Por Reinaldo Azevedo
Ouçam
as vaias no Mané Garrincha dirigidas contra Dilma.
Ouçam os protestos contra a gastança com a Copa do Mundo.
Ouçam o silêncio ruidoso do Apedeuta.
Ouçam os protestos contra a gastança com a Copa do Mundo.
Ouçam o silêncio ruidoso do Apedeuta.
Anotem
aí: é crescente o número de petistas - e de não petistas também - convictos de
que será Lula o candidato do PT à Presidência da República em 2014. Na cúpula
do partido, há quem considere que "o governo de Dilma acabou". Há ocorrências
curiosas em curso - ou nem tanto. Mesmo depois de ter ficado claro que os
protestos estão caindo no colo da presidente - e só por isso ela teve de vir a
público -, aparelhos sindicais solidamente dominados pelo partido estão
estimulando a ida das pessoas às ruas. Desencanto com o petismo? Não!
A VEJA
desta semana traz uma reportagem sobre os funcionários de Gilberto Carvalho que
participaram da organização de um protesto, em Brasília, no sábado passado, dia
da abertura da Copa das Confederações. Dilma, como vocês devem se lembrar,
tomou não uma, mas três vaias estrepitosas no estádio. O malaise já
estava no ar, não é? Tentem responder: por que cargas d'água funcionários da
burocracia petista, subordinados ao homem mais poderoso no partido depois de
Lula, atuariam na organização de um protesto que, caso se generalize, como
ameaça acontecer, atinge o governo em cheio? Notem: a equação "hospitais" X "estádios da Copa" não é verdadeira, mas é verossímil quando se conhecem as
deficiências da saúde.
No
pronunciamento desta sexta, a presidente tentou negar o
óbvio: há, sim, dinheiro público nos eventos esportivos. Estádios que são
verdadeiros elefantes brancos, que permanecerão ociosos depois do grande
acontecimento, foram erguidos para despertar o ufanismo, o clima de "Brasil pra
frente", de "ninguém segura este país". Há uma ameaça real de que acabe
acontecendo o contrário.
Se o
Brasil chega à final da Copa das Confederações, Dilma terá de aparecer no
Maracanã. Seu nome será fatalmente anunciado pelo serviço de alto-falantes.
Segundo o protocolo, vai discursar. Pelo menos 300 mil pessoas foram às ruas na
capital fluminense. Há gente séria falando em mais de 500 mil. O Rio, mais do
que São Paulo, resolveu mostrar a sua insatisfação. Uma vaia monumental
espreita a presidente. A esta altura, há gente torcendo para que a Seleção
Brasileira fique pelo caminho. Seria mais um duro golpe depois da confusão dos
últimos dias.
A
eventual transformação da Copa das Confederações e da Copa do Mundo num peso
seria um desastre para Dilma. E isso está no horizonte. Os subordinados de
Gilberto Carvalho, um lulista fanático, resolveram se meter justamente nessa
área. Certamente não é para fortalecer a presidente como candidata do partido
em 2014.
Biruta
torta
Sei não… Ou a biruta da marquetagem entortou ou está havendo um trabalho deliberado para empurrar Dilma para o abismo, abrindo espaço para o "salvador". Convenham: não é inteligente, em meio a toda essa confusão, abordar o financiamento das obras da Copa ou a forma correta de os brasileiros tratarem os estrangeiros. Ao fazê-lo, num clima de hostilidade que pode ser ainda crescente, a coisa pode ficar com cheiro de provocação. Esse pareceu-me um dos erros elementares cometidos pelos "çábios" ontem.
Sei não… Ou a biruta da marquetagem entortou ou está havendo um trabalho deliberado para empurrar Dilma para o abismo, abrindo espaço para o "salvador". Convenham: não é inteligente, em meio a toda essa confusão, abordar o financiamento das obras da Copa ou a forma correta de os brasileiros tratarem os estrangeiros. Ao fazê-lo, num clima de hostilidade que pode ser ainda crescente, a coisa pode ficar com cheiro de provocação. Esse pareceu-me um dos erros elementares cometidos pelos "çábios" ontem.
Há
outro. Como vimos, os que criticam os estádios monumentais da Copa pedem uma
educação e uma saúde melhores. Para a primeira, Dilma promete 100% dos
royalties do petróleo; para a segunda, "trazer de imediato (sic) milhares de
médicos estrangeiros…" De imediato? Milhares? Sei não… Há o risco de Dilma ter
contratado já uma desfile de homens e mulheres de branco na Paulista. Está
abrindo uma guerra com a categoria. E não em razão de uma reação
corporativista, não. Até onde sei, não faltam médicos no país. Eles estão é mal
distribuídos porque o estado não oferece as condições mínimas necessárias para
que se fixem no interior do país. Também nesse caso, parece ter faltado
sensibilidade. Vem confusão por aí.
O país
não vive o seu melhor momento, mas não houve um agravamento de crise que
justificasse, por si, as manifestações de rua, que degeneraram em violência
como regra, não como exceção. A perplexidade toma
conta do governo, do partido e, sejamos claros, até da oposição. A minha
explicação não coincide com nada que tenha lido. Fica para outro post. O
mal-estar, no entanto, se instalou, e Dilma não parece muito equipada
politicamente para enfrentá-lo.
O PT e
o governo farão uma inflexão à esquerda. Vai adiantar? Não sei. Os mais céticos
são os próprios petistas. Acham que Dilma não aguentará os embates e que é
preciso devolver a bola a Lula. Até porque, nessa hipótese, Eduardo Campos,
governador de Pernambuco (PSB) se retira da disputa. É gigantesco o risco de
que as ruas tragam, sem querer, o Apedeuta de volta à cena.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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