A médica cubana Ramona Matos Rodriguez (Foto: Reprodução) buscou
abrigo na terça-feira, 4, no gabinete da liderança do Democratas na Câmara dos
Deputados, em Brasília-DF, depois de abandonar o programa "Mais
Médicos", do Governo Federal. Ramona afirmou que pedirá asilo ao governo
brasileiro.
Ela contou que "fugiu" no sábado, 1º, de Pacajá, no Pará, onde
atuava em um posto de saúde, depois de descobrir que outros médicos
estrangeiros contratados para trabalhar no Brasil ganhavam R$ 10 mil por mês,
enquanto os cubanos recebem, segundo ela, 400 dólares (cerca de R$ 965,00).
Segundo Ramona, outros 600 dólares são depositados em uma conta em Cuba
e liberados aos profissionais depois do término do contrato no Brasil. Ramona
disse que chegou a Brasília no próprio sábado, mas não quis informar o local
onde está.
Ela contou que pediu ajuda ao deputado Ronaldo Caiado (Democratas-GO)
para que pudesse ter a segurança assegurada, mas não explicou como conhece o
parlamentar, um dos mais duros críticos do programa federal.
"Eu penso que fui enganada por Cuba. Não disseram que o Brasil
estaria pagando R$ 10 mil reais pelo serviço dos médicos estrangeiros. Me
informaram que seriam 400 dólares aqui e 600 dólares pagos lá depois que
terminasse o contrato. Eu até achei o salário bom, mas não sabia que o custo de
vida aqui no Brasil seria tão alto", afirmou a cubana.
De acordo com Ramona, o governo cubano também havia informado que os
médicos poderiam trazer familiares para o Brasil, o que, segundo ela, não
ocorreu. "Tem gente tentando trazer os parentes e não conseguem."
A médica relatou ainda que tinha permissão do governo cubano para
visitar outras cidades do Brasil, mas destacou que precisava avisar do
deslocamento a um "supervisor cubano", que fica em Belém.
Ramona afirmou que chegou ao Brasil em dezembro e mostrou a jornalistas
um contrato firmado com a Sociedade Mercantil Cubana Comercializadora de
Serviços Médicos Cubanos, empresa que teria intermediado a vinda da médica ao
país.
No lançamento do programa no ano passado, o governo divulgou que o
acordo com Cuba foi intermediado pela Organização Panamericana de Saúde (Opas),
que receberia R$ 510 milhões por um semestre de serviços, repassando parte do
dinheiro a Havana.
Abrigo na Câmara
A cubana foi apresentada no plenário da
Câmara por Caiado, que relatou a fuga e disse que ela ficaria no gabinete da
liderança do partido até obter o asilo. Segundo o deputado, o advogado do
partido ingressará nesta quarta-feira, 5, com pedido no Ministério da Justiça
para que Ramona possa permanecer em definitivo no Brasil.
"O Democratas se coloca à disposição com estrutura física e
jurídica. Pedimos ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, segurança e
vamos adaptar o gabinete para que ela possa ficar aqui, colocar colchão,
providenciar local para banho", disse.
O deputado ainda garantiu que o gabinete estará aberto para todos os
médicos cubanos que quiserem se "refugiar".
A cubana afirmou que não deixará a Câmara porque teme ser presa. Ela
afirmou ainda estar preocupada com a filha, que mora em Cuba. "Tenho uma
filha que é médica e mora lá. Esse é o grande problema", disse.
Ramona tem 51 anos e atua como médica há 27 anos. Ela afirmou que sua especialidade é clínica médica. O deputado Ronaldo Caiado disse que se a médica não obtiver asilo do governo brasileiro, será presa em Cuba por "desertar" o país.
Ramona tem 51 anos e atua como médica há 27 anos. Ela afirmou que sua especialidade é clínica médica. O deputado Ronaldo Caiado disse que se a médica não obtiver asilo do governo brasileiro, será presa em Cuba por "desertar" o país.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário