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quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

100 anos do epíteto "Princesa do Sertão"


1 e 2. Rui Barbosa (à direita) em visita à Biblioteca Municipal de Feira de Santana
3. Rui Barbosa entre o casal Edite e Fernando José de São Paulo (médico, professor e folclorista, membro da Comissão Baiana de Folclore) e o menino Silvio de São Paulo
Fotos: Maximiano Cecilio Soledade
Fonte: FCRB

Foi na Conferência de Feira de Santana, proferida por Ruy Barbosa, então senador, no Cine-Theatro Santana, depois de ser candidato a presidente da República e perder, quando fez um périplo pela Bahia apoiando o candidato para governador do Estado Paulo Martins Fortes, em 25 de dezembro de 1919, que ele criou o epíteto de Princesa do Sertão para a cidade. 
Logo no início, ele falou: "Se houvesse de dar um nome a esta série de excursões, que, muito a pesar meu, vai acabar, e já quase por momentos, chamar-lhe-ia eu 'a minha viagem ao coração da Bahia'; pois é o coração da terra flagelada o de que, com meus companheiros, viemos todos à busca, nesta romagem pelos sertões e pelo recôncavo, de Vila Nova da Rainha à Feira de Santana, da antiga corte sertaneja à bela princesa do sertão".
Sobre a recepção que teve na cidade, Ruy disse na conferência: "... Realmente extraordinário quadro esse de anteontem, quando, ao cair da tarde, mas talvez ainda mais para o dia que sobre a noite, debaixo da abóbada celeste inteiramente azulada, na planura imensa dos gerais que a cercam, estendendo-se a perder de vista, através de uma atmosfera onde se adivinhava o crepúsculo, que vinha esbatendo-se entre os primeiros vapores vespertinos, a cidade das graças do sertão emergia como que suspensa num sonho de riso, contentamento e harmoniosa ebriedade".
Disse mais, poeticamente, Ruy Babosa sobre Feira de Santana: "Diríeis que um caricioso impulso do chão a levitava suavemente para o ar, que uma atração misteriosa do espaço a chamava subtilmente para o céu, e que, librando-se, transportada, no ambiente, miragem de eflúvios da tarde, abrolhada em pétalas de beleza como a corola grandiflora de uma árvore do firmamento voltada para a terra, a donairosa capital sertaneja vogava numa evocação de luz, magnificência e energia vitórios".
Na sua visita, entre 23 e 26 de dezembro daquele ano, Rui Barbosa esteve na Biblioteca Municipal de Feira de Santana - prédio na esquina da praça João Pedreira com avenida Senhor dos Passos.
Um século  
Assim, Feira de Santana é Princesa do Sertão desde 1919. Também é chamada pelo equivocado diminutivo de Princesinha do Sertão e até pelo pretencioso e desnecessário Rainha do Sertão. Feira também é Princesa do Desenvolvimento, como quer o site SkyCraperCity (www.skycrapercity.com). Tem gente em Juazeiro que considera que Feira de Santana não está no sertão e que Ruy Barbosa nominou a cidade erroneamente de Princesa do Sertão.
Princesa do Sertão foi marca do governo José Ronaldo de Carvalho e nomina várias competições esportivas de natação, motociclismo, rapel e sinuca, bem como Festival de Filarmônicas. Também, com as variantes de Princesa e Princezinha, é nome de fantasia ou não de empresas de autopeças, retífica de motores, comércio de gás, corretora de seguros e concessionária de veículos, fábrica de gelo e sorvetes e empresa de transporte coletivo urbano.
Mas, não é só Feira de Santana que tem o epíteto. Na Bahia, Caetité e Conceição do Coité também têm o mesmo cognome. Em Alagoas, a cidade de Palmeira dos Índios. No Maranhão, as cidades de Carolina, Caxias e Colina têm o epíteto de Princesa do Sertão. Em Sergipe, a cidade de Nossa da Glória. Em Pernambuco, é Serra Talhada. Em Minas Gerais, são duas cidades: Montes Claros e Uberaba. E até em São Paulo tem Princesa do Sertão, a cidade de São José do Rio Preto.

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