O
artista plástico Gil Mário (na foto de Ribeiro Rvd, com Ligia Motta), que completa 40 anos de artes visuais, está expondo "Florestabilidade" na Galeria Jenner Augusto, em Aracaju, Sergipe, desde o dia
6 deste mês e até 7 de junho, com curadoria de Lígia Motta.
No
programa distribuído no vernissage consta o artigo "A Arte do Sertão", assinado
por Dimas Oliveira e Thatiana Miloso, originalmente publicado na revista
"Estilo Damha", edição de agosto e setembro. A revista é editada em
São Paulo e de circulação nacional - 20 mil exemplares auditados - dirigida.
A
Arte do Sertão
Feira
de Santana se rende às linhas e cores de Gil Mário, artista plástico que levou
sua arte às ruas da cidade Caminhar pelas ruas de Feira de Santana (BA) pode
revelar surpresas que vão além das percepções habituais provocadas pelos
grandes centros urbanos. A cidade, que é a maior do interior nordestino em
população, tem tudo o que se espera de um município com pouco mais de meio
milhão de habitantes: arranha-céus, vida noturna agitada, universidades
importantes, indústrias e comércio pujante. Mas a “Princesa do Sertão”, como é
carinhosamente chamada por seus moradores, também surpreende por sua vocação
para a arte, estampada em cores, linhas e formas que embelezam a paisagem do
semiárido baiano. Um dos que contribuem para esse ar vanguardista de Feira de
Santana é Gil Mário, artista plástico nascido em Salvador que há mais de 50
anos se dedica à profissão. Suas telas e esculturas carregadas de manifestações
surrealistas, e famosas por expressarem sua paixão pela flora e fauna do
semiárido nordestino, tornaram-se objetos de desejo dos cidadãos feirenses
aficionados por arte. Mas sua obra não se restringiu às barreiras físicas
comuns da produção artística. Presença garantida em casas, prédios e galerias
da cidade, o trabalho de Gil atingiu uma nova dimensão ao extrapolar os espaços
internos para ganhar as ruas da cidade. Os que circulam pela Avenida Presidente
Dutra sabem bem o que isso significa. Sobre a rotatória da Praça Jackson do
Amaury, na região central de Feira de Santana, um enorme monumento projetado
pelo artista confere umar pós-modernista à paisagem, mesclando o design
futurista da estrutura metálica à opulência do concreto armado. Representando,
respectivamente, a carroceria e a cabine de um caminhão, as duas peças se
integram para formar o "Monumento ao Caminhoneiro", obra construída
em 2007 para homenagear os milhares de motoristas que cruzam as estradas
baianas levando o progresso para o Estado e para o Brasil. A poucos quilômetros
dali, novamente a paisagem semiárida é ofuscada pela arte. Desta vez, uma
escultura em homenagem à poetisa Georgina Erismann salta aos olhos de quem
circula pela Avenida João Durval Carneiro. Na forma de duas asas alçando voo, a
obra expressa a liberdade criativa da célebre poetisa feirense, no momento da
criação do hino de Feira de Santana. A autoria da obra? Gil Mário, que prefere
atribuir à cidade o mérito pela devoção à arte: "Feira de Santana ainda
tem rasgos de memória e retribui aos seus benfeitores, dando exemplo para as
futuras gerações". Palavras humildes, para quem tem talento de sobra.
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