Por Augusto Nunes
O único doutor honoris causa do
mundo que sempre detestou escola e estudo guardou para a festa do 30°
aniversário da CUT a notícia tão confiável quanto uma previsão de Guido
Mantega. "Estou lendo muito agora", disse já no começo do palavrório desta quarta-feira.
A plateia caiu na gargalhada. O palanque ambulante reiterou que o milagre que
se consumara. "Só de livro do Ricardo Kotscho e do Frei Betto já li uns
trezentos", exemplificou. A troca da gargalhada pelo riso respeitoso foi a
senha para a viagem pela estratosfera.
"Estava lendo o livro do
Lincoln", decolou, caprichando na pose de quem decorou a Bíblia ainda no
berçário. Não disse qual. Mas pelo menos descobriu que houve um Lincoln -
Abraham - que foi presidente dos Estados Unidos. É um avanço e tanto. Até
recentemente, Lula achava que Lincoln era marca de cigarro e um tipo de
automóvel. "Fiquei impressionado como a imprensa batia no Lincoln, em 1860,
igualzinho bate em mim", comparou-se o Exterminador do Plural ao vencedor da
Guerra da Secessão. No Brasil da Era da Mediocridade, não há limites para a
bazófia. A lira do delírio encaixa qualquer partitura.
O posseiro do Planalto e o antigo
inquilino da Casa Branca só não são idênticos porque o Lincoln de cordão
carnavalesco é favorecido pelo aparecimento de armas inexistentes nos tempos da
versão de Lula em inglês. "O coitado não tinha computador", descobriu. "Sabe o
que ele fazia para saber de notícias? Ia para o telex, para o telégrafo, ficar
numa sala esperando".
O telex
instalado por Lula na Casa Branca permitiu que Lincoln usasse em 1860 um
aparelho ínventado em 1930. "Nós aqui poderemos xingar um ao outro em tempo
real", completou o animador de comício. Em sete anos e meio, como prova o post
reproduzido na seção Vale Reprise,
ele produziu 19 palavras manuscritas. Mas faz de conta que aprendeu a disparar
desaforos pela Internet.
De 2003 para cá, o ex-presidente
repetiu em incontáveis palavrórios que é o Getúlio Vargas do século 21. A
comparação só faria algum sentido se o novo Pai dos Pobres reprisasse o tiro no
coração. De qualquer forma, um Getúlio agora lhe parece pouco. O maior dos
governantes desde Tomé de Souza é páreo para o estadista que impediu a
fragmentação dos EUA e acabou com a escravidão. Mas não tem chance alguma de
morrer como o colega ianque.
Lincoln foi assassinado enquanto
assistia a uma peça teatral. Lula nem sabe o que é isso. Jamais foi visto na
plateia de algum. Nunca será. Quem acha leitura pior que exercício em esteira
decerto acha teatro mais detestável que três maratonas. Uma atrás da outra.
Fonte: "Direto ao
Ponto"
Um comentário:
Essa criatura bem poderia se calar e nos saforecer com seu silêncio. Imagino como será no ano das eleições em 2014!
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