No livro "Feira de Santana e o Vale do Jacuípe", do memorialista feirense Gastão Sampaio, 1977, que tem apresentação de Dival Pitombo, espaço dedicado a "filhos ilustres da Feira antiga". No meio de nomes como Filinto Bastos, Godofredo Filho, Arthur Hermenegildo da Silva, Sabino Silva, Genésio Silva, Eurico Alves Boaventura, Arnold Ferreira da Silva, Mário Simões Portugal, Gastão Guimarães, Áureo Filho, Honorato Bonfim, Raimundo Oliveira, Georgina Erismann e Maria Quitéria, além da cantora lírica Celeste de Cerqueira, que já tratamos no Blog Demais, aparece Arthur Hermenegildo da Silva.
Gastão Sampaio
considera que Feira de Santana "conta com considerável bagagem de valores.
Sendo um manancial bastante vasto, nem sempre nos foi permitido conseguir dados
detalhados de todos. Alguns se deslocaram e foram emprestar os seus valores em
longínquas paragens, o que dificultou coletarmos e reagruparmos novas
pesquisas."
Diz mais: "Limitamo-nos
aos nomes que se realçaram outrora, já que nos pareceu impraticável fazer os
levantamentos recentes acerca dos atuais."
Gastão prossegue: "As
informações que passaremos a prestar encontram-se ligadas a vultos que
desfrutaram um conceito já fixado por publicações e títulos, onde revelaram
seus méritos culturais e intelectuais. Em alguns casos, por termos convivido
por mais tempo com alguns de maios projeção, foi-nos permitido analisá-los e comentá-los
sem maiores embargos."
O autor encerra: "Seria
uma lacuna se omitíssimos de Feira essa faceta que, sem dúvida, é das que mais
eleva um povo, uma região e mesmo uma época."
Arthur Hermenegildo da Silva nasceu em Bonfim de Feira,
antigo distrito em Feira de Santana. no dia 1 de dezembro de 1876. Era filho do
fazendeiro coronel Manoel Hermenegildo da Silva e Maria da Purificação Leite da
Silva, como conta Gastão Sampaio.
Mais sobre o perfil biográfico: "Fez o
curso primário em Bonfim de Feira. Tendo demonstrado viva inteligência e
aplicação, recebeu sólida orientação didática do cônego Lobo que o estimulou a
prosseguir os estudos em centros mais adiantados,
Em Salvador ficou internado no
famoso colégio do sábio gramático Carneiro Ribeiro, tendo obtido bom aproveitamento
no curso de humanidades.
Tinha em mira o estudo da
engenharia. Naquela época a Bahia não possuía escolas superiores a não ser de
Medicina e Direito Civil.
Em 10 de abril de 1897
diplomou-se como engenheiro civil pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro.
Regressou à Bahia, e como
primeira função profissional desempenhou o cargo de engenheiro residente da
Estrada de Ferro de Nazaré. Além dos levantamentos técnicos na instalação de
muitas linhas férreas para essa estrada. Ali também marcou a sua passagem ao
proceder o levantamento da planta cadastral da velha cidade de Nazaré, tendo
sido este, no gênero, o primeiro trabalho realizado no Estado da Bahia, o que
serviu de paradigma para outras cidades baianas. A convite do fazendeiro José Bittencourt
fez o estudo do Caraípe, tributário do rio Jaguaripe, trabalho mais tarde
ratificado pelos engenheiros Alexandre Bittencourt e Adolfo Freire de Carvalho,
cujo rio abastece a velha Nazaré das Farinhas.
Foi posteriormente chamado
pelo ministro Miguel Calmon du Pin e Almeida, do Governo de Afonso Pena, para assumir
a função de inspetor do Telégrafo do Estado da Bahia. Dentre outras instalações
telegráficas, executou a de Remanso a Petrolina e a ligação telefônica entre
Feira de Santana e Bonfim de Feira. Em seguida regressou a Salvador onde
assumiu a função de chefe telegráfico do Estado da Bahia.
A convite do Governo Federal,
representou o Brasil na Exposição Nacional da Engenharia, realizada em Milão,
trazendo uma medalha de bronze, prêmio cabido ao nosso País nesse certame em
1911.
Logo depois, em companhia de
Otacílio Nunes de Souza, arrendou através de concorrência pública, a Viação
Baiana de São Francisco. Em época correlata assumia a chefia da
Superintendência Distrital de Valorização da Borracha, também no nosso Estado.
Fez parte da iniciativa de
engenheiros baianos na fundação da Escola Politécnica da Bahia onde assumiu a
cadeira de Materiais e Construção, ocupando igualmente outras cátedras como de
Portos e Rios Navegáveis e Astronomia.
Além dessas atividades
trabalhou em construção civil tendo, entre outros edifícios, construído a
Biblioteca Pública do Estado, na praça Municipal, posteriormente demolida para
a construção de um jardim que ali funciona e o antigo Correio Geral, à rua
Portugal, elevado sobre pilotis de aroeira, já que a técnica de concreto armado
não utilizava na época processos mais modernos.
Exerceu Dr. Hermenegildo o
magistério em vários colégios de Salvador, inclusive no Educandário do Sagrado
Coração de Jesus, conhecido por Perdões.
Arrendatário da Estrade de
Ferro de Santo Amaro não conseguiu realizar este trabalho, pois teve a vida
ceifada prematuramente aos 42 anos de idade.
Estes seus empenhos e realizações ligam o seu nome aos de outros filhos de Feira de Santana, que tanto a dignificaram."
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