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domingo, 1 de novembro de 2009

Comemorando a condição de mulher




1. Flávia Rocha, oradora entre as 30 homenageadas
2. Flávia Rocha com seu marido, pastor Gilberto Ruy
Fotos: Divulgação
Na noite de quinta-feira, 29 de outubro, 30 mulheres receberam o Troféu "M de Mulher" na 11ª edição do evento, realizado no salão de festas e auditório do Sest/Senat. Primeiro evento do gênero no Brasil, promovido por Paulo Norberto, o “M de Mulher” busca em sua concepção mostrar "a mulher guerreira e vitoriosa, enquanto profissional atuante em diversas áreas, sem perder a ternura e feminilidade". A premiação é um reconhecimento aos destaques, isentos de credo religioso, condição financeira ou cor.
Entre as homenageadas, a primeira-dama Graça Pimenta, diretora de Gestão da Rede Própria da Secretaria de Saúde Gilbert Lucas, diretora do Departamento de Ensino da Secretaria de Educação Lélia Vitor Fernandes, jornalista Madalena de Jesus e administradora de empresas Eliana Mara Rocha Costa, funcionária da Câmara Municipal, além da professora da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) Flávia Rocha, a quem coube ser a oradora, fazendo a saudação de agradecimento.
Eis suas palavras na íntegra:
Gostaria de cumprimentar com um afetuoso abraço a todos as mulheres que estão hoje aqui e a todos os demais convidados. Neste momento, entendo que todas nós somos uma única mulher. Que o nosso gênero, em suas particularidades e riquezas, é que hoje está sendo homenageado. E por hoje, por podermos comemorar a nossa condição de mulher, peço a cada uma de vocês que aplauda a mulher ao seu lado.
Gostaria de cumprimentar a produção deste evento na pessoa do Paulo Norberto, idealizador desta iniciativa tão importante para as mulheres de Feira de Santana. Acredito que falo em nome de todas quando ofereço meus mais sinceros agradecimentos e peço os aplausos de todas as mulheres aqui presentes.
Este momento em que nos reunimos para celebrar a nossa condição feminina é também o momento de trazermos à memória o legado de nossas mães, que nos ensinaram alguns dos segredos do viver e nos transmitiram a herança da feminilidade. A elas, biológicas ou do coração, nosso reconhecimento por nos ensinarem sobre o ser mulher, mesmo quando éramos apenas meninas.
Também seria o momento de nos lembrarmos de nossas irmãs, de sangue e de alma, que cotidianamente nos ensinam a solidariedade dos pequenos e dos grandes gestos.
Devemos o que somos hoje, e me refiro tanto às homenageadas como as que nos prestigiam nessa noite, a tantas outras mulheres, que nos ajudaram a construir nossa caminhada. Devemos muito:
· às professoras que, ao longo da vida, nos mostraram a força de sua dedicação e paciência.
· às profissionais de saúde que nos confortaram e orientaram em horas de tensão e adoecimento.
· às nossas amigas, sempre disponíveis para nos apoiar na hora da dúvida e da tristeza.
· às que já não estão mais conosco, por que já cumpriram sua missão de mulher nesta terra.
· às que erraram, para que nós pudéssemos acertar.
· às nossas avós, símbolos de trabalho e de dedicação à família,
· às companheiras que não conhecemos, mas que numa fila de banco ou no consultório médico, são capazes de se solidarizar com nosso cansaço e nossas dores diárias.
· às que realizam a secreta tarefa de orar por nós, sem que saibamos.
· às que nos encorajam quando estamos desanimadas
· às que se tornam nossas companheiras de luta, na limpeza e cuidado de nossas casas.
É por esta construção conjunta, que este evento celebra a atuação de mulheres que renovam em nós o orgulho de ser mulher. Estão aqui hoje representadas,
Aquelas que, na área da saúde, ajudam a curar os doentes do corpo e da alma,
As que, dedicadas à educação, ensinam nossos filhos a serem melhores pessoas e melhores estudantes,
As que, estando no meio político, são capazes de nos inspirar confiança.
As que lutam pelos direitos civis, aplicando sua inteligência pela causa da justiça.
As que trabalham em profissões não reconhecidamente femininas, enfrentando o preconceito em postos de gasolina, na polícia, nos bombeiros, no volante de um táxi.
Aquelas cujas mãos anônimas e rudes, plantam e colhem nos campos os alimentos de nossa família.
Aquelas que nunca estarão aqui neste lugar tão bonito, que não possuem maquiagem ou vestidos, mas que silenciosamente cumprem sua missão, em lugares isolados, mas que certamente, e tanto quanto vocês, ocupam um lugar especial na vida dos que as cercam,
A todas vocês, que estão aqui hoje, por marcarem sua atuação na vida da comunidade feirense, com o brilho da autenticidade, da qualidade, e do compromisso: O meu respeito e a minha admiração.
Com relação à minha indicação a este prêmio, devo dizer que o fato muito me surpreendeu. Considero que, como mulher, cumpro com dificuldade e com muitas imperfeições os diversos papéis e tarefas que me cabem. Talvez algumas de vocês compartilhem desse sentimento. Consigo ouvir, no entanto, em meio ao barulho e à agitação do dia a dia, algo que me diz que, mesmo incompleta, tenho avançado em minha maior tarefa: a de trazer, para a vida neste mundo complexo e cada vez mais difícil, três pessoas de bem: meus filhos.
Mas desejo ainda falar de uma mulher que nasceu em outras paragens e que não conheceu a alegria de ter sua própria família. Não se casou, e não consta que tivesse tido qualquer namorado ou companheiro. No entanto, suas palavras influenciaram a vida de muitos e também a minha, apesar de nunca tê-la encontrado, pois faleceu na década em que nasci.
Gostaria de falar sobre a americana Helen Keller, que aos dois anos de idade, como seqüela de uma doença, ficou completamente surda e cega. Durante muito tempo foi criada quase que como um animalzinho. Seus pais não sabiam o que fazer e as enfermeiras e professoras se sucediam sem conseguir qualquer desenvolvimento com Helen.
Mas um dia, uma moça recém formada, também com problemas de visão, chegou para ocupar o difícil posto. Ela sabia o que era estar isolada do mundo. Havia chegado de uma escola para cegos e julgava-se preparada para seu próximo desafio.
Anne Sullivan aceitou a tarefa e depois de longos 11 meses de trabalho, Helen, apesar de não ouvir absolutamente nada, havia aprendido a identificar algumas palavras pelo toque dos sinais em sua mão. As coisas passaram a ter nomes e significados. Pedia água e comida e entendia o que era o calor do fogão, e o frio da água da fonte no quintal. Helen tinha quase 8 anos e começou a ser alfabetizada.
Para que pudesse estudar, Anne dedicou sua vida a ajudar Helen a entender o mundo através dos livros e de suas conversas. Não havia outros meios, a não ser o alfabeto Braille e a conversação no novo método palpar. Helen tocava os lábios e a garganta de sua professora para, pelo movimento e pela vibração, entender as palavras. Não havia televisão, nem computador, nem estudos muito aprofundados sobre a maneira correta de ajudá-la. Anne precisou encontrar meios para descrever o que seria um poema, o céu, a geografia do mundo, os sentimentos, a educação em seu país, conceitos abstratos como o amor e a religião. Anne levou anos construindo conceitos e idéias pelas palavras apalpadas e pelas páginas em Braille.
Adulta, Helen decidiu contar sua história e ajudar outros. Escreveu livros e aprendeu a falar, ainda que imperfeitamente, com a ajuda de novos métodos. Passou a fazer palestras. Lia em três línguas e formou-se em filosofia. Percorreu alguns países em instituições e universidades, levando a causa das pessoas com necessidades especiais. Influenciou as leis do seu país a mudarem. Conheceu presidentes.
Anne, a professora, nunca deixou Helen. Casada, ela e seu marido moraram com Helen durante muitos anos. Como uma pessoa comum, Helen não tinha problemas em ficar sozinha por algum tempo, tirava a mesa, lavava os pratos, arrumava as camas. Contribuía para o serviço da casa como qualquer pessoa. Após a morte de Anne, outra pessoa tomou seu lugar e acompanhou Helen até que esta se fosse. Helen foi capaz de educar, sem ter sido professora. Apesar de limitações extremas, Helen foi capaz de influenciar, de se posicionar, de escolher, de tomar decisões por si mesma.
A vida de Helen durou 88 anos. Ela poderia ter permanecido no espaço confortável de sua casa, mas preferiu enfrentar platéias e estudiosos dos mais diversos campos. Enfrentou perguntas e questionamentos.Visitou muitos países para falar da importância de se educar os cegos e surdos.
Em 1955, quando tinha 73 anos, esteve no Brasil, em três cidades, visitando instituições e hospitais. Foi condecorada com a Ordem do Cruzeiro do Sul, honraria recebida por estrangeiros que se destacam. Mas sua história poderia tê-la levado a um caminho de escuridão. Era apenas uma mulher sozinha, cega e surda, mas foi capaz de grandes coisas.
Com grande esforço, tentava sempre melhorar sua fala, para se fazer compreender nas palestras. Sobre isso, afirmou: “Só parcialmente venci o silêncio. Acho que a minha voz não é agradável, mas revesti suas asas partidas com as cores de meus sonhos, e minha luta por esta voz fortaleceu as fibras do meu ser e aprofundou minha compreensão de todas as ambições frustradas, de todos os esforços humanos".

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