Por Reinaldo Azevedo
A “vitória” do governo na votação do mínimo era certa. Havia alguma dúvida sobre quão elástica seria. E ela foi gigantesca até numa matéria em que a base aliada deu ao Planalto bem mais do que os votos - entregou também a honra. Já chego lá. O trabalho que as oposições têm pela frente é árduo, especialmente porque a própria imprensa anda bastante hostil à política. Estivessem unidas, já não seria fácil atravessar o deserto; brigando por mesquinharias, então, a tarefa se torna mesmo impossível, e o único adversário que a presidente Dilma Rousseff pode ter pela frente é… Lula, que anda mais assanhado que lambari de sanga e china solteira em festa de casamento. Mas eu o deixo pra lá agora. Vamos ao que importa.
Se algum oposicionista sonhou que poderia vencer a parada, então fez uma avaliação muito errada do momento e da lógica política. Se Dilma se arriscasse a perder a sua primeira votação na Câmara, teria vocação para suicida - e não parece ser bem o caso. R$ 600 ou R$ 560, como já se disse aqui, não havia a menor chance de uma proposta da oposição prosperar. Assim, o valor era de uma irrelevância danada, e a única coisa que fazia sentido era mesmo a defesa da proposta feita pelo presidenciável das oposições no ano passado. Mera questão de coerência.
O governo Dilma não perderia esse embate porque há um déficit de credibilidade no mercado em razão do descontrole das contas públicas. E ele precisa ser sanado. A presidente já não enfrenta a suspeita de que possa dar calote na dívida ou optar por heterodoxias econômicas. Esse era o Lula de 2003. O PT de 2011 tem de provar que sabe ser austero - depois de dois anos enfiando o pé na jaca -, enfrentando, se for o caso, as suas “bases”. Dilma foi persignada ontem com méritos na pia batismal dos tais "mercados". Pronto! Que ninguém ponha em dúvida a sua dureza em matéria de estabilidade econômica. Esse é o recado. O placar elástico das votações reforça a idéia de que ela mantém nas mãos as rédeas. O governo atuou ontem mais de olho na BM&F do que na CUT - até porque o relator da proposta dos R$ 545 era um ex-presidente da… CUT!
Tarefa e ambiente hostil
A tarefa mais importante das oposições ontem era usar o mínimo como "gancho" para a necessária desconstrução do já longo governo petista. Atenção! Quando falo em "necessária desconstrução", refiro-me àquele que é o papel das oposições em todo o mundo democrático: evidenciar as fragilidades do governo e defender alternativas. Não há crime nenhum nisso, não! Ao contrário, trata-se de uma das principais virtudes da democracia. Não era, reitero, para vencer, mas para "ganhar perdendo", fazendo com que o governo "perdesse ganhando". Quando é que a oposição "ganha perdendo"? Quando, derrotada numa votação, tem a causa "mais popular". E o governo perde ganhando quando impõe a sua agenda ao Parlamento, mas nem sempre afinada com as aspirações de amplos setores.
Fizeram-se, sim, críticas contundes à gastança, à incompetência, a algumas incoerências etc, mas era visível o improviso. Terá de ser diferente no futuro. É preciso dizer com mais clareza por que o cobertor acabou ficando, de súbito, tão curto se, até outubro, parecíamos todos abrigados sob o manto protetor de um governo impecável. Esse foi só o primeiro embate no Congresso. Outros virão, e os oposicionistas precisam estar preparados para enfrentar até mesmo a hostilidade de setores da imprensa que hoje satanizam a política.
Empresários, consultores, economistas e até analistas políticos se apresentaram para criticar as propostas das oposições porque contribuiriam, se aprovadas, para o desequilíbrio fiscal. Lamento! O desequilíbrio já é um dado da equação. "Ah, então você quer extremá-lo?" Eu não! Quero que se evidencie no detalhe por que é tão importante para as contas do governo que o aumento real do mínimo seja zero. Aém disso, estou entre aqueles que consideram que a tarefa indeclinável das oposiçõess é mesmo se opor…
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Se algum oposicionista sonhou que poderia vencer a parada, então fez uma avaliação muito errada do momento e da lógica política. Se Dilma se arriscasse a perder a sua primeira votação na Câmara, teria vocação para suicida - e não parece ser bem o caso. R$ 600 ou R$ 560, como já se disse aqui, não havia a menor chance de uma proposta da oposição prosperar. Assim, o valor era de uma irrelevância danada, e a única coisa que fazia sentido era mesmo a defesa da proposta feita pelo presidenciável das oposições no ano passado. Mera questão de coerência.
O governo Dilma não perderia esse embate porque há um déficit de credibilidade no mercado em razão do descontrole das contas públicas. E ele precisa ser sanado. A presidente já não enfrenta a suspeita de que possa dar calote na dívida ou optar por heterodoxias econômicas. Esse era o Lula de 2003. O PT de 2011 tem de provar que sabe ser austero - depois de dois anos enfiando o pé na jaca -, enfrentando, se for o caso, as suas “bases”. Dilma foi persignada ontem com méritos na pia batismal dos tais "mercados". Pronto! Que ninguém ponha em dúvida a sua dureza em matéria de estabilidade econômica. Esse é o recado. O placar elástico das votações reforça a idéia de que ela mantém nas mãos as rédeas. O governo atuou ontem mais de olho na BM&F do que na CUT - até porque o relator da proposta dos R$ 545 era um ex-presidente da… CUT!
Tarefa e ambiente hostil
A tarefa mais importante das oposições ontem era usar o mínimo como "gancho" para a necessária desconstrução do já longo governo petista. Atenção! Quando falo em "necessária desconstrução", refiro-me àquele que é o papel das oposições em todo o mundo democrático: evidenciar as fragilidades do governo e defender alternativas. Não há crime nenhum nisso, não! Ao contrário, trata-se de uma das principais virtudes da democracia. Não era, reitero, para vencer, mas para "ganhar perdendo", fazendo com que o governo "perdesse ganhando". Quando é que a oposição "ganha perdendo"? Quando, derrotada numa votação, tem a causa "mais popular". E o governo perde ganhando quando impõe a sua agenda ao Parlamento, mas nem sempre afinada com as aspirações de amplos setores.
Fizeram-se, sim, críticas contundes à gastança, à incompetência, a algumas incoerências etc, mas era visível o improviso. Terá de ser diferente no futuro. É preciso dizer com mais clareza por que o cobertor acabou ficando, de súbito, tão curto se, até outubro, parecíamos todos abrigados sob o manto protetor de um governo impecável. Esse foi só o primeiro embate no Congresso. Outros virão, e os oposicionistas precisam estar preparados para enfrentar até mesmo a hostilidade de setores da imprensa que hoje satanizam a política.
Empresários, consultores, economistas e até analistas políticos se apresentaram para criticar as propostas das oposições porque contribuiriam, se aprovadas, para o desequilíbrio fiscal. Lamento! O desequilíbrio já é um dado da equação. "Ah, então você quer extremá-lo?" Eu não! Quero que se evidencie no detalhe por que é tão importante para as contas do governo que o aumento real do mínimo seja zero. Aém disso, estou entre aqueles que consideram que a tarefa indeclinável das oposiçõess é mesmo se opor…
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Um comentário:
Claro, seria dar muito mole prá êsse governo, se aliar a êle, assim como uns e outros traírinhas tentaram...
Acho sempre um tanto estranho as tais negociações, que depois de algumas promessas da parte do govêrno, alguns começam a achar terrível o que defendiam uma hora antes. Tudo muito mentiroso, muito canalha, um horror! Eu até gostaria que algum jornalista tivesse perguntado a Romário, a Popó e à Tiririca, como votaram e porquê. Representam o povão, não é? Deviam votar prá êle(o povo).
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