Por Vinicius Sassine e Eduardo
Bresciani, no Globo:
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, também estão relacionados em parecer técnico do Tribunal de Contas da União (TCU) como responsáveis por supostas irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pela Petrobras. A área técnica do tribunal tem pareceres divergentes sobre o tema e a menção não consta do parecer mais recente, assinado pelo supervisor da fiscalização, no qual a responsabilização de conselheiros da estatal é afastada. A presidente Dilma Rousseff é outra ex-conselheira responsabilizada no primeiro relatório e excluída do segundo. Ela presidia o Conselho de Administração na ocasião da compra da refinaria, em 2006. Hoje, Mantega é o presidente do colegiado e Coutinho, um dos conselheiros na ativa.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, também estão relacionados em parecer técnico do Tribunal de Contas da União (TCU) como responsáveis por supostas irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pela Petrobras. A área técnica do tribunal tem pareceres divergentes sobre o tema e a menção não consta do parecer mais recente, assinado pelo supervisor da fiscalização, no qual a responsabilização de conselheiros da estatal é afastada. A presidente Dilma Rousseff é outra ex-conselheira responsabilizada no primeiro relatório e excluída do segundo. Ela presidia o Conselho de Administração na ocasião da compra da refinaria, em 2006. Hoje, Mantega é o presidente do colegiado e Coutinho, um dos conselheiros na ativa.
A inclusão de Mantega e Coutinho entre os
responsáveis foi feita pelo auditor Alberto Henriques de Araújo em 4 de junho.
Ele afirma que a decisão tomada pelo conselho em 2009, referendando a posição
da diretoria de recorrer de decisão arbitral que obrigava a Petrobras a comprar
a parte em poder da sócia Astra Oil, ampliou o prejuízo do negócio. Para o
auditor, a presidente Dilma, o ministro da Fazenda, o presidente do BNDES e
outros cinco conselheiros que participaram dessa decisão devem dar explicações
sobre a suposta prática de "ato de gestão ilegítimo e antieconômico". Segundo
os cálculos apresentados, o prejuízo somente de juros decorrentes do recurso
até o acordo firmado em 2012 totalizaram US$ 93 milhões.
Os nomes da presidente e dos ministros, porém,
foram retirados da lista de responsáveis pelas supostas irregularidades, em
parecer posterior, de 18 de junho, assinado pelo diretor da Secretaria de
Controle Externo (Secex) de Estatais do TCU Bruno Lima Caldeira. A retirada,
porém, não é conclusiva, uma vez que o ministro relator, José Jorge, poderá se
basear nos pareceres anteriores para elaborar seu voto sobre o caso. As
divergências entre os técnicos estendem-se ao montante a ser ressarcido aos
cofres da Petrobras pelo prejuízo total na compra. O valor caiu de US$ 873,1
milhões para US$ 620,1 milhões, caso as alegações dos diretores não sejam
convincentes.
Dilma também tinha a responsabilidade apontada em
outro ponto no parecer inicial. Alberto Henriques sustenta que a presidente e
os conselheiros que participaram da compra da primeira metade em 2006 deveriam
ser ouvidos em audiência para explicar suposto "exercício inadequado do dever
de diligência" por não terem solicitados mais documentos para subsidiar a
decisão.
O diretor responsável pelo processo mudou o
entendimento, em parecer de 18 de junho. Ele não viu culpa de Dilma e dos
conselheiros e retirou o grupo do rol de responsáveis. Dos 23 dirigentes e
conselheiros da Petrobras constantes na lista anterior, restaram apenas nove.
No mesmo dia, o secretário de Controle Externo de Estatais do TCU, Osvaldo
Vicente Perrout, referendou a proposta do diretor. O processo foi aberto pelo
tribunal em fevereiro de 2013 para apurar as circunstâncias da compra, que teve
custo de aquisição superior a US$ 1,25 bilhão.
Os autos estavam na fase técnica, tramitando na
Secex Estatais, que fica no Rio. Agora, caberá ao ministro José Jorge decidir
quais responsáveis convocará para audiências e quais serão citados, para então
elaborar o voto e submetê-lo ao plenário. É o colegiado que decidirá quem será
responsabilizado pelas supostas irregularidades na compra de Pasadena. Não há
previsão de quando isso ocorrerá. José Jorge tem mantido silêncio sobre o
processo.
O parecer de Bruno Caldeira tem 28 páginas e aponta
a necessidade de ressarcimento de US$ 620,1 milhões aos cofres da Petrobras por
conta do negócio malsucedido, caso os diretores responsáveis não apresentem
alegações plausíveis para as irregularidades apontadas. Devem ser citados para
explicar os prejuízos, na sua visão, o ex-presidente da Petrobras José Sergio
Gabrielli, o ex-diretor da Área Internacional Nestor Cerveró, o ex-diretor de
Abastecimento Paulo Roberto Costa, os outros integrantes da Diretoria Executiva
na ocasião da compra, Almir Guilherme Barbassa, Renato de Souza Duque,
Guilherme de Oliveira Estrella e Ildo Luis Sauer, e dois ex-funcionários, Luís
Carlos Moreira da Silva, ex-gerente executivo da Área Internacional
Desenvolvimento de Negócios, e Gustavo Tardin Barbosa, ex-chefe do escritório
financeiro da Petrobras America.
O grupo deve se explicar ou ressarcir a estatal em
US$ 580,4 milhões em razão do "prejuízo causado ao patrimônio da Petrobras em
decorrência da celebração de contratos junto à Astra", a companhia belga que
vendeu a refinaria à empresa brasileira. Os auditores concluíram que a
diretoria desconsiderou o laudo da consultoria especializada Muse & Stancil, que apontava um valor de US$ 186 milhões. A diretoria se comprometeu a
comprar a segunda metade de Pasadena por US$ 766,4 milhões, "resultando
injustificado dano aos cofres da companhia, em desacordo com o princípio da
economicidade e da prudência", concluiu o diretor da Secex do TCU.
Outro prejuízo apontado foi no valor de US$ 39,7
milhões. A área técnica do tribunal pede a citação do então chefe do escritório
financeiro da Petrobras America, subsidiária da Petrobras responsável pelo
negócio no Texas. Ele deve ressarcir o valor ou apresentar explicações por não
ter cobrado da Astra uma quantia prevista em contrato.
Em relação ao conselho, o diretor entendeu que a
responsabilização não é correta devido à omissão no resumo que subsidiou a
decisão das cláusulas que obrigavam a compra da outra metade da refinaria e que
garantiam rentabilidade mínima à sócia. "Em que pese o Conselho ter deliberado
definitivamente sobre a aquisição em fevereiro de 2006, como pontuado pelo
auditor, a decisão foi tomada com base em resumo executivo incompleto,
elaborado pelo diretor da Área Internacional. De fato, o texto do resumo
executivo citado realmente omitiu expressa ou indiretamente menção às cláusulas
marlim e de put option", cita o parecer.
Sem nomes
No parecer que antecedeu o de Bruno Caldeira, Dilma, Mantega, Coutinho e outros conselheiros aparecem no rol de responsáveis investigados pelo TCU, além dos diretores executivos na ocasião da compra. A proposta do auditor federal Alberto Henriques é converter o processo numa tomada de contas especial, para posteriores citações - quando há intenção de ressarcimento aos cofres públicos - e audiências - instrumento usado para apurar uma eventual irregularidade ou má gestão.
(…)
No parecer que antecedeu o de Bruno Caldeira, Dilma, Mantega, Coutinho e outros conselheiros aparecem no rol de responsáveis investigados pelo TCU, além dos diretores executivos na ocasião da compra. A proposta do auditor federal Alberto Henriques é converter o processo numa tomada de contas especial, para posteriores citações - quando há intenção de ressarcimento aos cofres públicos - e audiências - instrumento usado para apurar uma eventual irregularidade ou má gestão.
(…)
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Nenhum comentário:
Postar um comentário