Presidente de sindicato dos exibidores reclama de novo percentual de 52%. Com isso, um grande sucessos recentes dos EUA pode ficar de fora da programação da maioria das salas do Brasil
A animação "Viva: A Vida É uma
Festa" virou um problema na vida dos exibidores de cinema brasileiros. A
Disney, distribuidora do filme, exige 52% da bilheteria do longa, com estreia
marcada para quinta-feira, 4 de janeiro no país. O percentual tradicional é de
50% e, por isso, os donos de salas ameaçam não exibir o filme.
"O material do filme já estava nas salas e agora
no final do mês, pouco antes do recesso, a Disney enviou as condições. Para
nossa surpresa, vinha uma mudança no percentual, sem dar justificativa",
diz ao G1 Paulo Lui,
presidente do Sindicato das Empresas Exibidoras Cinematográficas do Estado de
São Paulo.
"Viva" foi o 15º filme que mais arrecadou
em 2017 nos Estados Unidos, com 175 milhões de dólares de bilheteria. A arrecadação
mundial, até agora, é de R$ 500 milhões (17º lugar no ranking mundial do ano,
mas com vários países além do Brasil a ser lançado, como Reino Unido, Japão,
Coreia do Sul e Argentina).
O filme foi especialmente bem sucedido no México. Com
temas da cultura mexicana, a animação é a maior bilheteria de todos os tempos
no país, com 57 milhões de dólares até
agora.
"No Brasil, a divisão é de 50% há duas décadas,
pelo menos. E ainda aumentaram os custos de 20 anos para cá, com os cinemas
digitais, energia mais cara, quase todos em edifícios comerciais de terceiros,
etc. O aumento quebra o nosso planejamento. 2% pode ser muito, ainda mais no
Brasil, onde o mercado é mais imprevisível e a tributação, alta. Às vezes essa
é a margem de lucro da sala", afirma Paulo.
"As únicas redes que estão confirmadas [para
exibir o filme] são as multinacionais, que têm acordos globais com a
Disney", diz Paulo Lui. Mas cerca de 65% das salas do Brasil ainda são de
exibidoras nacionais.
"A maioria dos exibidores não tem condição de
entrar com o filme", diz o presidente do sindicato. "Se fosse hoje,
não exibiria", diz Paulo Lui, que também é dono da rede de cinema Topázio,
em Indaiatuba (SP). "Mas pode ser que eles se convençam até a semana que
vem."
O G1 procurou a assessoria de imprensa da Disney, mas não
teve resposta até a publicação desta reportagem.
Fonte: G1
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