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segunda-feira, 23 de junho de 2014

"O último truque da marquetagem: opor o 'sucesso da Copa' à antevisão dos 'pessimistas'. Ou: Dilma é melhor para estrangeiros do que para brasileiros"



Por Reinaldo Azevedo
É fabuloso. Recebo no blog centenas de comentários por dia - coisa de gente que é paga para molestar os outros na Internet - me cobrando porque eu teria escrito que a Copa do Mundo seria uma catástrofe. É mesmo? Eu? Escrevo neste blog e na Folha de S. Paulo e faço comentários no Jornal da Manhã, na Jovem Pan, onde também tenho um programa diário: "Os Pingos nos Is", que vai ao ar entre 18h e 19h. Está em recesso justamente por causa dos jogos da Copa. Volta ao ar na próxima sexta. Muito bem! Tudo o que escrevo e falo está em arquivo. Tentem encontrar uma só fala ou um só texto meus antevendo o desastre. Não há. Porque nunca achei. Ao contrário: cheguei a alertar que esse negócio de "Não Vai Ter Copa" era coisa de imbecis. Porque, por certo, haveria Copa, e a força do espetáculo se imporia, ainda que com contratempos - que existem.
Cheguei a esculhambar na Jovem Pan uma reportagem da revista alemã 'Der Spiegel', que fez uma reportagem que me pareceu absolutamente equivocada sobre a Copa, sugerindo, ainda que que sem querer, que esse negócio de estádios muito sofisticados não eram compatíveis com a realidade brasileira. Como meus leitores e meus ouvintes estão cansados de saber, jamais me encantaram os protestos de rua, desde junho do ano passado. Boa parte deles abrigou manifestações francamente criminosas, da extrema-esquerda e de grupelhos de radicalóides que estão a precisar é de pais severos que lhes puxem as orelhas e lhes cortem as respectivas mesadas.
Estamos, isto sim, é diante de mais uma jogada dos marqueteiros do poder e de seus braços na imprensa. Agora saem por aí a dizer: "Estão vendo? Os pessimistas estavam errados. A Copa é um sucesso!" É claro que o evento, em si, seria bem-sucedido. Era preciso ser muito abestado para dizer que não. O ponto é outro. Ou: os pontos são outros.
As benfeitorias permanentes que viriam junto com a Copa do Mundo chegaram em proporções muito modestas. Além dos estádios e da privatização dos aeroportos, há pouco a comemorar. Aliás, tanto o torneio de futebol como a Olimpíada serviram, isto sim, para tirar o governo de sua tacanhice ideológica e obrigaram Dilma a privatizar parte do setor aeroportuário, o que ela e o PT se negavam a fazer. Nesse sentido, aquilo que os petistas não fizeram para servir aos brasileiros, viram-se obrigados a fazer para atender aos estrangeiros.
ATENÇÃO! EU ACHO QUE DILMA É UMA PRESIDENTE MELHOR PARA OS ESTRANGEIROS DO QUE PARA OS BRASILEIROS, ENTENDEM? O PT, felizmente, se envergonha diante dos turistas e, infelizmente, não se envergonha diante do povo. Ate outro dia, tínhamos de ouvir a cascata imoral de que havia muita gente reclamando da situação dos aeroportos porque estava incomodada com a presença de pobres.
Não havia como a Copa, em si, ser um fiasco. O que é decepcionante para os poderosos de turno - e bom para o país - agora, sim, é outra coisa: o governo não está conseguindo faturar politicamente com o evento. Afinal, Dilma não consegue discursar num estádio, não é mesmo? Recebe vaias e xingamentos até quando não está presente.
Segundo o planejado, a esta altura, a presidente deveria estar vivendo o momento da apoteose, com a popularidade nas alturas, caminhando para um mero ritual homologatório na eleição de outubro. E isso não vai acontecer. No meio da competição, o PTB, um partido da base, muda-se para o lado do candidato do PSDB, Aécio Neves. O PMDB do Rio, como se viu neste domingo, rachou, para valer, e vai fazer a campanha "Aezão" - isto é, vai apoiar o peemedebista Luiz Fernando Pezão para o Governo do Estado e Aécio para a Presidência. Outras seções do partido não endossarão a candidata petista.
Assim, tudo vai bem com a Copa em si e relativamente bem com o seu entorno. Ruim para o governo é outra coisa: a população aprendeu a distinguir o evento, em si, da questão política. Quando essas duas coisas se misturam, ainda é contra os interesses do Planalto. Dilma deveria estar no auge de sua força. E, por enquanto, ela está perdendo apoio, não ganhando. Com ou sem o sucesso da competição.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"









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