Por Siegmar Metzner
Cresci no tempo da velha ditadura, era um adolescente na época em que nomes como: tupamaro, Fidel e Che eram proibidos até de mencionar.
Sabia que algumas coisas estavam acontecendo, sabia que os filmes aos quais assistia eram cortados, podia perceber isso, alguns filmes ficavam até sem sentido em algumas falas.
Mas sobrevivi. Nesta época, meus pais batalharam muito e conseguiram comprar sua tão sonhada casinha, sem precisar entrar em filas de ''minha casa, minha vida'', muito menos precisarm sair por aí, se dizendo ''sem terra'' ou outros adjetivos.
Pagaram meus estudos, meus e da minha irmã, nunca nos faltou alimento na mesa, apesar de ter sim existido algumas dificuldades.
Fui um adolescente meio rebelde, fumei meus baseados escondido e quando fui descoberto, me internaram no Hospital Psiquiátrico do Bom Retiro. Conheci naquele lugar um cara muito louco chamado Austregésilo Bueno Carrano que naquela época, estava começando a escrever seu fomoso livro, "O Canto dos Malditos", que todos deste blog devem conhecer, pois depois virou o
famoso filme ''Bicho de Sete Cabeças".
Tudo isto é verdade e pode ser confirmado no livro de registros do hospital. Mas isso não vem ao caso.
O que quero dizer e para não fazer um relato interminável, é que naquela época, apesar de tudo, vivíamos seguros e tranquilos.
Coisa que hoje, infelizmente, não podemos mais.
Trancas nas portas, cadeados no portão e nas janelas, medo e insegurança. Ao chegar em casa, preciso antes estar atento se nada estranho está rondando minha casa, para só então estacionar e abrir o meu portão.
Empréstimos bancários naquela época existiam apenas para poucos.
Hoje, andando no centro da cidade, voce é praticamente induzido e ameaçado para entrar nestas arapucas.
Agiotagem, dava cadeia, hoje virou ''benefício do governo'' descontado em olerites e por ai vai.
Lembro que naquela época, uma noite, eu voltava para casa, já era de madrugada. Eu estava carregando um daqueles pequenos toca-discos portáteis, comuns na época, estava voltando da casa de amigos e peguei o último onibus.
Próximo de casa fui abordado por um carro da polícia.
Pediram meus documentos, perguntaram onde eu morava e porque estava na rua de madrugada com um toca discos.
Após lhes dizer o porque, e lhes dizer onde morava, a duas quadras de onde estávamos, me acompanharam até em casa, onde precisei acordar meu pai, com o qual quiseram falar e precisei apresentar a nota fiscal do aparelho.
Gente, eu em nenhum momento senti medo deles. Hoje, eu confesso que iria me borrar na hora.
E isto era época de ditadura, começo dos anos setenta.
A moralidade o respeito existiam, hoje não mais existem.
Naquela época eu precisava estudar e era reprovado quando não estudava. Meus pais me cobravam isso e a gente fazia o melhor.
Atualmente, estudar para que, se nem o presidente estudou e nem gosta de ler?
Eu devorava livros naquela época, meus amigos devoravam, e como disse, fumávamos uns algumas vezes.
Hoje, salas de aula vazias, os jovens se encontram em rodinhas para fumar uns craks da vida, estudar é merda, ler mais ainda e não são reprovados por que se forem, papai e mamãe irão ao colégio dar uma bronca no professor, isto quando eles mesmos não resolvem quebrar a cara do sujeito.
É nisso que o meu país se transformou e agora, tenho medo de viver nele a cada dia mais.
Tenho medo das autoridades e não consigo sentir respeito pelas mesmas. Os exemplos que estão dando, me desculpem, viraram piada pura. Impunidade, impunidade e impunidade, virou piada.
Nosso povo se acostumou com a roubalheira, contanto que também tirem uma lasquinha, tudo bem.
A figura de um presidente com cara de ignorante, bêbado com cara de safado, falando ''merda'' e dizendo que era pobre de maré, maré, encanta milhares de analfabetos que vêem em Lula seu próprio reflexo e se sentem orgulhosos.
Os bancários e grandes empresários vêem nele uma oportunidade, vamos subornar e assim poderemos lucrar, pobre, que nunca trabalhou um dia sequer na vida, quando repentinamente é mimado, acaba baixando as calças para estes sujeitos.
E é isto o que esta acontecendo em meu país.
Uma cambada da classe mais baixo possível assumiu o poder, recebeu subornos de tudo quanto é lado, dinheiro o suficiente e garantias que a própria Justiça também será passiva e pronto.
Nasceu Brasil do medo, da insegurança e da impunidade.
P.S.: A quem interessar possa, o drama pelo qual o personagem do filme "O Bicho de Sete Cabeças" passou foi uma incrivel farsa e mentira. O verdadeiro drama, que não foi mostrado no filme, mas o qual eu pude testemunhar realmente, foi o drama e a vida perdida das pessoas internadas nestes locais, algumas até hoje. Pude entra e me tornar útil, ajudei algumas pessoas naquele lugar a se sentirem amadas e respeitadas, nosso personagem apenas se preocupou com sua própria revolta em não poder continuar fumando seus baseados numa boa.
Cresci no tempo da velha ditadura, era um adolescente na época em que nomes como: tupamaro, Fidel e Che eram proibidos até de mencionar.
Sabia que algumas coisas estavam acontecendo, sabia que os filmes aos quais assistia eram cortados, podia perceber isso, alguns filmes ficavam até sem sentido em algumas falas.
Mas sobrevivi. Nesta época, meus pais batalharam muito e conseguiram comprar sua tão sonhada casinha, sem precisar entrar em filas de ''minha casa, minha vida'', muito menos precisarm sair por aí, se dizendo ''sem terra'' ou outros adjetivos.
Pagaram meus estudos, meus e da minha irmã, nunca nos faltou alimento na mesa, apesar de ter sim existido algumas dificuldades.
Fui um adolescente meio rebelde, fumei meus baseados escondido e quando fui descoberto, me internaram no Hospital Psiquiátrico do Bom Retiro. Conheci naquele lugar um cara muito louco chamado Austregésilo Bueno Carrano que naquela época, estava começando a escrever seu fomoso livro, "O Canto dos Malditos", que todos deste blog devem conhecer, pois depois virou o
famoso filme ''Bicho de Sete Cabeças".
Tudo isto é verdade e pode ser confirmado no livro de registros do hospital. Mas isso não vem ao caso.
O que quero dizer e para não fazer um relato interminável, é que naquela época, apesar de tudo, vivíamos seguros e tranquilos.
Coisa que hoje, infelizmente, não podemos mais.
Trancas nas portas, cadeados no portão e nas janelas, medo e insegurança. Ao chegar em casa, preciso antes estar atento se nada estranho está rondando minha casa, para só então estacionar e abrir o meu portão.
Empréstimos bancários naquela época existiam apenas para poucos.
Hoje, andando no centro da cidade, voce é praticamente induzido e ameaçado para entrar nestas arapucas.
Agiotagem, dava cadeia, hoje virou ''benefício do governo'' descontado em olerites e por ai vai.
Lembro que naquela época, uma noite, eu voltava para casa, já era de madrugada. Eu estava carregando um daqueles pequenos toca-discos portáteis, comuns na época, estava voltando da casa de amigos e peguei o último onibus.
Próximo de casa fui abordado por um carro da polícia.
Pediram meus documentos, perguntaram onde eu morava e porque estava na rua de madrugada com um toca discos.
Após lhes dizer o porque, e lhes dizer onde morava, a duas quadras de onde estávamos, me acompanharam até em casa, onde precisei acordar meu pai, com o qual quiseram falar e precisei apresentar a nota fiscal do aparelho.
Gente, eu em nenhum momento senti medo deles. Hoje, eu confesso que iria me borrar na hora.
E isto era época de ditadura, começo dos anos setenta.
A moralidade o respeito existiam, hoje não mais existem.
Naquela época eu precisava estudar e era reprovado quando não estudava. Meus pais me cobravam isso e a gente fazia o melhor.
Atualmente, estudar para que, se nem o presidente estudou e nem gosta de ler?
Eu devorava livros naquela época, meus amigos devoravam, e como disse, fumávamos uns algumas vezes.
Hoje, salas de aula vazias, os jovens se encontram em rodinhas para fumar uns craks da vida, estudar é merda, ler mais ainda e não são reprovados por que se forem, papai e mamãe irão ao colégio dar uma bronca no professor, isto quando eles mesmos não resolvem quebrar a cara do sujeito.
É nisso que o meu país se transformou e agora, tenho medo de viver nele a cada dia mais.
Tenho medo das autoridades e não consigo sentir respeito pelas mesmas. Os exemplos que estão dando, me desculpem, viraram piada pura. Impunidade, impunidade e impunidade, virou piada.
Nosso povo se acostumou com a roubalheira, contanto que também tirem uma lasquinha, tudo bem.
A figura de um presidente com cara de ignorante, bêbado com cara de safado, falando ''merda'' e dizendo que era pobre de maré, maré, encanta milhares de analfabetos que vêem em Lula seu próprio reflexo e se sentem orgulhosos.
Os bancários e grandes empresários vêem nele uma oportunidade, vamos subornar e assim poderemos lucrar, pobre, que nunca trabalhou um dia sequer na vida, quando repentinamente é mimado, acaba baixando as calças para estes sujeitos.
E é isto o que esta acontecendo em meu país.
Uma cambada da classe mais baixo possível assumiu o poder, recebeu subornos de tudo quanto é lado, dinheiro o suficiente e garantias que a própria Justiça também será passiva e pronto.
Nasceu Brasil do medo, da insegurança e da impunidade.
P.S.: A quem interessar possa, o drama pelo qual o personagem do filme "O Bicho de Sete Cabeças" passou foi uma incrivel farsa e mentira. O verdadeiro drama, que não foi mostrado no filme, mas o qual eu pude testemunhar realmente, foi o drama e a vida perdida das pessoas internadas nestes locais, algumas até hoje. Pude entra e me tornar útil, ajudei algumas pessoas naquele lugar a se sentirem amadas e respeitadas, nosso personagem apenas se preocupou com sua própria revolta em não poder continuar fumando seus baseados numa boa.
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