Por Josias
de Souza
O STF fica aí apontando os crimes dos réus
petistas, mas na verdade eles só merecem pena - comiseração, não pena de cadeia.
Desempenharam um papel desgraçado. Está certo, tinham poder. Tinham muito
poder. Tinham poder demais. E essa foi uma das suas misérias. Porque se não
tivessem poder demais o governo Lula não atingiria seus objetivos. Precisavam
do poder exorbitante para transformar o Brasil. E nem assim despertam a
simpatia do Supremo.
Como
se fosse pouco, os magistrados ainda convertem Rui Falcão, o presidente do PT,
num personagem surreal. Em entrevista a
correspondentes estrangeiros, o companheiro negou, pela enésima vez, que o
dinheiro do mensalão tenha comprado consciências. "Continuamos negando e vamos
mostrar que nunca houve compra de votos." Veja o que faz a insensibilidade do
STF! Falcão diz ter o que "mostrar" e, desnorteado, deixa pra depois.
Falcão disse aos representantes da mídia
internacional que não há "demonstração material" da compra de votos. Claro que
não. Todos aqueles milhões que Delúbio Soares mandou o Marcos Valério liberar,
a grana sacada no Rural, os maços transportados em carro forte, a dinheirama
distribuída em quartos de hotel… Tudo não passou de generosidade de um partido
magnânimo com seus aliados altruistas.
Mas isso não vai ficar assim. Falcão avisou
aos repórteres que o PT vai se posicionar oficialmente depois que terminar o
julgamento. O STF não perde por esperar. A legenda fará uma avaliação
"crítica", promoteu o dirigente. Natural, já que houve uma "tentativa" de
processar a agremiação como um todo num processo em que os réus têm nome,
sobrenome e CPF.
Bem verdade que o PT associa-se aos acusados
quando rasga seu estatuto para impedir que sejam expulsos. Mas, que diabo,
alguém tem que demonstrar compaixão. Se o passado os abandonou, quem melhor do
que os companheiros de partido para guiá-los nos obscuros becos de um mundo
metamorfeado? Os antigos valores faliram, os heróis foram desmascarados,
perderam-se as ilusões, nada era o que parecia. Mas, em meio às mortes de todos
os nortes, sobrevive a solidariedade partidária.
Pode-se acusar Falcão de tudo, inclusive de
ilógico, mas ninguém tem o direito de duvidar de sua compaixão com o sofrimento
alheio. De resto, houve momentos da entrevista em que o companheiro soou
lógico. Avaliava o resultado das eleições quando fez uma referência a Lula. É
um líder forte, reconheceu. Mas sua preponderância "não violenta a democracia"
interna do PT.
"Lula nunca se opôs a uma decisão
partidária", disse Falcão a alturas tantas. Nada mais sensato e verdadeiro. Até
porque seria impossível. Pela boa e simples razão de que o PT não ousa tomar
decisões que contrariem a vontade de Lula.
Fonte: "Blog do Josias"
Um comentário:
Gente ordinária e quem se alia com êles.
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