Por Reinaldo Azevedo
João Paulo Cunha prometia ser o Corisco de "Deus e o Diabo na
Terra do Sol", de Glauber Rocha:
Se entrega, Corisco!
Eu não me entrego não!
Não me entrego ao tenente.
Não me entrego ao capitão.
Eu me entrego só na morte de parabelo na mão.
Se entrega, Corisco!
Eu não me entrego não!
Não me entrego ao tenente.
Não me entrego ao capitão.
Eu me entrego só na morte de parabelo na mão.
Entregou-se. Renunciou ao mandato. Fez o que disse que não faria
de jeito nenhum. O que o fez mudar de ideia? Dois fatores: o comando do PT, que
ordenou que se entregasse, e Henrique Pizzolato.
O partido não quer deputado seu na cadeia em ano eleitoral.
Qualquer solução vindoura era pior do que a renúncia: a) a cassação, a mais
provável; b) e a não cassação. De resto, se Genoino, que é Genoino, renuncia,
por que João Paulo, que é João Paulo, haveria de resistir?
E há o caso Henrique Pizzolato. Este senhor virou uma espécie de
petismo sem máscara. Ao longo desses meses, com a ajuda de setores amigos na
imprensa e até de ministros do Supremo, os petistas vinham forjando a fantasia
dos heróis, não é? Até aquela fanfarronice indigna da arrecadação de dinheiro
pela Internet - pobrezinhos! - tentou ser vendida como ato de resistência.
Mas aí Pizzolato é preso. Com ele, uma soma razoável de dinheiro
vivo — o que nunca é problema para os petistas. Descobre-se que o homem forjava
documentos em nome do irmão morto, Celso, desde 2007, ano em que a denúncia do
mensalão foi aceita. Escafedeu-se. O cinismo era de tal sorte que, em 2008, ele
votou duas vezes: como Celso e como Henrique: com o documento falso e com o
verdadeiro. Planejava a fuga desde 2007.
Aí acabou a graça. Pizzolato veio lembrar a real natureza dos
mensaleiros. Não deu mais para Corisco.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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