Por César Maia
1. Com a economia descendo a ladeira, a expectativa de um crescimento menor que 3%, vis a vis a bolha de crédito às pessoas físicas, o forte arrefecimento da demanda de bens de consumo, uma inflação fora do teto da meta, uma oscilação não esperada do câmbio, e o fantasma do desemprego surgindo, o voluntarismo tomou conta da presidente Dilma, sua assessoria política e equipe econômica. Muito longe da eleição de 2014, esse é um açodamento ingênuo e perigoso para ela e para o país.
2. Talvez tenham acreditado na fábula "luliana" da marolinha ou no conto "geiseliano" da ilha de prosperidade. E que essa crise internacional é um tsunami distante e que não chegará aqui se for aplicada uma política econômica keynesiana estudantil e militante. Esse açodamento vem acompanhado de medidas apressadas em relação aos juros, a taxação de importações, a reativação das obras do governo, a uma enorme abertura para o endividamento dos Estados (37 bilhões de reais) e coisas no estilo.
3. Na política, o tempo é fator de qualidade e não se deve agredir os fatos. Essa tentativa imprudente só agravará o quadro no meio da crise e multiplicará incertezas entre os investidores - daqui e d'alhures. E em vez de acompanhar o movimento global, reestruturando as limitações internas, a questão fiscal, a infraestrutura econômica, um movimento ordenado da ascensão do câmbio, uma melhor coordenação da inflação e dos juros, etc., as medidas adotadas produzirão um quadro -aí sim- muito mais grave na crista da crise.
4. Não custa nada lembrar as medidas do final do primeiro governo FHC, em função da crise asiática, tomadas a partir de dezembro de 1997: o populismo fiscal expansionista e o populismo cambial contracionista. O resultado foi uma crise mais profunda, a perda política do segundo mandato e, paradoxalmente, os acertos na política econômica na entrada de Armínio Fraga, no segundo governo, não impediram a vitória de Lula em 2002 e serviram para os acertos de seu governo, e mais, uma memória desgastante do segundo governo FHC, que até hoje contamina a oposição. E o esforço televisivo de reestabelecer a origem, não resultará, politicamente, a menos que com outra crise tão ou mais intensa.
5. O tempo vai mostrar, à Dilma e suas equipes, os erros que estão sendo cometidos, mas -então- o poder vai se esvair pelas mãos. A oposição responsável não quer voltar ao poder por isso. Mas essa será uma realidade ao persistirem os erros, as imprudências e o açodamento juvenil.
Fonte: "Ex-Blog do César Maia"
1. Com a economia descendo a ladeira, a expectativa de um crescimento menor que 3%, vis a vis a bolha de crédito às pessoas físicas, o forte arrefecimento da demanda de bens de consumo, uma inflação fora do teto da meta, uma oscilação não esperada do câmbio, e o fantasma do desemprego surgindo, o voluntarismo tomou conta da presidente Dilma, sua assessoria política e equipe econômica. Muito longe da eleição de 2014, esse é um açodamento ingênuo e perigoso para ela e para o país.
2. Talvez tenham acreditado na fábula "luliana" da marolinha ou no conto "geiseliano" da ilha de prosperidade. E que essa crise internacional é um tsunami distante e que não chegará aqui se for aplicada uma política econômica keynesiana estudantil e militante. Esse açodamento vem acompanhado de medidas apressadas em relação aos juros, a taxação de importações, a reativação das obras do governo, a uma enorme abertura para o endividamento dos Estados (37 bilhões de reais) e coisas no estilo.
3. Na política, o tempo é fator de qualidade e não se deve agredir os fatos. Essa tentativa imprudente só agravará o quadro no meio da crise e multiplicará incertezas entre os investidores - daqui e d'alhures. E em vez de acompanhar o movimento global, reestruturando as limitações internas, a questão fiscal, a infraestrutura econômica, um movimento ordenado da ascensão do câmbio, uma melhor coordenação da inflação e dos juros, etc., as medidas adotadas produzirão um quadro -aí sim- muito mais grave na crista da crise.
4. Não custa nada lembrar as medidas do final do primeiro governo FHC, em função da crise asiática, tomadas a partir de dezembro de 1997: o populismo fiscal expansionista e o populismo cambial contracionista. O resultado foi uma crise mais profunda, a perda política do segundo mandato e, paradoxalmente, os acertos na política econômica na entrada de Armínio Fraga, no segundo governo, não impediram a vitória de Lula em 2002 e serviram para os acertos de seu governo, e mais, uma memória desgastante do segundo governo FHC, que até hoje contamina a oposição. E o esforço televisivo de reestabelecer a origem, não resultará, politicamente, a menos que com outra crise tão ou mais intensa.
5. O tempo vai mostrar, à Dilma e suas equipes, os erros que estão sendo cometidos, mas -então- o poder vai se esvair pelas mãos. A oposição responsável não quer voltar ao poder por isso. Mas essa será uma realidade ao persistirem os erros, as imprudências e o açodamento juvenil.
Fonte: "Ex-Blog do César Maia"
Um comentário:
E ela está se achando...e os seus eleitores, idem. Seus discursos sôbre economia, chegando a lembrar os de seu mentor.
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