Por Augusto Nunes
Entre janeiro de 1995 e
dezembro de 2002, o PT oposicionista rejeitou aos berros todos os projetos,
planos, ideias ou pontos de vista originários do governo Fernando Henrique
Cardoso. De janeiro de 2003 em diante, o PT no poder atribuiu todos os
problemas do Brasil à "herança maldita" que o ex-presidente teria depositado no
colo de Lula. Somados os dois períodos, até um andré vargas deduziria que os sacerdotes
da seita se obrigaram a fazer, sempre, exatamente o contrário do que fez, faz
ou fará FHC.
Isso se a companheirada tivesse algum compromisso com a verdade,
a lógica e a coerência. Como não sabe o que é isso, FHC deixa de ser o Grande
Satã e se transforma em escudo, inspiração ou modelo a cada enrascada em que se
mete o governo lulopetista (algo que, neste verão, anda acontecendo duas ou
três vezes por semana). No momento, por exemplo, os milicianos em trânsito
na esgotosfera berram que o BNDES, ao financiar a construção do porto de
Mariel, apenas repetiu o que aconteceu nos tempos de Fernando Henrique.
"Fala do empréstimo que o FHC fez em 2000", acaba de desafiar,
entre um palavrão de cortiço e outro assassinato da gramática, um dos
patrulheiros escalados para vigiar esta coluna. Pois não. É verdade que, há 14
anos, o BNDES liberou U$ 15 milhões para que Cuba importasse do Brasil 125
ônibus Busscar com mecânica Volvo, destinados à "dinamização da atividade
turística e ao transporte urbano". Mas o episódio deveria ser intensamente
divulgada não pelo PT e, sim, pelo PSDB. Ele escancara exemplarmente o abismo
que existe entre acordos comerciais rotineiros e gastanças obscenas tramadas
por comparsas ideológicos.
Para facilitar a exportação dos ônibus, o BNDES da Era FHC
emprestou 15 milhões. O porto de Mariel logo terá tragado 1 bilhão de
dólares. É de 985 milhões de dólares a diferença entre o financiamento de 2000
e a farra financeira que começou em 2008 e não tem prazo para terminar.
Fernando Henrique negociou às claras uma parceria como tantas outras. Dilma e
Lula trataram de promover a segredos de Estado as escandalosas doações que
bancaram a construção do colosso no Caribe.
As revelações do caso Ramona Rodriguez convidam a operações
aritméticas que dispensam a evocação do porto bilionário para destroçcar a
desastrada comparação proposta pelo PT. Basta colocar-se lado a lado os 15
milhões de dólares do financiamento de 2000 e as contas do Mais Médicos. Agora
está provado que, dos 10 mil reais por mês que custa cada cubano anexado ao
programa, 7,6 mil são embolsados pela ditadura comunista. Assim, a partir de
março, quando chegarão a 7.378 os escravos de jaleco importados da
ilha-presídio, o Brasil entregará aos Irmãos Castro, mensalmente, R$
56.220.360. São 23,5 milhões de dólares. Ou 8,5 milhões de dólares a mais
que o empréstimo concedido há 14 anos.
Se tivessem juízo, os patrulheiros do PT deveriam resistir à
tentação de, logo no início de outra confusão no saloon, saírem atirando em
FHC. Sempre acertam a própria testa.
Fonte: "Direto ao Ponto"
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