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sábado, 21 de agosto de 2010

"Se entrega, Corisco!” Eu não me entrego, não!

Por Reinaldo Azevedo
Pesquisa Datafolha realizada ontem e publicada na Folha deste sábado aponta a candidata do PT, Dilma Rousseff, com 47% das intenções de voto. No levantamento feito entre os dias 9 e 12, ela estava com 41%. Serra passou de 33% para 30%. Marina oscilou de 10% para 9%. A petista teria 54% dos votos válidos e seria eleita no primeiro turno. Foram feitas 2.727 entrevistas. É a primeira pesquisa realizada depois do início do horário eleitoral gratuito. Os seis pontos que ela teria ganhado e os três que ele teria perdido podem ser atribuídos às características do programa de cada um? É claro que essas coisas contam. Mas o nome do “milagre”, todo mundo sabe, é Lula - com programa bom ou ruim. Quem não sabia que ela era a “muié” do “hômi ” ficou sabendo. E agora? Agora nada! A campanha eleitoral continua. E não creio que vá mudar de tom antes ao menos de uma nova rodada de pesquisas.
Os petralhas resolveram que são Antônio das Mortes, o matador de aluguel de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, e que eu sou o Corisco. Vocês se lembram da musiquinha?
Se entrega, Corisco!
Eu não me entrego não
Eu não sou passarinho pra viver lá na prisão
Se entrega, Corisco!
Eu não me entrego não
Não me entrego ao tenente
Não me entrego ao capitão
Eu me entrego só na morte
De parabelo na mão
Se entrega, Corisco!
Eu não me entrego, não!
Eu não me entrego, não!

Eu não me entrego, não!
Pois é, não me entrego, não! Não me entrego exatamente a quê? A várias coisas. Em primeiro lugar, uma eleição está ganha quando está ganha. Sei que é boçal, mas retrata o momento à altura. Em segundo lugar, mas não menos importante, não abrirei mão de continuar a fazer a crítica àquela que é a mais despolitizada, vigarista e mistificadora campanha eleitoral da história republicana. E pouco me importa se ela “funciona”. Há um monte de coisas que não prestam e que “funcionam”. Em terceiro lugar, em 2006, neste exato ponto, Lula vencia a eleição com 56% dos votos válidos - tinha 49% contra 25% de Alckmin. Um dia antes do pleito, a diferença, segundo o Datafolha, era de 12 pontos. De fato, foi inferior a 7%, e houve segundo turno. Sim, relevo que o governo era considerado bom ou ótimo por 52%; agora são 77%. Mas o candidato era o “hômi”, não a “muié” dele.
Reconheço que a situação do tucano é dificílima? Sim, Corisco tem senso de realidade, só não tem vocação para bater bumbo e dar a coisa como resolvida. Até porque não estou disputando um lugar privilegiado no coração das eventuais “fontes” do governo Dilma. Quando as fontes não querem falar comigo, falo com Maquiavel. E chego ao mesmo lugar - e antes. Como cheguei ao caracterizar este estado de coisas. Não dou a menor pelota! Não direi o “já ganhou” enquanto não ganhar. A propósito: por que é tão importante que eu me entregue? O campo de prisioneiros voluntários já está abarrotado, não?
Tem de mudar?
A campanha de Serra tem de mudar? Olhem, não dá para o PSDB viver oito anos em 50 dias, fazendo, nesse período, a oposição que faltou antes. Isso ficará para análises futuras, ganhe o partido a eleição ou não. Mudar radicalmente o tom, agora, poderia conduzir uma situação muito difícil a um desastre.
Isso não quer dizer que ajustes não devam ser feitos. Jingle falando de Lula ou a exibição muito breve da imagem do presidente são, parece-me, irrelevantes eleitoralmente e ainda sugerem falta de rumo - assim é lido na imprensa ao menos, e é a versão que acaba se espalhando. Acho uma desnecessidade. Mas, sinceramente, não creio que nada disso tenha qualquer relação com esses números - a espelharem eles a vontade do eleitorado, claro. Atenção para uma coisa importante.
Até outro dia, os próprios petistas e seus amigos na imprensa afirmavam: “A oposição não tem discurso; não propõe nada”. Na televisão, quem mais “propôs” até agora foi Serra. Na verdade, foi o único a falar de problemas específicos e a sugerir soluções. O programa petista fez aquilo que vimos.
Talvez eu surpreenda a alguns com o que vou afirmar: acho que SERRA ESTÁ PROPONDO COISAS ATÉ DEMAIS. Precisa é conversar com o eleitor. Convocá-lo mesmo a refletir sobre suas escolhas. Há certamente um modo televisavamente correto de fazê-lo. Não estou sugerindo aquela bobajada de “mais emoção”, não. Eu estou falando é de mais “razão” mesmo. Está faltando um pouco de “metacampanha”. Eu não acho que Serra deixou claro, não do modo necessário, por que ele é diferente dela. Não é só o currículo. Não é só a experiência administrativa.
Sei que ele não disputa a eleição com Dilma. Sei que ele não disputa a eleição com o Lula que existe. Ele disputa a eleição com essa tentativa de mito. É preciso uma resposta mais ousada do que o “já fiz tudo isso” e “vou fazer mais isso tudo”.
Os aliados
Os aliados têm de aparecer. Onde houver um tucano achando que é melhor assegurar eventualmente a sua posição regional porque a sorte está selada, trago uma notícia: não é tucano, mas jumento. Se houver democrata fazendo a mesma coisa, idem. Caso Dilma vença , não haverá folga nem mesmo para um redesenho partidário porque o PMDB se encarregará de fulminar qualquer tentativa de uma mudança real. A candidata petista acenou até com uma constituinte exclusiva para tratar do assunto. Perfeito! Venezuela, Bolívia e Equador já seguiram esse caminho… Quem, na oposição, “lucra” com a eventual derrota de Serra?
Não! Ainda não acabou. Mas é preciso mudar.
Só pra encerrar
“Eu me entrego só na morte
De parabelo na mão”
Fonter: "Blog Reinaldo Azevedo"

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