Ex-ministro diz em delação que Kadafi, líder líbio morto em 2011, deu 1 milhão de dólares à campanha de Lula em 2002; ação pode levar à cassação do partido
A imagem na capa da revista "Veja" foi captada no
encontro da Cúpula América do Sul-África, que aconteceu na Venezuela em 2009. Lula
era presidente do Brasil pela segunda vez e o ditador Muamar Kadafi ainda
comandaria a Líbia por mais dois anos, antes de ser deposto, capturado e
executado. Não é uma cena protocolar, como se observa no aperto de mão
informal. A fotografia retrata dois líderes que se diziam "irmãos". Durante 42
anos, Kadafi governou a Líbia seguindo o protocolo dos tiranos. Coronel do
Exército, ele liderou um golpe em 1969. No poder, censurou a imprensa, reprimiu
adversários e impôs leis que permitiram punições coletivas, prisão perpétua,
tortura e morte a quem contrariasse o regime. Dinheiro líbio também financiou
grupos terroristas e movimentos políticos em vários cantos do planeta. Entre os
que receberam recursos da ditadura líbia estavam, de acordo com o ex-ministro
Antonio Palocci, o PT e seu líder máximo, o ex-presidente Lula.
A revelação de Palocci está contida
na sua proposta de delação entregue ao Ministério Público. Segundo ele, em 2002
Kadafi enviou secretamente ao Brasil 1 milhão de dólares para financiar a
campanha eleitoral do então candidato Lula. Fundador do PT, ex-prefeito de
Ribeirão Preto, ex-ministro da Fazenda do governo Lula e ex-chefe da Casa Civil
de Dilma Rousseff, Palocci esteve no centro das mais importantes decisões do
partido nas últimas duas décadas. Condenado a doze anos por corrupção passiva e
lavagem de dinheiro, há sete meses ele negocia um acordo de delação premiada.
Em troca de redução de pena, compromete-se a contar detalhes de mais de uma
dezena de crimes dos quais participou. Um dos capítulos da colaboração trata
das relações financeiras entre Lula e o ditador líbio - e tem potencial para
fulminar o partido e o próprio ex-presidente.
Fonte: https://veja.abril.com.br
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