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terça-feira, 20 de maio de 2014

"O padrão Fuleco da Fifa"

Por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
Dona Dilma acha que o turista não está interessado em levar um aeroporto na mala. Ele quer é sorrisos e simpatia.
Lula declara-se espantado com o desejo do torcedor de ter condução fácil para levá-lo aos estádios. Quem gosta de futebol vai a pé e até descalço ver seu time jogar, como ele diz que fez tantas vezes! Ou montado num jegue.
Depois de ler, abismada, as declarações da dupla LuloDilma, e de refletir sobre sua genialidade, uma sirene tocou em meu coração, alertando: vem cá, e a Fifa?
Pois é, e a Fifa? Para ela nada?

A Fifa foi presidida por um brasileiro de 1974 a 1998. Nascido em 1916, o advogado João Havelange lidou com não sei quantos governos brasileiros e como sempre fez parte da elite, com certeza lhe é constrangedor dizer que não conhece os meandros de nossa administração ou alegar que desconhece a qualidade da palavra empenhada pelo Brasil.
Ele não era mais presidente da Fifa em 30 de outubro de 2007, a data fatídica em que o Brasil foi formalmente declarado sede do mundial de 2014. Mas era presidente de honra da entidade, posto que largou em abril de 2013 por motivos nada suíços.
Seu sucessor, Joseph Blatter, foi secretário-geral da Fifa durante muitos anos e custo a crer que nunca tivessem conversado sobre o Brasil e, especialmente, sobre Lula e o PT. Papo quente, até divertido, em volta de uma fondue e com um bom Fendant no copo para brindar as gargalhadas.
O que o fez aceitar que em vez de oito, o Brasil tivesse doze sedes para os jogos? Não viu logo que isso só interessava ao Lula para ampliar o leque de influência do PT? Será que ele não sabia que o Brasil não tem portos, aeroportos, transporte urbano, hospitais, estradas de rodagem (ou ferrovias...), segurança nas ruas, em condições de atender bem à sua população, que dirá ao grande número de torcedores que sempre acompanham os times de seus países?
Não estou querendo livrar a cara do Brasil. Aceitou as exigências da Fifa porque quis e sabendo que aquilo tudo era impossível de cumprir. Aceitou alterar a Lei Seca nos estádios e até chamar nossos estádios de Arenas. Curvou-se porque quis.
Mas estou interessada em que outros países não se deixem levar pelo padrão Fifa de maldade. A Fifa tem entre seus filiados países onde a miséria é dolorosa. Deus permita que seus dirigentes se neguem a sediar Copas do Mundo ou que pelo menos digam não às exigências absurdas da Fifa.
Que digam aos Blatters o que o Lula nos disse: torcedor que é torcedor, vai a pé ou de jegue. O que nos leva a outro detalhe: pode então sentar seu delicado traseiro em qualquer cadeira ou arquibancada, não é? Para que estádios de luxo então?
Que a Fifa se convença, pois, que a única exigência permitida é um bom gramado e vestiários que atendam bem aos jogadores.
O Fuleco, ex-tatu-bola, vai ajudar nisso: a Fifa há de perder seu estranho poder.
Fonte: "Blog do Noblat"

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