Por pastor Paulo Amendola Filho
Um dia desses, fiquei sabendo que um comerciante havia falecido. Considerando umas poucas vezes que freqüentei seu estabelecimento, e a proximidade da Igreja Metodista Central, compareci ao local onde velava-se o corpo e, falando com familiares, pus-me à disposição para conduzir aos amigos em um momento de reflexão e oração, caso a família achasse por bem. Após orar com seus familiares e informar-me sobre a hora do enterro, fui cumprir com minhas obrigações diárias.
Para minha surpresa, algumas horas antes do momento da despedida final atendo uma chamada em meu celular, de um número desconhecido: um familiar enlutado, manifestando-me o desejo de que eu oficiasse então o funeral. Respondi positivamente, e em alguns minutos cheguei ao local. Falei sobre princípios de vida eterna, de arrependimento verdadeiro para herdá-la, conduzi um cântico de conforto e orei. Minha oração, no entanto, não foi pelo e nem para o falecido; orei pelos familiares. Orei pelos que ficam. Orei por conforto, consolo e perseverança.
Aos cumprimentos dos familiares, alguém me disse: "Pastor, nunca havia visto um ofício evangélico. Mas confesso que me surpreendi com a direção sob a qual o senhor conduziu este momento. O que mais precisamos mesmo agora é do consolo que só pode vir do Pai!" Querido leitor, eu confesso que já sabia disso que o familiar me disse. Creio, no entanto, que quem não sabia de tal verdade era o próprio que me disse tais palavras. Por que isso? Creio que a explicação está atrelada ao entendimento distorcido da morte, encontrado inclusive no místico "dia de finados".
Documentos mais antigos da Igreja Cristã dizem que alguns segmentos tinham o hábito de "rezar" pelos mortos (não pelos familiares, nem pelos amigos... pelos mortos!), e isso desde o quinto século dC. Mais tarde, a coisa parece que ficou mais séria, quando desde o século XI, os papas Silvestre II (1009), João XVIII (1009) e Leão IX (1015) obrigam a comunidade a dedicar um dia aos mortos (a pesada palavra "obrigam" não é minha, mas do monsenhor Arnaldo Beltrami, vigário da Arquidiocese de São Paulo – www.arquidiocese-sp.org.br).
Depois, nós evangélicos somos exagerados! Pare e pense: a começar, qual o motivo da oração pelos mortos? E o ensino bíblico de Eclesiastes 9: 4-10? Ali, leio que os mortos perderam sua capacidade de cogitar a respeito desta vida. Diz ainda o texto de Salomão que eles já não têm parte nenhuma nas coisas que acontecem debaixo do sol (versículo 6). Os versículos seguintes, no entanto, ensinam aos vivos como viver em abundância. Outro ensino bíblico semelhante, evidenciando o estado inativo dos mortos, encontro em Isaías 38: 18-19: ali registram-se palavras do rei Ezequias enfatizando que os mortos não podem sequer louvar a Deus; aos vivos, no entanto, é reservado esse privilégio. Curioso é que nas mesmas escrituras sagradas, a Bíblia, não encontra-se nenhuma referência de oração por mortos (óbvio! A Bíblia é a Palavra de Deus, e Ele não se contradiz!). O próprio Jesus ensina acerca do estado dos mortos (Lucas 16: 19-31): só têm duas destinações, a saber, céu ou inferno, e isso é imutável. Ensina Jesus que aos mortos, cabe ficar num desses dois lugares, enquanto aos vivos, comunicar-se, evangelizar-se, auxiliar-se... nada de mortos influenciando ou ajudando assuntos de vivos! Acaso, quem é contestável? Jesus ou homens tradicionalistas, com poder institucional nas mãos? A verdade bíblica: orações ou rezas não provocam descanso. O que conquista a bênção do descaso é o confessar a fé em Jesus como único Senhor e suficiente salvador (Romanos 10: 9-10).
Tradição pode ser fatal quando sobressai-se à Palavra de Deus. E, notoriamente, se não há registro bíblico desta "ordenança", jamais poderia haver a tal "obrigatoriedade" estipulada por homens! Sei que a Igreja romana amadureceu muito em 1000 anos que passaram-se, mas o feriado de Finados ainda é uma marca de imaturidade na luta "tradição x Bíblia". Nesse ponto, nós reformados, repetimos o princípio de Lutero: "sola scriptura!". Só a Bíblia deve ser base para a Igreja Cristã!
Por isso, como pastor e orientador, evangélico, reformado, avivalista e inconformado com tradicionalismos, faço questão de expor a visão bíblica (ainda que de forma extremamente resumida) em que baseiam-se os evangélicos para não crerem e refutarem a tradição do "dia de finados". E, como registra João em seu Apocalipse, "quem tem ouvidos, ouça"!
Fonte: Jornal "O Progresso", do Mato Grosso do Sul, originalmente publicado em novembro de 2009
Um dia desses, fiquei sabendo que um comerciante havia falecido. Considerando umas poucas vezes que freqüentei seu estabelecimento, e a proximidade da Igreja Metodista Central, compareci ao local onde velava-se o corpo e, falando com familiares, pus-me à disposição para conduzir aos amigos em um momento de reflexão e oração, caso a família achasse por bem. Após orar com seus familiares e informar-me sobre a hora do enterro, fui cumprir com minhas obrigações diárias.
Para minha surpresa, algumas horas antes do momento da despedida final atendo uma chamada em meu celular, de um número desconhecido: um familiar enlutado, manifestando-me o desejo de que eu oficiasse então o funeral. Respondi positivamente, e em alguns minutos cheguei ao local. Falei sobre princípios de vida eterna, de arrependimento verdadeiro para herdá-la, conduzi um cântico de conforto e orei. Minha oração, no entanto, não foi pelo e nem para o falecido; orei pelos familiares. Orei pelos que ficam. Orei por conforto, consolo e perseverança.
Aos cumprimentos dos familiares, alguém me disse: "Pastor, nunca havia visto um ofício evangélico. Mas confesso que me surpreendi com a direção sob a qual o senhor conduziu este momento. O que mais precisamos mesmo agora é do consolo que só pode vir do Pai!" Querido leitor, eu confesso que já sabia disso que o familiar me disse. Creio, no entanto, que quem não sabia de tal verdade era o próprio que me disse tais palavras. Por que isso? Creio que a explicação está atrelada ao entendimento distorcido da morte, encontrado inclusive no místico "dia de finados".
Documentos mais antigos da Igreja Cristã dizem que alguns segmentos tinham o hábito de "rezar" pelos mortos (não pelos familiares, nem pelos amigos... pelos mortos!), e isso desde o quinto século dC. Mais tarde, a coisa parece que ficou mais séria, quando desde o século XI, os papas Silvestre II (1009), João XVIII (1009) e Leão IX (1015) obrigam a comunidade a dedicar um dia aos mortos (a pesada palavra "obrigam" não é minha, mas do monsenhor Arnaldo Beltrami, vigário da Arquidiocese de São Paulo – www.arquidiocese-sp.org.br).
Depois, nós evangélicos somos exagerados! Pare e pense: a começar, qual o motivo da oração pelos mortos? E o ensino bíblico de Eclesiastes 9: 4-10? Ali, leio que os mortos perderam sua capacidade de cogitar a respeito desta vida. Diz ainda o texto de Salomão que eles já não têm parte nenhuma nas coisas que acontecem debaixo do sol (versículo 6). Os versículos seguintes, no entanto, ensinam aos vivos como viver em abundância. Outro ensino bíblico semelhante, evidenciando o estado inativo dos mortos, encontro em Isaías 38: 18-19: ali registram-se palavras do rei Ezequias enfatizando que os mortos não podem sequer louvar a Deus; aos vivos, no entanto, é reservado esse privilégio. Curioso é que nas mesmas escrituras sagradas, a Bíblia, não encontra-se nenhuma referência de oração por mortos (óbvio! A Bíblia é a Palavra de Deus, e Ele não se contradiz!). O próprio Jesus ensina acerca do estado dos mortos (Lucas 16: 19-31): só têm duas destinações, a saber, céu ou inferno, e isso é imutável. Ensina Jesus que aos mortos, cabe ficar num desses dois lugares, enquanto aos vivos, comunicar-se, evangelizar-se, auxiliar-se... nada de mortos influenciando ou ajudando assuntos de vivos! Acaso, quem é contestável? Jesus ou homens tradicionalistas, com poder institucional nas mãos? A verdade bíblica: orações ou rezas não provocam descanso. O que conquista a bênção do descaso é o confessar a fé em Jesus como único Senhor e suficiente salvador (Romanos 10: 9-10).
Tradição pode ser fatal quando sobressai-se à Palavra de Deus. E, notoriamente, se não há registro bíblico desta "ordenança", jamais poderia haver a tal "obrigatoriedade" estipulada por homens! Sei que a Igreja romana amadureceu muito em 1000 anos que passaram-se, mas o feriado de Finados ainda é uma marca de imaturidade na luta "tradição x Bíblia". Nesse ponto, nós reformados, repetimos o princípio de Lutero: "sola scriptura!". Só a Bíblia deve ser base para a Igreja Cristã!
Por isso, como pastor e orientador, evangélico, reformado, avivalista e inconformado com tradicionalismos, faço questão de expor a visão bíblica (ainda que de forma extremamente resumida) em que baseiam-se os evangélicos para não crerem e refutarem a tradição do "dia de finados". E, como registra João em seu Apocalipse, "quem tem ouvidos, ouça"!
Fonte: Jornal "O Progresso", do Mato Grosso do Sul, originalmente publicado em novembro de 2009
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