Em 1975, a dupla Zé Maria e Ideval
Alves realizou, em Super 8, "A Divina Maravilhosa e o Vampiro
Celestial". O filme, marcante - que, inclusive, foi apreendido para exame
pelo Serviço de Censura de Diversões Públicas da Polícia Federal -, vai ser
digitalizado pelo Núcleo de Preservação da Memória Feirense da Fundação Senhor
dos Passos para compor mais um exemplar da coletânea de DVDs "Fragmentos
da Memória de Feira de Santana".
Nesta quarta-feira, Dimas Oliveira recebeu o filme de
Ideval Alves, depois que familiares de Zé Maria, falecido em 4 de janeiro,
entregaram o material.
O filme é estrelado por Raimundo José, Verinha
(Foto na capa de folheto), Chuquinha, Gracinha, Mariamélia, Virgínia e Eliane.
No folheto distribuído no lançamento do filme - mais
de 1975 - em Super 8 realizado em Feira de Santana, Zé Maria disse: "Nada
tenho a declarar, visto ser tudo mentira, tudo figura...".
Por sua vez, o co-autor Ideval considerou: "Nem
tudo que é 'bem' é bem, nem tudo que é 'mal' é mal. Um vampiro pode ser menos
perigoso do que uma fada bondosa, principalmente se ele for celestial. O mal
pode estar dentro do próprio 'bem'. Bom mesmo é estar longe de ambos".
No folheto, Dimas Oliveira, que ajudou na montagem do
filme, escreveu e depois publicou em sua coluna de cinema no jornal "Feira
Hoje", de 8 de maio de 1975:
Em "A
Divina Maravilhosa e o Vampiro Celestial", vemos o progresso de Zé Maria e
Ideval Alves em relação ao primeiro filme, "Coisas do Destino". Se
neste a simplicidade técnica como foi realizado era superada pela exuberância
das cores, do figurino, das personagens, numa transmissão imaginativa de muito
bom gosto, no choque entre a divina e o vampiro vimos que o aperfeiçoamento do
domínio da câmera de Zé Maria, com a produção muito bem cuidada, da realização
de um filme sem a pressa do anterior, influíram para um melhor resultado. Mas
uma correlação entre os dois filmes é observada no que é apresentado na tela.
Em
"Coisas do Destino" há uma personagem catalizadora que seduz os
homens que a cercam e a interferência exercida por uma outra exótica
personagem.
Em "A
Divina Maravilhosa..." há o Vampiro Celestial absorvendo para si o
relacionamento das mulheres, numa atração tão irresistível como fatal,
existindo sempre a interferência da Divina Maravilhosa, bem simbolizada.
As
intenções de Zé Maria mais Ideval ficam naquela de fazer os filmes que
gostariam de ter visto ou sonhado. As incursões sempre nostálgicas que vemos
através da elaboração bem situadas das personagens.
Mais uma
vez montamos um filme da produção do Super 8 local. A cada novo trabalho uma
nova experiência, o maior conhecimento do assunto, num trabalho acurado,
criterioso, que nos dá satisfação de realizar.
Este filme
tem a distribuição do Cinestúdio Super 8. No elenco aparecem, naturalmente, um
astro e algumas estrelas e não um ator e certas atrizes. Eis aí outro fator
determinante das obras de Zé Maria e Ideval. Assim, Raimundo José, Verinha
Chuquinha, Mariamélia, Eliane, Gracinha e Virgínia compõem a constelação
envolvente de "A Divina Maravilhosa e o Vampiro Celestial", um filme
que deve agradar pela beleza de cenários e figurinos, de situações, das
personagens, interligados nos mil e um fotogramas em contínuo e mágico
movimento.
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