...Ou: Greta Garbo acabou na Cinelândia!"
Por Reinaldo Azevedo
Tudo o mais constante, sem uma intervenção armada da Otan na Líbia - o que a Turquia não aceita - ou dos Estados Unidos (é a torcida de Nicolas Sarkozy e David Cameron…), o tirano Muamar Kadafi vencerá os rebeldes em Benghazi também. Está na cara que as impotências ocidentais estavam operando com informações furadas. Até agora, qual é o saldo, para os Estados Unidos - e, não adianta chiar, para o Ocidente - da atuação de Barack Obama diante da chamada "revolta árabe"?
Se Kadafi fica no poder, o líder antes "integrado" aos esforços americanos no combate ao terrorismo jihadista volta à condição de bandido apto a fazer o que lhe der na telha. Qualquer que seja o governo "democrático" do Egito, ele será necessariamente mais antiamericano e mais antiocidental do que o de Hosni Mubarak. Países antes considerados aliados inabaláveis, como a Arábia Saudita, passaram a desconfiar da lealdade americana, daí a decisão de enviar tropas ao Bahrein - onde o Irã estimula o levante xiita - sem nem mesmo consultar os EUA.
Os antiamericanos de sempre se tornaram ainda mais virulentos, e os aliados estratégicos estão todos ressabiados. Obama e Hillary Clinton conseguiram, em dois meses, o que o extremismo islâmico está tentando há pelo menos duas décadas: colocar a esmagadora maioria da população árabe, independentemente de suas convicções políticas ou religiosas, contra os EUA. Agora, alguns detestam o país porque ameaça intervir em tudo; outros o detestam porque não intervém. É um colosso!
Alguns bobocas, não sei se analfabetos morais ou funcionais, me acusam de estar vibrando com o avanço de Kadafi e de ter sido sempre irônico com a "revolução" egípcia. Era só o que faltava! Não é isso, não! É que nunca considerei que se trava nesses países uma luta do bem contra o mal ou, se quiserem, da democracia contra a ditadura. Infelizmente, há outros interesses cruzados aí.
Qualquer pessoa razoável, que entenda as relações internacionais como um jogo objetivo de interesses orientado por alguns princípios morais, compreendeu, desde o princípio, que não cabia a Obama jogar seus aliados ao mar ao primeiro barulho na praça. Teria de forçar, sim, seus parceiros rumo a reformas democratizantes, mas sem sacrificá-los. E já seria uma aposta um tanto arriscada, mas defensável estratégica e moralmente.
A pura e simples puxada de tapete, com recados permanentes enviados aos governos acossados como se os EUA fossem bedéis do mundo, parecia funcionar. Havia um encanto juvenil com a "Primavera Árabe". Até que apareceu pela frente um doidivanas sem limites como Kadafi. O mundo fingiu que não viu o "golpe de estado democrático" que resolveu a crise no Egito. Apostava que um outro "golpe de estado democrático" poria pra correr o beduíno facinoroso. Pois é. Não veio. No mínimo, as impotências ocidentais estão numa situação estranha: se não pegaram Kadafi quando ele parecia sitiado em Trípoli, vão fazê-lo agora, quando está às portas de Benghazi e da "vitória"?
Obama protagoniza no Oriente Médio um desastre político sem precedentes. Chineses e russos devem se divertir à pampa. Não há nada que eles possam fazer contra a hegemonia dos EUA que o presidente americano não faça bem melhor e com mais eficiência. Greta Garbo acabou na Cinelândia!
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Se Kadafi fica no poder, o líder antes "integrado" aos esforços americanos no combate ao terrorismo jihadista volta à condição de bandido apto a fazer o que lhe der na telha. Qualquer que seja o governo "democrático" do Egito, ele será necessariamente mais antiamericano e mais antiocidental do que o de Hosni Mubarak. Países antes considerados aliados inabaláveis, como a Arábia Saudita, passaram a desconfiar da lealdade americana, daí a decisão de enviar tropas ao Bahrein - onde o Irã estimula o levante xiita - sem nem mesmo consultar os EUA.
Os antiamericanos de sempre se tornaram ainda mais virulentos, e os aliados estratégicos estão todos ressabiados. Obama e Hillary Clinton conseguiram, em dois meses, o que o extremismo islâmico está tentando há pelo menos duas décadas: colocar a esmagadora maioria da população árabe, independentemente de suas convicções políticas ou religiosas, contra os EUA. Agora, alguns detestam o país porque ameaça intervir em tudo; outros o detestam porque não intervém. É um colosso!
Alguns bobocas, não sei se analfabetos morais ou funcionais, me acusam de estar vibrando com o avanço de Kadafi e de ter sido sempre irônico com a "revolução" egípcia. Era só o que faltava! Não é isso, não! É que nunca considerei que se trava nesses países uma luta do bem contra o mal ou, se quiserem, da democracia contra a ditadura. Infelizmente, há outros interesses cruzados aí.
Qualquer pessoa razoável, que entenda as relações internacionais como um jogo objetivo de interesses orientado por alguns princípios morais, compreendeu, desde o princípio, que não cabia a Obama jogar seus aliados ao mar ao primeiro barulho na praça. Teria de forçar, sim, seus parceiros rumo a reformas democratizantes, mas sem sacrificá-los. E já seria uma aposta um tanto arriscada, mas defensável estratégica e moralmente.
A pura e simples puxada de tapete, com recados permanentes enviados aos governos acossados como se os EUA fossem bedéis do mundo, parecia funcionar. Havia um encanto juvenil com a "Primavera Árabe". Até que apareceu pela frente um doidivanas sem limites como Kadafi. O mundo fingiu que não viu o "golpe de estado democrático" que resolveu a crise no Egito. Apostava que um outro "golpe de estado democrático" poria pra correr o beduíno facinoroso. Pois é. Não veio. No mínimo, as impotências ocidentais estão numa situação estranha: se não pegaram Kadafi quando ele parecia sitiado em Trípoli, vão fazê-lo agora, quando está às portas de Benghazi e da "vitória"?
Obama protagoniza no Oriente Médio um desastre político sem precedentes. Chineses e russos devem se divertir à pampa. Não há nada que eles possam fazer contra a hegemonia dos EUA que o presidente americano não faça bem melhor e com mais eficiência. Greta Garbo acabou na Cinelândia!
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Um comentário:
Dimas, foi só o petralhão dizer que o que acontece na Líbia é bom prá democracia, que os rebeldes começaram a perder terreno, a perder prá Kadafi. Deviam ter pedido ao pé frio brasileiro prá não se meter.
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