Por Samuel Celestino
Na semana
passada, um fato insólito, raro, raríssimo, despertou a atenção para a situação
financeira que o estado da Bahia atravessa, mergulhado em dificuldades, cujas
razões são incertas, pontuadas de dúvidas. O prefeito da segunda cidade em importância
na Bahia, Feira de Santana, José Ronaldo, recebeu do governo estadual um
estranho pedido: recursos para atender às necessidades do principal hospital da
região, o Clériston de Andrade.
O que
estará acontecendo com o Estado? Talvez o principal governador aliado da
presidente Dilma Rousseff, Jaques Wagner tenha corrido a cuia dos pedintes e
dos necessitados na direção de Ronaldo em razão de não ser atendido pelo
governo federal por algum motivo sério. Ou a Bahia tem dívida demais ou o
governo federal está sem disponibilidade. Ademais, a prefeitura de Feira de
Santana é administrada por um oposicionista, integrante do Democratas, e é o segundo
colégio eleitoral baiano. Ficou, no ar, uma imensa interrogação. José Ronaldo
depositou a sua contribuição na cuia do pedinte, para que não piorasse a
situação da saúde na sua cidade.
Na mesma
semana, houve denúncias e revoltas em Salvador diante da falta de medicação num
dos principais Pronto Socorro da capital. Os internados, para tratamento de
urgência, não dispunham de remédios para atendê-los. A falta é consequencia da
crise que chegou a tal estágio que até medicamentos faltam (o que aliás, não é
anormal) para atender os internados, sem se falar que "internamento", no caso,
é apenas uma forma de dizer, por que as macas, como os doentes e acidentados,
são espalhadas pelos corredores por falta de vagas nos quartos dos hospitais.
Isso não é novidade.
De há
muito que ocorre situações desta ordem, gerando tristes imagens das
dificuldades que tais hospitais enfrentam, por falta de recursos, ou
administrações carentes, senão incompetentes. Mas correto é tomar como
verdadeira a primeira opção, porque se prevalecesse a segunda, o caos estaria
na ausência de uma gestão eficiente no setor da Secretaria da Saúde, que
poderia ou poderá estar interligada a problemas de falta de recursos na
Secretaria da Fazenda do estado.
Há meses
e meses que se tem notícia de que a situação financeira da Bahia é das piores,
mas as últimas informações estavam no plano de a situação tinham melhorado. A
Secretaria da Fazenda tem um corpo de funcionários dos melhores, muitos com
cursos de especialização fora do País. A Fazenda era e é um brinco em
comparação com as demais secretarias, uma montanha delas sem a menor
necessidade. Chega-se ao absurdo de contar-se 32, talvez influência da
administração da presidente Dilma que dispõe de 39 ministérios.
Na semana
passada, aliás, o pré-candidato socialista Eduardo Campos anunciou que se for
eleito irá cortá-los pela metade. Ainda ficarão muitos. O governo federal
atravessa dificuldades, a economia pouco a pouco desaba e o Brasil já não está
mais no patamar dos emergentes que eram cantados em prosa e verso no exterior.
Pouco a pouco, em consequência da crise e talvez da incompetência de gestão, o
País desce a ladeira, mas, mesmo assim, não foi brindado com uma reforma
administrativa porque os ministérios são usados para serem distribuídos com os
partidos políticos que, em compensação, lastream o governo federal apoiando os
interesses do Palácio do Planalto no Congresso. Mesmo que assim seja,
atualmente enfrenta problemas, como é o caso com o PMDB que quer porque quer
mais um ministério nesta reta final do último ano de mandato da presidente,
ameaçando deixá-lo a pão e água.
O PMDB
ameaça dissentir da candidatura de Dilma apresentando candidatos que apoiarão
outros presidenciáveis em diversas unidades federativas. O número deles é
elevado. Mas, pode-se citar, para ficar perto, aqui na Bahia e em Pernambuco, e
um pouco mais longe, no Acre. A situação não parece ser favorável à
presidente que ainda enfrenta problemas delicados na sua administração, que de
certo modo não vai bem, embora ela já esteja, precipitadamente, em plena
campanha eleitoral.
Enfim,
correr a cuia de cego como nas feiras livre para pedir ajuda a prefeitura de
Feira de Santana não é um bom sinal, como de igual modo é péssimo a grita da
população pobre que não conta com remédios adequados nos Prontos Socorros. Há
alguma coisa que extrapola a realidade de uma administração pública, o que leva
a crer que a Bahia atravessa dificuldades. Aliás, isto é fato, porque já foi o
quarto estado em importância da federação, passou para o sexto lugar e agora
está em oitavo. Claro, os baianos enfrentaram problemas seríssimos com a
inclemente seca que se abateu sobre boa parte do território, principalmente o
semiárido. Mas, de maneira geral, o flagelo alcançou todo o Nordeste.
Fonte: Jornal "A Tarde", edição desta terça-feira, 18
Fonte: Jornal "A Tarde", edição desta terça-feira, 18
Nenhum comentário:
Postar um comentário