A Direção Estadual do Psol Bahia irá se reunir para tomar posição sobre pedido de filiação de Luís Bassuma ao partido.
"Até o momento não existe posição definida de maioria ou minoria, o que existe até então são manifestações de duas correntes apenas, uma a favor e uma outra contrária. Uma terceira corrente ainda não colocou posição, mas a direção do partido é quem discutirá sobre o tema, pois essa prerrogativa lhe cabe.
Manifestações de dirigentes ou militantes até então representam manifestações pessoais e não do partido, pois o mesmo ainda não tomou posição", esclarece Ronaldo Santos, secretário geral do Psol Bahia e da Direção Nacional do Psol.
A carta de Bassuma
Aos companheiros e companheiras do PSOL
Nasci em Curitiba em 1956, comecei a trabalhar aos 12 anos de idade, atuando como cobrador, datilógrafo, vendedor de livros, professor de matemática, até me formar em engenharia em 1979 e ingressar por concurso público na Petrobras, quando cheguei na Bahia para ficar. Em Novembro de1988, exercia uma função gerencial na Petrobras, quando acontece a primeira greve após o fim da ditadura. Fui o único gerente a impedir que trabalhadores em greve fossem retaliados. Como punição a Petrobras me retira da carreira no petróleo, transferindo para a área de proteção ambiental. Em 1991, denunciei publicamente num Congresso Internacional a falta de vontade política da Petrobras na Bahia com as questões ambientais. Há uma tentativa de me demitir que é inviabilizada por manifestações de solidariedade dos trabalhadores.
Em 1992 fui eleito coordenador do Sindicato dos Petroleiros da Bahia, rompendo um paradigma por ser o primeiro dirigente de nível superior no movimento sindical dos petroleiros. Exerci dois mandatos sindicais entre 1992 e 1995, época muito difícil para os trabalhadores (governos Collor e FHC) quando foi realizada a maior greve da Petrobras, que terminou com o exército invadindo refinarias, muitos demitidos e intervenção do TST nos sindicatos. Apesar de tudo isso foi neste período que conseguimos unificar os dois sindicatos da categoria (Sindipetro e Stiep). Este período representou em minha vida uma verdadeira faculdade intensiva de formação política.
Em 1996 fui eleito vereador pelo PT em Salvador com 4.543 votos, em 1998, deputado estadual com 15.898 votos. Em 2002, deputado federal com 75.000 votos, sendo reeleito em 2006. Em 2005, na crise do mensalão, fiz críticas públicas aos erros de alguns dirigentes do PT e realizei uma grande plenária com centenas de companheiros de todo o Estado. Depois de mais de cinco horas de debate em que defendi com veemência a minha saída, a maioria (55%) decidiu democraticamente que eu deveria permanecer no PT. Tal acontecimento foi amplamente noticiado em rádios, jornais e blogs.
Em setembro de 2009, fui punido com um ano de suspensão pelo PT por lutar em defesa da vida e não abrir mão da liberdade de expressão. Filiei-me ao Partido Verde junto com Marina Silva. Em 2010 disputei as eleições ao Governo do Estado da Bahia. Apesar da falta de estrutura e muitas dificuldades internas, obtive 115 mil votos em Salvador (9%). Um excelente resultado quando comparado com os 10% do ex-ministro Geddel (PMDB) ou com os 14% do ex-governador Paulo Souto (DEM).
Em janeiro de 2011, junto com um grupo de companheiros decidi sair do Partido Verde pela ausência de democracia interna e por não desejarem construir uma alternativa de poder ao PT no Estado da Bahia.
Tenho uma posição pública sobre a legalização do aborto, baseada em princípios filosóficos, éticos e espirituais. Nunca desejei que o partido pensasse como eu, mas sim que respeitasse minha liberdade de pensar, falar e agir. Nesta questão não existe para mim qualquer dificuldade em respeitar a posição do partido, diferenciando da posição pessoal.
No segundo turno das eleições presidenciais declarei meu voto em Serra, pelas seguintes razões:
1) Como a questão do aborto foi decisiva e por conhecer a opinião de Dilma, considerei gravíssimo um candidato mentir para o povo, principalmente à presidência do país, para ganhar uma eleição. Ela mentiu explicitamente negando todo seu passado e suas posições públicas sobre o assunto.
2) Seria muito cômodo para mim fazer como Marina Silva e declarar uma posição de neutralidade. Acredito que para quem aceitou jogar o jogo democrático das eleições em dois turnos não tem mais o direito de se omitir. Havia duas alternativas apenas para o Brasil Dilma e o PT ou Serra e o PSDB. As duas ruins, mas naquele momento entendia Serra como o mal menor pois a eleição de Dilma consolidaria um projeto de poder do PT por pelo menos 20 anos (tempo de uma ditadura) (tempo de sobra para acabar de fazer a cooptação de todos os movimentos sociais). E em minha opinião, hoje PT e PSDB são equivalentes na teoria e na prática política, formando um centrão de direita conservadora e corrupta.
Encerro este documento, manifestando muita alegria e esperança pelo convite feito por alguns dirigentes do Psol para a minha filiação, pois estou seguro que este partido fundado por dissidentes ideologicamente coerentes do PT, é o único caminho viável à esquerda para gradativamente se transformar numa alternativa concreta de poder neste Brasil. Um poder exercido com ética e fundamentado em valores socialistas e libertários, valores tão caros e desprezados por todos os partidos que conquistaram o poder na República Brasileira, com destaque para o PT que nasceu e cresceu com este objetivo.
Acredito que aos 54 anos de idade e 23 anos de militância política, posso contribuir me unindo aos companheiros e companheiras do Psol, dando o melhor de mim para juntos realizarmos o sonho de justiça social e liberdade. Sinto e percebo os sinais no horizonte que não tardará para que este sonho se transforme em realidade na vida de todas as pessoas. Só depende de nós, da nossa coragem, do nosso desprendimento, da nossa perseverança em vivenciar os ideais que nos movem em direção ao bem comum.
Saudações,
Salvador, 13 de março de 2011
Luiz Bassuma
Manifestações de dirigentes ou militantes até então representam manifestações pessoais e não do partido, pois o mesmo ainda não tomou posição", esclarece Ronaldo Santos, secretário geral do Psol Bahia e da Direção Nacional do Psol.
A carta de Bassuma
Aos companheiros e companheiras do PSOL
Nasci em Curitiba em 1956, comecei a trabalhar aos 12 anos de idade, atuando como cobrador, datilógrafo, vendedor de livros, professor de matemática, até me formar em engenharia em 1979 e ingressar por concurso público na Petrobras, quando cheguei na Bahia para ficar. Em Novembro de1988, exercia uma função gerencial na Petrobras, quando acontece a primeira greve após o fim da ditadura. Fui o único gerente a impedir que trabalhadores em greve fossem retaliados. Como punição a Petrobras me retira da carreira no petróleo, transferindo para a área de proteção ambiental. Em 1991, denunciei publicamente num Congresso Internacional a falta de vontade política da Petrobras na Bahia com as questões ambientais. Há uma tentativa de me demitir que é inviabilizada por manifestações de solidariedade dos trabalhadores.
Em 1992 fui eleito coordenador do Sindicato dos Petroleiros da Bahia, rompendo um paradigma por ser o primeiro dirigente de nível superior no movimento sindical dos petroleiros. Exerci dois mandatos sindicais entre 1992 e 1995, época muito difícil para os trabalhadores (governos Collor e FHC) quando foi realizada a maior greve da Petrobras, que terminou com o exército invadindo refinarias, muitos demitidos e intervenção do TST nos sindicatos. Apesar de tudo isso foi neste período que conseguimos unificar os dois sindicatos da categoria (Sindipetro e Stiep). Este período representou em minha vida uma verdadeira faculdade intensiva de formação política.
Em 1996 fui eleito vereador pelo PT em Salvador com 4.543 votos, em 1998, deputado estadual com 15.898 votos. Em 2002, deputado federal com 75.000 votos, sendo reeleito em 2006. Em 2005, na crise do mensalão, fiz críticas públicas aos erros de alguns dirigentes do PT e realizei uma grande plenária com centenas de companheiros de todo o Estado. Depois de mais de cinco horas de debate em que defendi com veemência a minha saída, a maioria (55%) decidiu democraticamente que eu deveria permanecer no PT. Tal acontecimento foi amplamente noticiado em rádios, jornais e blogs.
Em setembro de 2009, fui punido com um ano de suspensão pelo PT por lutar em defesa da vida e não abrir mão da liberdade de expressão. Filiei-me ao Partido Verde junto com Marina Silva. Em 2010 disputei as eleições ao Governo do Estado da Bahia. Apesar da falta de estrutura e muitas dificuldades internas, obtive 115 mil votos em Salvador (9%). Um excelente resultado quando comparado com os 10% do ex-ministro Geddel (PMDB) ou com os 14% do ex-governador Paulo Souto (DEM).
Em janeiro de 2011, junto com um grupo de companheiros decidi sair do Partido Verde pela ausência de democracia interna e por não desejarem construir uma alternativa de poder ao PT no Estado da Bahia.
Tenho uma posição pública sobre a legalização do aborto, baseada em princípios filosóficos, éticos e espirituais. Nunca desejei que o partido pensasse como eu, mas sim que respeitasse minha liberdade de pensar, falar e agir. Nesta questão não existe para mim qualquer dificuldade em respeitar a posição do partido, diferenciando da posição pessoal.
No segundo turno das eleições presidenciais declarei meu voto em Serra, pelas seguintes razões:
1) Como a questão do aborto foi decisiva e por conhecer a opinião de Dilma, considerei gravíssimo um candidato mentir para o povo, principalmente à presidência do país, para ganhar uma eleição. Ela mentiu explicitamente negando todo seu passado e suas posições públicas sobre o assunto.
2) Seria muito cômodo para mim fazer como Marina Silva e declarar uma posição de neutralidade. Acredito que para quem aceitou jogar o jogo democrático das eleições em dois turnos não tem mais o direito de se omitir. Havia duas alternativas apenas para o Brasil Dilma e o PT ou Serra e o PSDB. As duas ruins, mas naquele momento entendia Serra como o mal menor pois a eleição de Dilma consolidaria um projeto de poder do PT por pelo menos 20 anos (tempo de uma ditadura) (tempo de sobra para acabar de fazer a cooptação de todos os movimentos sociais). E em minha opinião, hoje PT e PSDB são equivalentes na teoria e na prática política, formando um centrão de direita conservadora e corrupta.
Encerro este documento, manifestando muita alegria e esperança pelo convite feito por alguns dirigentes do Psol para a minha filiação, pois estou seguro que este partido fundado por dissidentes ideologicamente coerentes do PT, é o único caminho viável à esquerda para gradativamente se transformar numa alternativa concreta de poder neste Brasil. Um poder exercido com ética e fundamentado em valores socialistas e libertários, valores tão caros e desprezados por todos os partidos que conquistaram o poder na República Brasileira, com destaque para o PT que nasceu e cresceu com este objetivo.
Acredito que aos 54 anos de idade e 23 anos de militância política, posso contribuir me unindo aos companheiros e companheiras do Psol, dando o melhor de mim para juntos realizarmos o sonho de justiça social e liberdade. Sinto e percebo os sinais no horizonte que não tardará para que este sonho se transforme em realidade na vida de todas as pessoas. Só depende de nós, da nossa coragem, do nosso desprendimento, da nossa perseverança em vivenciar os ideais que nos movem em direção ao bem comum.
Saudações,
Salvador, 13 de março de 2011
Luiz Bassuma
Fonte: Ronaldo Santos
Um comentário:
Êles teem tudo a ver...
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