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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

"Quem vem nu volta vestido"

Por Hugo Navarro

O pai da história, Heródoto, lamentou que dentre as penas humanas a mais dolorosa é a de prever muitas coisas e nada poder fazer. Poderia o historiador asseverar, vivesse hoje, que a realidade ultrapassa as previsões com tal força, que a ficção científica já se apresenta com ares saudosistas. Nada mais causa o espanto e a curiosidade provocados por Buck Rogers e Flash Gordon no planeta Mongo, os primeiros astronautas da ficção popular, e as aventuras, no campo científico, do dr. Frankenstein, a famosa criação de Mary Shelley.
As novidades do progresso, as conquistas humanas, por mais mirabolantes são recebidas e assimiladas com tanta naturalidade, que dão a impressão de que o mundo se considera não apenas merecedor, mas credor de todas as conquistas que vem adicionando à sua rotina. Cada vez mais complexas, irresistíveis objetos de desejo destinados a entupir o planeta de perigoso lixo industrial, as novidades diariamente se vão atropelando, fazendo surgir maravilhas e forte apelo comercial que comprometem orçamentos e sufocam a humanidade que já sente dificuldades em encontrar espaços para respirar e sobreviver.
A indústria do automóvel, por exemplo, está quase a inviabilizar a existência humana nas grandes cidades. A invenção do motor de combustão interna, atribuída a Karl Benz, facilitou o surgimento de veículos cada vez mais atraentes e rápidos, que se espalharam no mundo com a ajuda de Henry Ford, criador da fabricação em série, e provocou intenso desenvolvimento da indústria petrolífera e de outras áreas, como a da pavimentação de ruas e estradas, fazendo surgir as megacidades, sonhos dos construtores, grandes empresas e enormes fortunas, frutos da exploração do petróleo, dos veículos motorizados e de toda a fabulosa gama de produtos e serviços ligados ao transporte automotivo, que reúnem, nos dias atuais, considerável parte da população do mundo. O petróleo, a partir de sua descoberta, no Lobato, tem servido à luta partidária. Ultimamente, deu forte ajuda à campanha da eleição da atual presidente da República.
De todas as grandes conquistas da humanidade, poucas, como a do motor a explosão e a invenção da imprensa têm mais de cem anos. O uso da energia atômica, antibióticos, computadores, transplantes de órgãos, facilidades de comunicação e viagens espaciais são mais novas. O progresso mirabolante, que nos envolve, em diversos setores, é fenômeno principalmente do pós-guerra. Conta pouco mais de meio século de existência. Neste contexto vertiginoso não podemos deixar de incluir a nossa Feira de Santana, que em pouco mais de cinquenta anos deixou de ser bisonha cidade sertaneja para alçar voos jamais imaginados, a ponto de estar a se preparar – segundo o noticiário – para servir de sub-sede da Copa do Mundo de 2014, o que pressupõe a conquista de aeroporto, hotéis cinco-estrelas (um só não dá), centro de convenções para abrigar central de jornalismo nacional e internacional, CTs com gramados de treinamento construídos conforme as regras da Fifa, modernização da BR-324 além de solução de nossos problemas de trânsito urbano e de outros ligados à saúde e à segurança pública.
Longe estamos da cidade descrita pelo repentista João Afonso: "Esta Feira é terra santa, / vera funda dos quebrado, / quem vem nu volta vestido, / de pés no chão vai calçado, / foi esta a mãe da pobreza, / no tempo dos flagelado./ Gabemos desta maneira / e todos preste atenção / home ou mulhé de Feira, /ambos têm bom coração, / este é um lugar de paz, / que só deseja união".
A participação de Feira de Santana nos eventos da Copa de Mundo de 2014 obriga-nos a confessar, parafraseando Machado de Assis: o que julgamos ser simples ilha na verdade é um continente.
Extraído do jornal "Folha do Norte", edição desta sexta-feira, 11

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