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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Lula não quer imprensa fiscalizando

Deu no jornal "O Globo":
Oposição reage e diz que Lula "quer institucionalizar a censura"

A oposição e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) criticaram ontem as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o papel da imprensa. Em entrevista à "Folha de S.Paulo", Lula afirmou que o papel da imprensa não é o de fiscalizar, e sim de informar.
- Não acho que o papel da imprensa é fiscalizar. É informar. Para ser fiscal, tem o Tribunal de Contas da União, a Corregedoria Geral da República, tem um monte de coisas. A imprensa tem de ser o grande órgão informador da opinião pública. Essa informação pode ser de elogios, de denúncias sobre o governo, de outros assuntos. A única coisa que peço a Deus é que a imprensa informe, da maneira mais isenta possível, e as posições políticas sejam colocadas nos editoriais - disse Lula, na entrevista.
Para o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), Lula não quer ser criticado.
- É uma coisa lamentável. Não há mais o que se possa imaginar de licenciosidade, de transgressão (do presidente). Ele vê a imprensa como uma assessoria do governo, uma página em branco completada com o que ele acha que deve ser discutido? Nem a ditadura teve esse pressuposto, tanto que havia censura. O presidente quer institucionalizar a censura. Ele não quer a crítica, e transformou o Estado numa "cosa nostra" - atacou o tucano.
Também para o DEM, o presidente Lula não reage bem a críticas e confunde o papel da imprensa. O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), disse ainda considerar grave o fato de Lula apoiar governos na América Latina que têm perseguido a imprensa, numa referência ao venezuelano Hugo Chávez.
- Depois do mensalão, o presidente perdeu todos os limites. Ele continua dando apoio a todos os países que restringiram a liberdade de imprensa. É grave - disse Rodrigo Maia.
- A democracia de Lula é a da boca fechada - acrescentou o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN).
O deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ), da base aliada, fez ponderações. Autor da ação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) que resultou no fim da Lei de Imprensa, o deputado disse acreditar que o presidente teve um problema na linguagem utilizada, ressaltando que, ao mesmo tempo em que diz que a imprensa não deve fiscalizar, afirma que a imprensa pode denunciar.
- Normalmente, o político gosta de propaganda e não de notícia. O presidente admite que a imprensa deve denunciar e, consequentemente, digo eu, fiscalizar. Portanto, há uma contradição na declaração dele, que atribuo à linguagem corrente que ele usou. É indiscutível que o Estado possui órgãos de fiscalização. A imprensa constitui um órgão de fiscalização, não estatal, pelo lado do cidadão - disse o deputado.
Miro Teixeira lembrou ainda que várias denúncias veiculadas pela imprensa se transformam em processos judiciais formais:
- A maioria dos casos rumorosos convertidos em processos judiciais surgiu pela fiscalização da imprensa. No dizer de Rui Barbosa, a imprensa é o olhar do cidadão - disse ele.

Um comentário:

Unknown disse...

Quando não tivermos a imprensa fiscalizando e nos informando, estaremos lascados! Afinal, somos ou não, os patrões dessas "figuras", nem sempre confiáveis??