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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

"O esporte mais popular do Brasil"

Por Ruth de Aquino
Você achou que era o futebol? Não é. Nosso esporte mais popular é a corrupção. O time de maior prestígio e mais bem remunerado é o BCC, Brasília Corrupção Clube. Seus estádios são verdadeiros palácios, com subsedes imponentes.
Uma pena que, mesmo com ingresso de graça, as arquibancadas estejam quase sempre vazias, a não ser que os jogadores entrem em campo em benefício próprio ou tenham algum companheiro ameaçado por cartões vermelhos. Aí, as torcidas lotam o recinto e reúnem jovens furiosos a gaviões fiéis. Confraternizam, xingam e chegam a entrar no tapa.
Há os atacantes que disputam, aos trancos e barrancos, até o fim do Segundo Tempo. E os zagueiros que já deveriam ter pendurado as chuteiras no século passado, mas insistem na prorrogação. O "bicho", nesse torneio, é a propina.
Tem muito empurra-empurra. Já foram expulsos cinco neste ano da Seleção, e o sexto estava na marca do pênalti aguardando o apito da juíza.
O maior medo dos jogadores é sofrer um "drible da vaca". É um daqueles dribles humilhantes em que o jogador, de frente para o oponente, toca ou chuta a bola para um lado e corre para o lado oposto, buscando a bola novamente. Em política, é comum. Você faz de conta que dá todo o apoio ao coitado, mas o faz de bobo. E, quando o outro percebe, já foi até substituído.
Nesse Brasileirão de impedimentos, quem rouba não é o juiz. (Até é também, mas o campeonato é outro, superior - os atletas jogam de toga e o uniforme faz a diferença, que o diga a juíza dos árbitros Eliana Calmon, que denunciou bandidos em campo.)
Poderíamos recorrer apenas ao humor, e não à indignação, mas o assunto é muito sério. Só no Brasil uma arte milenar chinesa como o kung fu acaba usada pelo Ministério do Esporte para desviar milhões de reais de dinheiro público. Dinheiro meu e seu destinado a material esportivo para crianças e jovens.
O que se rouba em nome dos carentes e destituídos é vergonhoso. Não sei quase nada de kung fu, a não ser que há golpes mortais. Mas, no Brasil, o golpe é de grana mesmo.
Fonte: Revista "Época"

2 comentários:

Mariana disse...

Há ainda um país, não estou lembrada do nome, que cortam até a mão do ladrão de qualquer coisa, por mais barata que seja. Aqui, realmente virou esporte e dos mais rentáveis. O sujeito quando perde(quando vai preso), continua com sua roubada fortuna e nada volta aos cofres públicos. É por isto que a cada dia, o número de "atletas" da modalidade aumenta assustadoramente.

Cristiane disse...

O salário para a família de um presidiário é bem melhor do que de um trabalhador honesto.Roubos,cometidos por políticos,são negócios bem rentáveis