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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Governo corta salário dos professores das universidades estaduais em greve

O Governo do Estado anunciou na quinta-feira, 28, o corte aos salários dos professores da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) e da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), em greve há mais de 20 dias. Os professores da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) não tiveram seus salários cortados, pois aderiram a greve na terça-feira, 26.
A nota divulgada pelo governo afirma que o processo de negociação não foi interrompido. No entanto, na quarta-feira, 20, o governo enviou aos representantes dos professores um e-mail no qual afirmava que a cláusula, que congela os salários até 2014, imposta no momento da assinatura do acordo salarial 2010, e que é uma das principais reivindicações do movimento grevista, não seria retirada e que o acordo salarial só seria assinado após o final da greve.
"Não temos sequer uma reunião oficial marcada com o governo. O que mais desejamos é negociar, mas isso significa encontrar um ponto de equilíbrio na vontade de ambas as partes e não apenas a categoria ter que aceitar a imposição do governo", afirma o coordenador da Associação dos Docentes da Uefs (Adufs), Jucelho Dantas.
Os professores estão reivindicando do governador Jaques Wagner (PT) a retirada da cláusula que impede melhorias salariais pelos próximos quatro anos e a revogação do Decreto 12.583/11 que reduz os gastos públicos no ano de 2011. As negociações entre o governo e os professores pela incorporação da gratificação Condições Especiais de Trabalho (CET) ao salário base duraram mais de um ano. Os professores, demonstrando sua capacidade de negociação, aceitaram o pagamento da incorporação de forma parcelada até 2014. No entanto, no dia da assinatura do acordo o governo surpreendeu a categoria incluindo no documento a cláusula restritiva.
Segundo o professor Jucelho, o que está impedindo a assinatura do acordo não é o parcelamento da incorporação da CET, mas a imposição do governo para que a categoria passe quatro anos sem reivindicar melhorias. "O governo está divulgando a incorporação da CET como se isso significasse uma grande melhora nos nossos salários e não é verdade. A CET significa um aumento de 12 a 18%, a depender da classe em que se encontra o professor, em quatro anos, o que é muito pouco se lembrarmos que as universidades estaduais da Bahia recebem os piores salários do Nordeste. Estados com arrecadações de impostos bem menores pagam bem mais aos professores", completa Jucelho.
Na quinta-feira, os professores das quatro universidades estaduais realizaram uma passeata de protesto saindo do Campo Grande até a praça Castro Alves, em Salvador, com mais de 300 pessoas, para alertar a população para os motivos que levaram a categoria a deflagrar greve. Além dos professores, participaram estudantes e técnico-administrativos, que também estão lutando por melhorias para as universidades, e representantes de outras categorias de servidores públicos denunciando o corte de verbas no orçamento do Estado e da União.
"A greve é nossa forma de mostrar para sociedade que a Universidade está passando por problemas e que precisamos exigir do governo melhorias. Precisamos defender o direito da nossa sociedade de ter uma universidade pública e de qualidade. A educação é o maior patrimônio que nosso povo pode ter e o melhor caminho para transformação da nossa realidade social", finaliza o professor Jucelho.
(Com informações de Carla Matos, da Assessoria de Comunicação Adufs)

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