Entrevista com Toninho Cicatriz: "População armada é população violenta"
"Essa insegurança não pode continuar", diz Toninho
Foto: Reprodução
Nada melhor do que ouvir um especialista no assunto desarmamento: Toninho Cicatriz, autor de 26 homicídios, 68 assaltos e fundador da ONG Amigos da Paz, apóia a garantia dos direitos humanos básicos da bandidagem. "Uma população armada é uma população violenta", diz Toninho, que me concedeu a seguinte entrevista, por telefone celular, de dentro de um presídio de segurança máxima.
Bruno Pontes: O governo já sabe como impedir que transtornados mentais matem crianças: retirando as armas da população ordeira. O senhor concorda com esse ponto de vista?
Toninho Cicatriz: Plenamente, porque é um ponto de vista progressista. A classe bandida aplaude o Sarney e seus amigos petistas. Assim como o José Eduardo Cardozo, nós temos a convicção de que uma população armada é uma população violenta.
Mas o desarmamento não deveria atingir só os criminosos?
Veja o caso do meu chapa Armando Caveira: semana passada ele quase foi morto por um cidadão tresloucado que quis proteger a família e reagiu ao assalto. É um absurdo. O sujeito quase apagou o Caveira. Essa insegurança não pode continuar.
A superarmada Suíça tem índices de criminalidade de fazer inveja à Terra do Nunca e em fevereiro passado disse não ao desarmamento. Como se explica isso?
Não tente me enganar. Tô dando entrevista de bom grado.
Como assim tentar enganar?
As únicas armas que existem na Suíça são os canivetes, e eu também não acredito que os suíços tenham recusado o desarmamento.
Como não? Foi em fevereiro agora. ONGs e partidos de esquerda da Suíça, onde praticamente toda casa tem arma, arranjaram um plebiscito a favor do desarmamento, proposta que foi rejeitada por mais de 60% dos suíços.
Eu não li nada disso no jornal. O que eu tenho lido, e eu concordo inteiramente, é que mais armas significam mais mortes. Este parecer é endossado pelo doutor Rubem César Fernandes, presidente da Viva Rio, uma grande parceira nossa, pelo doutor Luciano Huck e por outros especialistas.
O ministro Luiz Fux, do STF, acha que o governo deveria invadir logo a casa das pessoas e tomar as armas, simples assim.
Olha, vou te falar uma coisa: tô no ramo do crime há quase 30 anos, passei por poucas e boas e sofri muita incompreensão da sociedade, mas eu nunca esperei ver um juiz do Supremo subscrevendo minha filosofia. Dentro e fora do presídio a nossa comunidade vibrou. O doutor Fux está de parabéns!
As pessoas com o cérebro normal pensam diferente: elas acham que a melhor coisa a fazer é tirar as armas dos criminosos e metê-los na cadeia.
Essa tese é tão obscurantista que eu me recuso a comentar.
Fonte: Jornal "O Estado", de Fortaleza-CE
http://brunopontes.blogspot.com/2011/04/entrevista-com-toninho-cicatriz.html"Essa insegurança não pode continuar", diz Toninho
Foto: Reprodução
Nada melhor do que ouvir um especialista no assunto desarmamento: Toninho Cicatriz, autor de 26 homicídios, 68 assaltos e fundador da ONG Amigos da Paz, apóia a garantia dos direitos humanos básicos da bandidagem. "Uma população armada é uma população violenta", diz Toninho, que me concedeu a seguinte entrevista, por telefone celular, de dentro de um presídio de segurança máxima.
Bruno Pontes: O governo já sabe como impedir que transtornados mentais matem crianças: retirando as armas da população ordeira. O senhor concorda com esse ponto de vista?
Toninho Cicatriz: Plenamente, porque é um ponto de vista progressista. A classe bandida aplaude o Sarney e seus amigos petistas. Assim como o José Eduardo Cardozo, nós temos a convicção de que uma população armada é uma população violenta.
Mas o desarmamento não deveria atingir só os criminosos?
Veja o caso do meu chapa Armando Caveira: semana passada ele quase foi morto por um cidadão tresloucado que quis proteger a família e reagiu ao assalto. É um absurdo. O sujeito quase apagou o Caveira. Essa insegurança não pode continuar.
A superarmada Suíça tem índices de criminalidade de fazer inveja à Terra do Nunca e em fevereiro passado disse não ao desarmamento. Como se explica isso?
Não tente me enganar. Tô dando entrevista de bom grado.
Como assim tentar enganar?
As únicas armas que existem na Suíça são os canivetes, e eu também não acredito que os suíços tenham recusado o desarmamento.
Como não? Foi em fevereiro agora. ONGs e partidos de esquerda da Suíça, onde praticamente toda casa tem arma, arranjaram um plebiscito a favor do desarmamento, proposta que foi rejeitada por mais de 60% dos suíços.
Eu não li nada disso no jornal. O que eu tenho lido, e eu concordo inteiramente, é que mais armas significam mais mortes. Este parecer é endossado pelo doutor Rubem César Fernandes, presidente da Viva Rio, uma grande parceira nossa, pelo doutor Luciano Huck e por outros especialistas.
O ministro Luiz Fux, do STF, acha que o governo deveria invadir logo a casa das pessoas e tomar as armas, simples assim.
Olha, vou te falar uma coisa: tô no ramo do crime há quase 30 anos, passei por poucas e boas e sofri muita incompreensão da sociedade, mas eu nunca esperei ver um juiz do Supremo subscrevendo minha filosofia. Dentro e fora do presídio a nossa comunidade vibrou. O doutor Fux está de parabéns!
As pessoas com o cérebro normal pensam diferente: elas acham que a melhor coisa a fazer é tirar as armas dos criminosos e metê-los na cadeia.
Essa tese é tão obscurantista que eu me recuso a comentar.
Fonte: Jornal "O Estado", de Fortaleza-CE
2 comentários:
Quando é que eu pensaria ler uma coisa dessas, Dimas?? É o fim do mundo! Tá explicado o porquê dos políticos que êsse bandido apoia não quererem retirar as armas de seus admiradores, mas só dos cidadãos que atrapalham a vida dos "amigos de fé".
Cada vez melhor, demais, esse blog da Feira. Continue assim!
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