Por César Maia
1. Por onde se circula - capitais, municípios metropolitanos e interiores - não se consegue ver nenhuma iniciativa das campanhas presidenciais. A exceção se dá quando um candidato se apresenta - fisicamente - num local. E apenas por aquelas duas horas. E é essa a avaliação por todo o país. E que não se culpe a imprensa, pois essa tem feito força para animar a campanha, excedendo-se na divulgação de propostas e de conflitos.
2. Falta experiência eleitoral à candidata do governo, é verdade. Mas sobra no da oposição. E quando se pensava que a alternativa ambiental viria com alguma "verdade inconveniente", o que se vê é um bom comportamento que beira a uma espécie de 'saudades do governo'. O debate da Band foi apenas a apoteose da falta de brilho e de consistência.
3. As candidaturas favoritas fazem suas campanhas como se a instância presidencial estivesse completamente separada da política regional. Nem informação - reclamam as "bases" de ambos os lados - se tem. Isso, num país continental, em que por mais que os candidatos andem, não chegarão - diretamente - a 0,5% dos eleitores. E, por isso mesmo, precisam mobilizar suas "bases" para que estas deem capilaridade à campanha. A animação que se tentou com as Farc sequer passou pelo crivo de uma pesquisa que diria que as Farc não existem no imaginário do eleitor médio. Quem existe é Chávez.
4. Essa letargia pode até interessar a candidatura do governo, mas a sensação que se tem é que ocorre menos por estratégia que por falta de talento. E a oposição vive enjaulada numa tentativa de explicar ações do atual governo pelas ações do governo anterior. Só que, as ações do governo anterior - quando percebidas positivamente - se referem há 12 anos. Ou seja, quem tem hoje 25 anos, tinha na época 13 anos, e quem tinha 70 anos, tem hoje 82. O que passa é que vai tudo bem e, se vai bem, para que mudar, comentava uma dona de casa num município do interior do Estado do Rio, semana passada.
5. O debate na Band foi a expressão desse quadro. Se os atores tivessem recebido um script para representar uma campanha insípida e inodora, não poderiam ter se saído melhor. O destaque foi nostálgico: como eram animados os anos 50, poderia se dizer do candidato da poli-oposição, que ainda ironizou os demais, batizando-os, num 'revival' de Brizola. E 'coerentemente' se debateu o tema saúde em torno dos mutirões de cirurgia - ou seja - daquilo que não foi feito pela rede e se tenta corrigir depois.
6. Lembre-se que, faltando 50 dias para as eleições, o eleitor já começa a transformar sua intenção inicial de voto em decisão final. Quem usa a audiência do debate como justificativa para torná-lo inócuo, se esquece da cobertura da imprensa, que por três dias abriu todos os espaços -escritos, ouvidos e vistos - para tratar do tema. A audiência pós-debate foi, assim, muito grande. E já veio com as conclusões: foi um não debate.
7. Agora, todos se concentram nos programas e comerciais na TV como se a criatividade dos publicitários pudesse transformar a realidade e produzir o milagre de mudar os produtos pela substituição da embalagem. A pré-campanha, como dizia Paul Lazarsfeld nos anos 40, é o momento da fotografia (de seu tempo), impregnando a imagem no celulóide. E a campanha é a revelação dessa imagem impregnada. Se não há pré-campanha, dizia ele, não há campanha.
8. Se os presidenciáveis pensam que a campanha é na TV, como não houve pré-campanha, a atenção estará voltada para as pesquisas, com cada um torcendo por elas, como se pudessem ser o retrato do que não fizeram. E se popularidade do presidente fosse a pedra de toque, o presidente do Chile hoje não seria Piñera e Churchill não teria perdido a eleição três meses depois de terminada a segunda guerra.
Fonte: "Ex-Blog do César Maia"
2. Falta experiência eleitoral à candidata do governo, é verdade. Mas sobra no da oposição. E quando se pensava que a alternativa ambiental viria com alguma "verdade inconveniente", o que se vê é um bom comportamento que beira a uma espécie de 'saudades do governo'. O debate da Band foi apenas a apoteose da falta de brilho e de consistência.
3. As candidaturas favoritas fazem suas campanhas como se a instância presidencial estivesse completamente separada da política regional. Nem informação - reclamam as "bases" de ambos os lados - se tem. Isso, num país continental, em que por mais que os candidatos andem, não chegarão - diretamente - a 0,5% dos eleitores. E, por isso mesmo, precisam mobilizar suas "bases" para que estas deem capilaridade à campanha. A animação que se tentou com as Farc sequer passou pelo crivo de uma pesquisa que diria que as Farc não existem no imaginário do eleitor médio. Quem existe é Chávez.
4. Essa letargia pode até interessar a candidatura do governo, mas a sensação que se tem é que ocorre menos por estratégia que por falta de talento. E a oposição vive enjaulada numa tentativa de explicar ações do atual governo pelas ações do governo anterior. Só que, as ações do governo anterior - quando percebidas positivamente - se referem há 12 anos. Ou seja, quem tem hoje 25 anos, tinha na época 13 anos, e quem tinha 70 anos, tem hoje 82. O que passa é que vai tudo bem e, se vai bem, para que mudar, comentava uma dona de casa num município do interior do Estado do Rio, semana passada.
5. O debate na Band foi a expressão desse quadro. Se os atores tivessem recebido um script para representar uma campanha insípida e inodora, não poderiam ter se saído melhor. O destaque foi nostálgico: como eram animados os anos 50, poderia se dizer do candidato da poli-oposição, que ainda ironizou os demais, batizando-os, num 'revival' de Brizola. E 'coerentemente' se debateu o tema saúde em torno dos mutirões de cirurgia - ou seja - daquilo que não foi feito pela rede e se tenta corrigir depois.
6. Lembre-se que, faltando 50 dias para as eleições, o eleitor já começa a transformar sua intenção inicial de voto em decisão final. Quem usa a audiência do debate como justificativa para torná-lo inócuo, se esquece da cobertura da imprensa, que por três dias abriu todos os espaços -escritos, ouvidos e vistos - para tratar do tema. A audiência pós-debate foi, assim, muito grande. E já veio com as conclusões: foi um não debate.
7. Agora, todos se concentram nos programas e comerciais na TV como se a criatividade dos publicitários pudesse transformar a realidade e produzir o milagre de mudar os produtos pela substituição da embalagem. A pré-campanha, como dizia Paul Lazarsfeld nos anos 40, é o momento da fotografia (de seu tempo), impregnando a imagem no celulóide. E a campanha é a revelação dessa imagem impregnada. Se não há pré-campanha, dizia ele, não há campanha.
8. Se os presidenciáveis pensam que a campanha é na TV, como não houve pré-campanha, a atenção estará voltada para as pesquisas, com cada um torcendo por elas, como se pudessem ser o retrato do que não fizeram. E se popularidade do presidente fosse a pedra de toque, o presidente do Chile hoje não seria Piñera e Churchill não teria perdido a eleição três meses depois de terminada a segunda guerra.
Fonte: "Ex-Blog do César Maia"
2 comentários:
Olhe, eu já tinha pensado nisto. O petralhão, espertamente começou a campanha dêle, digo da Dilma, a mais de ano e agora, já tem os seus eleitores catequisados, com a lavagem cerebral(todos os dias falando da paternidade dos pobres, durante o ano inteiro), deixando pouco espaço para os seus opositores, inclusive porque usou a máquina administrativa e o poder prá chegar até os brasileiros mais rápido e mais fácil, através de políticas assistencialistas e muita conversa fiada. Bastante desigual!
Cesar Maia tem toda a razão nesse comentário que fez. Nem parece que já é permitido fazer campanha. Adesivos e outdoors em sua maioria são de deputados estaduais, que sequer mencionam outros candidatos.
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