continuar com uma estrutura centenária é a certeza do fracasso. Pelo menos do fracasso relativo como crescer pouco, vis a vis outros países em mesma situação. Tomar decisões após ler jornais e revistas e ver na TV, é simplesmente reagir a uma decisão, de fato, pré-tomada.
7. Numa onda mundial de crescimento, o avião pode até ser empurrado pelo vento de popa. Mas numa conjuntura de crise, permanecer gerindo numa armadura piramidal, é a certeza do fracasso, e de consequências sociais e econômicas, muito mais graves do que necessário. É o que está ocorrendo no Brasil, neste momento.
Fonte: "Ex-Blog do César Maia"

Um comentário:

Mariana disse...

E êsse "sistema piramidal" é o preferido do petralhismo, é como demonstram poder; nenhuma chance de mudanças.