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sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Feira de Santana, cidade solar

Artigo de Eduardo Athayde, publicado no "Correio", edição desta sexta-feira, 2:
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, estima que apenas sistemas solares instalados nos telhados das residências brasileiras poderiam gerar o equivalente a 165 gigawatts de energia (no trimestre encerrado em setembro, o consumo nacional de eletricidade alcançou 112.8 gigawatts/h). Eficiência energética limpa, de baixo carbono, foi um dos focos do Acordo de Paris, já globalmente em vigor.
O novo relatório do WWI-Worldwatch Institute sobre cidades sustentáveis revela tendências globais e locais. o Banco Nacional de Abu Dhabi emitiu nota afirmando que a energia solar será a mais barata em 80% dos países dentro dos próximos dois anos. Na Califórnia, as áreas dos telhados residenciais estão sendo arrendadas para instalação de sistemas solares, fornecendo energia sem custos aos proprietários e jogando o excedente na rede de distribuição.
No Brasil, o estudo Potencial da Energia Solar Fotovoltaica de Brasília, realizado pela Universidade de Brasília e a Associação Brasileira de Energia Solar, mostrou que é possível gerar toda a eletricidade demandada no Distrito Federal (área de 5.780 km²) colocando módulos fotovoltaicos em somente 0,41% dessa área. Em um prédio padrão de Brasília, por exemplo, com 6 andares e 8 apartamentos por andar, 1.250 m² de telhado e consumo médio por apartamento de 215 kWh/mês, é necessário apenas 40% da área do telhado para gerar a eletricidade demandada pelos apartamentos.
No projeto Megawatt Solar da Eletrobrás Eletrosul, primeiro prédio público do Brasil com planta solar conectada à rede (capacidade de 1MWp -megawattpico), os módulos solares instalados no telhados geram 1,1 GWh por ano, equivalente ao consumo anual de cerca de 680 residências. 
Em Feira de Santana, com área de 1.363 km², o mapa solarimétrico revelará o valor da radiação como recurso natural comercializável e ajudará a desenvolver políticas públicas robustas para construção de um polo internacional da indústria solar. Como segunda maior cidade da Bahia e a maior cidade do interior das regiões Norte, Nordeste, Centro Oeste e Sul do Brasil, Feira, que tem qualidade de vida superior a 72% dos municípios brasileiros, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), está em área de incentivos fiscais da Sudene e, como cidade líder na aplicação do Acordo de Paris, atrairá inovação, ciência e tecnologia e investimentos nacionais e internacionais, influenciando toda uma região. Em poucos anos, todos os telhados de Feira serão solares.
Com uma população de 622.639 habitantes (IBGE 2016) - maior que oito capitais estaduais brasileiras - e PIB de R$ 10.8 bilhões, Feira tem um alto Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM/ONU - 0,712), é o principal centro urbano, educacional, tecnológico, econômico, imobiliário, industrial, financeiro, comercial e o maior polo logístico do interior do Nordeste. Interessados nos potenciais, cientistas da Universidade de Berkeley, na Califórnia, mediram a radiação, visitaram rios e a barragem de Pedra do Cavalo para analisar o potencial energético das algas, o lixo e o lodo que podem virar adubo, lucrativos econegócios que preservam o ambiente no ciclo da economia criativa.
Reuniões de empresários e a Prefeitura de Feira de Santana, com gestores do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), deram partida a adoção dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e do Pacto Global, da ONU, que ajudarão a abrir portas globais e conectar Feira com municípios inteligentes e sustentáveis. Ativando recursos naturais para gerar riquezas, empregos e desenvolvimento sustentado, Feira está usando inteligência nova para sugar conhecimento e ser uma das novas cidades solares do mundo.
* Eduardo Athayde é diretor do WWI-Worldwatch Institute no Brasil. eduathayde@gmail.com

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