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terça-feira, 21 de setembro de 2010

"Silogismo eleitoral"

Por César Maia
1. “Aurélio” ensina que silogismo é a “dedução formal em que, postas duas premissas, delas se tira uma terceira, a conclusão”. O escandaloso caso da ministra Erenice é uma dessas premissas. E não há necessidade de detalhá-lo aqui: o noticiário é farto. A segunda premissa é o fato que Erenice foi, por muitos anos, auxiliar pessoal e direta da ministra Dilma, chegando à vice-ministra que, no Brasil, se conhece como secretária executiva do ministério. Por essa relação de total confiança, Dilma elevou Erenice à condição de ministra quando se desincompatibilizou para concorrer às eleições presidenciais. Partindo-se dessas duas premissas, deve-se ir à dedução formal, que será a conclusão.
2. Uma hipótese é que a ministra Dilma - pela proximidade com Erenice - teria responsabilidades pessoais e comuns no caso. Ou seja, que daria aval e encobriria as operações familiares. Quem conhece a ministra Dilma Rousseff sabe de sua correção pessoal e que, portanto, essa hipótese deve ser abandonada. Então, cabe apenas uma segunda hipótese. A ministra Dilma Rousseff não tem capacidade administrativa para desenvolver um sistema de controle, nem sobre seu entorno próximo. Sabe-se que dois atributos preliminares se exigem dos executivos: construir equipe e desenvolver um sistema de controle que o permita ter informações para decidir.
3. Os fatos mostram que Dilma não soube formar sua equipe, nem mesmo a equipe de seu entorno direto. Os fatos mostram, também, que Dilma não soube desenvolver um sistema de controle, nem sobre seu gabinete, nem sobre sua principal assessoria. A dedução formal que se tira das duas premissas, descartada a hipótese ética, é que a ministra Dilma não acumulou a experiência e o conhecimento administrativos que a propaganda oficial e sua postura e imagem sublinhavam nas aparições nos meios de comunicação.
4. Sendo assim, não resta outra hipótese que concluir que era falsa a imagem de uma executiva competente. Sua ascensão se deu duas vezes por contingências. A primeira foi a proximidade do ex-governador Olívio Dutra, que a teve como secretária de Minas e Energia do Rio Grande do Sul, função nem tão importante naquele Estado. A segunda foi o mensalão, com o afastamento de seu antecessor, ministro José Dirceu. O presidente Lula precisava de uma decisão rápida para substituí-lo. A imagem de durona da ministra e a condição feminina que, para o imaginário político, inibe as críticas, veio como solução. Faltou lembrar que em seu ministério já haviam ocorrido problemas graves em Furnas e em outros pontos do sistema Eletrobrás, aliás, simultâneos ao mensalão e identificados naquele momento. Ficam as dúvidas sobre a propalada capacidade administrativa.
Fonte: "Ex-Blog do César Maia"

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