Impossível você comemorar o grandioso clima natalino sem se deparar com estapafúrdias proferidas por alguns mentecaptos a respeito de Jesus Cristo.
Acusações aberradoras limitando o Salvador da humanidade a um reduto ideológico da pior espécie como: socialista, comunista, feminista, anarquista ou seja lá o que for. E sempre usam como respaldo passagens e declarações bíblicas em que eles fazem questão de contorcer a bel prazer.
Cristo não é socialista por
ter dividido o pão e os peixes com os pobres. Isso chama-se caridade privada e
sua iniciativa é individual e voluntária, não algo coercitivo. E apesar da
concepção do socialismo e capitalismo inexistir na época, Cristo de fato seria
socialista se ao invés de dividir o pão e os peixes, declarasse todos esses
bens ao Império Romano através dos impostos e determinasse que as autoridades
políticas fossem responsáveis pela redistribuição coercitiva com parcelas
corroídas diante do que foi declarado.
Ao multiplicar os peixes, Cristo simbolicamente concedeu um vislumbre do que seria a eternidade: ausência de escassez, a plenitude, o fim do conflito econômico concreto entre necessidades humanas e recursos escassos.
Cristo transportou uma pequena amostra para aquele povo do que é a perfeição do paraíso, demonstrando que sua súplica a Deus se transmuta em abundância e providência. Ao multiplicar os peixes, Cristo nos trouxe um pequeno pedacinho da natureza sublime do paraíso.
Não sei se você, socialista,
sabe disso, mas no capitalismo não é proibido a prática caritativa e
filantrópica. Ninguém te impedirá de dividir todas as suas riquezas com os mais
pobres e nem de inaugurar instituições de caridade. Aliás, é justamente nos
países capitalistas mais desenvolvidos que o índice de caridade privada é
maior.
Há estudos que corroboram
que, nos países onde há maior presença do estado assistencialista e paternal, a
caridade privada e voluntária definha e as pessoas tornam-se mais egoístas.
Jesus Cristo, ao mandar o
rico vender tudo e doar aos pobres, não estava determinando isso como uma
obrigação generalizada, mas sim tratava-se de uma avaliação interna para aquela
pessoa que na verdade queria seguir a Cristo não por ímpeto verossímil, mas
apenas pelo prestígio, ainda colocando os bens materiais acima dos interesses
de Deus.
Jesus Cristo defendeu várias
vezes através das parábolas o valor do trabalho meritocrático e o cumprimento
dos contratos laborais e acordos bilaterais, ações humanas essas que só existem
dentro de um mercado operante e livre de direções arbitrárias estatais.
Cristo nunca defendeu campos
de concentração e ditadura do proletariado. Cristo acolheu uma prostituta e
defendeu uma adúltera ao perceber arrependimento fidedigno, deixando claro para
que ela não voltasse a pecar. Cristo não defendeu prostituição, mas a dignidade
de um ser humano pecador arrependido e uma nova chance de seguir uma nova vida.
Os progressistas enfatizam o "atire a primeira pedra quem nunca pecou", mas esquecem o "vá e não peques
mais", em que ele deixa claro sua desaprovação ao pecado e não a sua
conivência, como muitos tentam deturpar. Afirmar que Cristo seria "feminista" por conta disso entraria em contradição ao fato dele instituir autoridade
apostólica só aos homens e não em igualdade com as mulheres, reconhecendo a
diferença de deveres entre homens e mulheres e não a plena igualdade
irracional.
A metáfora do camelo e da
agulha refere-se ao orgulho materialista acima dos interesses divinos, e não
sua reprovação. Cristo não reprovou o acúmulo de riquezas, mas sim o amor às
riquezas acima do amor a Deus e ao próximo, estabelecendo uma escala de
prioridades que o ser humano deveria seguir. Da mesma forma que ele condenou o
amor à riqueza material acima de tudo, foi recepcionado com ouros e outros
artefatos de grande valor no seu nascimento.
Em suma, Jesus Cristo nunca
defendeu o pecado, mas sim o arrependimento eficaz e legítimo de um pecador.
Cristo nunca defendeu que o estado fosse responsável pela tributação animalesca
para aplicar em seguida uma redistribuição arbitrária que aconteceria de uma
forma muito mais eficaz voluntariamente. Cristo nunca defendeu campos de
concentração, ditadura do proletariado, totalitarismo, chacina, holodomor ou
quaisquer ações arbitrárias de um estado socialista onipotente.
Filipe Altamir é escritor formado em Direito, conservador e analista político.
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