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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

"Racismo em concurso público"

Por Percival Puggina

O governo gaúcho anunciou a realização de um concurso público para admissão de dez mil professores e informou que 18% dessas vagas constituirão cota reservada a "afrodescendentes".
A melhor maneira de alguém se tornar racionalmente inepto é ser politicamente correto. Incrível como a esquerda, que tanto detesta os Estados Unidos, os ianques, os anglicismos e os americanismos, gosta de macaquear toda tolice que surja por lá! A própria expressão "politicamente correto" (800 mil referências no Google) corresponde à tradução de political correctness (10 milhões de referências no Google), tendo ganho nos Estados Unidos, de tão usada, a abreviatura PC.
A palavra afrodescendente (263 mil referências no Google) é a forma que adquiriu no Brasil outro conceito born in USA – "afro-american" (6,6 milhões de referências). No formato nacional, virou um neologismo ainda mais ridículo, cuja etimologia diverge do significado que lhe foi atribuído. De um lado, porque muito provavelmente todos os humanos são afrodescendentes, originários do mesmo tronco africano. De outro, porque parcela numerosa da população daquele continente é formada por árabes, egípcios e berberes, que têm a pele clara.
Ou seja: afrodescendente não quer dizer coisa alguma. Entender tal vocábulo como significando "negro" é racismo em forma pura, não miscigenada, pois dele se infere que a palavra substituída seja, de algum modo, depreciativa. Não é. Só é para quem for racista.
Que a lei de cotas raciais (arre!) não serve à justiça é coisa que poucos haverão de negar. Numa mesma rua de um mesmo bairro pobre, dois vizinhos, estudantes da mesma escola pública, com os mesmos mal remunerados professores, jogando futebol descalços com a mesma bola de meia prestam exame vestibular e tiram as mesmas notas. Por ser negro um consegue aprovação pela lei de cotas. O outro, por ser branco, não se classifica. Isso é discriminação racial. Não acontece? Acontece até pior.
Escreveu-me outro dia um leitor relatando o caso de um vestibular para disputadíssimo curso. Havia 40 vagas ao todo. O último classificado pelas cotas fora o 142º lugar. O candidato que se classificou em 41º lugar ficou fora. De que modo isso serve à justiça? Ainda se poderia, com um senso bem elástico sobre o que seja justo, tolerar um sistema de cotas para acesso ao ensino superior que ponderasse a condição social num sentido amplo, mas ele envolveria irrealizável trabalho de investigação e classificação.
Pois bem, o governo Tarso Genro reservará 1,8 mil vagas para negros no concurso para o magistério público estadual. Neste caso, não se trata de favorecer a ascensão de um grupo social presumivelmente desfavorecido (tal presunção, tomada pela cor da pele, é realmente presunçosa).
Trata-se de outra coisa porque todos os concorrentes às posições no magistério saíram, com o canudo da mão, pelas mesmas portas escolares e universitárias. A cor da pele, nesse sentido, é tão representativa de suas diferenças quanto o penteado ou o sapato.
Anuncia-se, então, um flagrante privilégio e uma ruptura com o princípio da igualdade de todos perante a lei. Não bastasse isso, a cota racial vai na contramão das promessas do governador Tarso Genro de qualificar o ensino público para que o Rio Grande do Sul recupere as posições perdidas no contexto da educação nacional.
Como alcançar esse objetivo se a porta de entrada para o magistério vai levar em conta a cor da pele e não o desempenho nas provas do concurso de seleção? Vão ser politicamente corretos assim com o futuro deles mesmos e não com o futuro do Rio Grande do Sul!
Transcrito do Blog de Percival Puggina, jornalista e escritor gaúcho
Remetido por Sérgio Oliveira, de Charqueadas-RS

2 comentários:

Mariana disse...

Eu já disse certa vez, que se eu fôsse negra, me sentiria super humilhada e até ofendida com certas atitudes dessa gentalha que tem feito de tudo prá discriminar os negros, embora digam que pretendem o contrário. Nunca vi tanta discriminação, em toda a minha vida!Deem a base boa PRÁ TODOS(negros e brancos pobres) e deixem por conta de cada um, no vestibular.

Sergio Oliveira disse...

CONCURSO PARA O MAGISTÉRIO ESTADUAL NO RIO GRANDE DO SUL
O concurso para a admissão de professores, do Governo do Estado, num total de 10 mil vagas, prevê que 18%, ou seja, 1.800 VAGAS destinar-se-ão à cotistas (afrodescendentes, por exemplo); por quê?
A exigência de formação não é a mesma para todos?
Por exemplo:
5.1. Anos Iniciais do Ensino Fundamental:
- Curso Normal/Magistério de Nível Médio
e/ou de Pós-médio Normal/Magistério
-Diploma de Nível Médio – Curso
Normal ou Certificado de pósmédio
ou Diploma de Curso
Superior em Pedagogia
5.2. Educação Especial - Licenciatura em
Pedagogia com ênfase em Educação
Especial
Diploma de Curso Superior ou
Diploma de Curso Superior em
Educação Especial ou Diploma de
Nível Médio – Normal com
Capacitação mínima de 360horas
em Educação Especial.

No caso do item 5.1: duas pessoas, uma branca e uma afrodescendente, que possuam Diploma de Curso Superior em Pedagogia, não tem a mesma formação? Por que, então, a afrodescendente precisa de cotas? Ela não tem condições de concorrer em igualdade com a de pela branca? Seus conhecimentos não são os mesmos?
No item 5.2: a mesma coisa; se ambas possuem a mesma formação, como por exemplo o Nível Médio – Normal com capacitação mínima de 360 horas em Educação Especial, por que a afrodescendente tem que se beneficiar das cotas?