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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Bom ano 2013



Caro Dimas,
Antes de qualquer coisa peço desculpas pelo tempo gasto para dizer-lhes bom ano de 2013. Sou uma pessoa idiossincrática, ou de um certo temperamento análogo. E de minhas esquisitices, a que mais me pena é essa necessidade de entender e de ter que verbalizar, falar o entendido, preciso poder contar de meu jeito aquilo que penso entender. Se não consigo formular, não consigo entender. Como se "posso sentir apenas o que posso escrever", e não é por compromisso à língua, apenas uma característica. Passei o ano de 2012 remoendo os fatos, também de 2011, 2010 etc. Voltando no "rewind" do "tele-comander" de minha vida, fatos, histórias e estórias que, tonitruantes, me voltavam às suas origens, me impediam prosseguir. Eu não conseguia contar, eu não conseguia falar os fatos. Era como uma vergonha existencial, como se fosse culpado, como se fosse eu o responsável pela vergonha, pela ignomínia.
Foram várias. O julgamento dos "mensaleiros" e a continuidade da realidade brasilis. Desde 1530 esse país dá certo, mas, para as mesmas elites.
Uma coisa que me deixou perplexo: o Prêmio Nobel da Paz para Barack Obama (eu sei que foi em 2009, mas não traduzi ainda) e para a União Européia, por ter-se mantido em paz por sessenta e tantos anos. Realmente o primeiro mundo está pouco se lixando para o mundo real. Que paz é essa, feita ou mantida por Obama, pela União Européia? O mundo foi lindo e próspero após a Segunda Grande Guerra? Nada aconteceu de importante ou desastroso após 1945? A Europa fez algo pela paz? Obama fez algo pela paz? Quantas Áfricas, quantas Ásias, quantas Américas Latinas serão necessárias para que compreendamos o que é paz, o que é ser humano? The answer, my friend... Obrigado Dylan.
É por isso que não conseguia falar. O primeiro do ano é, na tradição judia-cristã, de paz e fraternidade, não de incógnitas. Esperei realmente o fim do mundo para 2012. Não essa bobagem do fim do mundo real. Pobres maias, tão dizimados, tão incompreendidos, tão aproveitados. Mas o fim do mundo arquetípico, esse desejo humano do fim desse "modo-mundo" esse modo de sofrer, de fazer sofrer de escravizar o outro, de impedir de prosseguir seu mundo individual dentro de um mundo coletivo, como essa garota estuprada e morta por seis homens dentro de um ônibus em Nova Delhi na Índia. Jyoti Singh Pandey morre aos 23 anos de idade em 16 de dezembro de 2012, como morre a minha mulher interna, como morrem minhas Marias cotidianas (putas ou santas, mas todas socialmente indigentes) sob as pontes e viadutos de Salvador e como gostaria que morresse, que acabasse em uma profecia Maia esse mundo masculino de até então. Acho que foi por isso que não os escrevi entre Natal e Ano novo.
Que 2013 seja um outro mundo para nós.
Olney São Paulo Filho

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