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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Lembrando Olney São Paulo nos seus 31 anos de morte

Olney São Paulo na contracapa do livro "A Antevéspera e O Canto do Sol"









No domingo, 15, aniversário de morte - 31 anos - do cineasta Olney São Paulo. Assim, uma data a ser lembrada e que estamos sempre lembrando. E quem lembra de Olney em Feira de Santana?
Olney morreu de câncer aos 41 anos, em 1978. Nesse período, temos publicado matérias sobre o autor e sua obra em jornais, revistas, programas de rádio e em blogs sobre este personagem da cidade.
Lembrar que durante cerca de oito anos, convivemos com o cineasta - entre 1970 até sua morte, em 1978, através de contatos pessoais quando ele vinha do Rio de Janeiro para Feira de Santana dando notícias sobre seus filmes, bem como por meio de cartas que ele escrevia para este jornalista, também dando conta de suas realizações e andanças, até internacionais.
Junto com Olney, a visão de vários de seus filmes, inclusive “Manhã Cinzenta”, em sessões clandestinas, com projetores 16mm conseguidos por mim em instituições, em paredes brancas da casa de meus pais e de seus familiares. Em 1973, a ajuda para conseguir exibição de “Como Nasce uma Cidade”, realizado para comemorar o centenário de Feira, junto ao Cine Timbira. Primeiro em uma sessão matinal privada com ele, o então prefeito José Falcão, secretários e convidados. Depois, incluindo o filme em programação regular do cinema, durante cerca de uma semana. Ainda a lembrança de que no início de 1976, assistimos juntos ao filme baiano “O Pistoleiro”, de Oscar Santana, também no Cine Timbira, em sessão noturna.
No Clube de Cinema de Feira de Santana, que reativei nos anos 70, a exibição de muitos de seus filmes, a exemplo de: “O Profeta de Feira de Santana”, “Cachoeira, Documento da História”, “Teatro Brasileiro I: Origens e Mudanças”, “Teatro Brasileiro II: Novas Tendências”, “Sob o Ditame de Rude Almagesto: Sinais de Chuva”, “O Grito da Terra”. Também o filme “Memórias de um Fantoche”, do seu filho Ilya São Paulo (também falecido).
Depois de sua morte, como diretor Executivo da Secretaria de Turismo, Recreação e Cultura, participei ativamente da promoção de mostra em memória com exibição de seus filmes “Um Crime na Rua” (fragmentos), "Ciganos do Nordeste" e “Pinto Vem Aí”, no auditório da Biblioteca Municipal Arnold Silva. Seu último filme, “Dia de Erê”, também foi exibido pelo Clube de Cinema.
Ainda sobre Olney São Paulo, exemplares do seu livro de contos “A Antevéspera e o Canto do Sol” foram deixados em consignação comigo para a venda direta a pessoas interessadas na obra.
Para o jornal “Feira Hoje” e também “Folha do Norte”, principalmente, foram entrevistas, matérias e notas produzidas sobre o cineasta. Depois de sua morte, registros sobre Olney para que permanecesse na memória de Feira de Santana.
O cineasta feirense também mereceu biografia em livro, “Olney São Paulo e a Peleja do Cinema Sertanejo”, de Ângela José do Nascimento. Em paralelo ao livro, Ângela José realizou o vídeo “O Cineasta do Sertão”, um documentário biográfico cheio de respeito e ternura para com Olney, com depoimentos de colegas, familiares e amigos. O vídeo – foi apresentado no final dos anos 80 nesta cidade, no Feira Palace Hotel - tem texto de Olney Júnior, trilha sonora de Ilya, narração de Irving e participação de Pilar – os quatro filhos dele – e presença de Maria Augusta, sua mulher.
Homenagens
Em Feira de Santana, Olney deu nome a Cine Clube – que não está mais em atividade; seu filme “O Grito da Terra” virou nome de jornal – também extinto; teve mesa com seu nome no Balcão Di Vidros – um bar que já fechou. Também foi nome de premiação, em 1994, do Salão Universitário de Artes Plásticas, do Museu Regional de Arte. Na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) existe o Coletivo Olney São Paulo, entidade formada por professores e alunos para estudar cinema. Na Galeria Carmac, no centro da cidade, tem um espaço chamado praça Olney São Paulo, e no Tomba existe uma extensa rua com seu nome. Ele também foi estudado para uma seleção de mestrado em História da Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo, por Johny Guimarães da Silva, com a proposta “O Sertanejo no Cinema de Olney São Paulo”. Olney também denomina a praça de alimentação do Boulevard Shopping.
Mais: a edição de 1978 da Jornada Baiana de Cinema fez homenagem a Olney. “Muito Prazer”, filme de David Neves, com Ilya São Paulo no elenco, teve lançamento em Feira de Santana, no Íris, em homenagem póstuma a Olney.
“Pinto Vem Aí” foi premiado no V Festival Brasileiro de Curta-Metragem do Jornal do Brasil. “Manhã Cinzenta” foi apresentado em vários festivais internacionais, como Pesaro (Itália), Cracóvia (Polônia), Mannheimm (Alemanha) – onde foi premiado com o Filmdukaten, em 1970, e causou curiosidade nos alemães com sua presença, pois ele foi para o festival de sandálias de tiras de couro cru, naturalmente compradas na feira livre de sua terra -, Londres (Inglaterra), Havana (Cuba), e Viña Del Mar (Chile). “Manhã Cinzenta” (rèalisé par Olney A Sau Paulo) também participou de mostra paralela no Festival de Cannes (França), em 1970. Em 1976, participação no V Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz (Portugal).
Olney foi elogiado por Orson Welles (realizador do maior filme de todos os tempos, “Cidadão Kane”), para quem “Manhã Cinzenta” era um filme extraordinário. Glauber Rocha chamou Olney de “mártir do cinema brasileiro”, disse mais que ele “é a metáfora de uma alegoria. Alegorias estas que muitas vezes foram barradas mas que nunca deixaram de ser registradas”. Sobre “Manhã Cinzenta”, o crítico e cineasta Rubem Biáfora comentou no jornal “O Estado de São Paulo”: “Uma fita mais abertamente polêmica, que a Censura cometeu o erro e a inutilidade de proibir”. A empresa Dezenove Som e Imagem, em São Paulo, dedicada a “filmes de autor”, tem em seu acervo uma cópia de “Manhã Cinzenta”.

2 comentários:

André Setaro disse...

Somente agora, depois de ler seu comentário em meu blog, vi esta bela homenagem a Olney São Paulo. Pretendo também, como disse, fazer uma no meu e, além de um texto de minha autoria, pretendo pedir a Tuna Espinheira que elabore um artigo sobre o cineasta feirense, do qual era muito amigo, amizade que perdura até hoje através dos descendentes de Olney, com os quais mantém laços fortes de amizade.

Parabéns pela lembrança, pois Olney merece toda estima e consideração pela sua contribuição ao cinema baiano.

Anônimo disse...

Caro Jornalista Dimas Oliveira:

O André Setaro é aquela espécie de "crocodilo". Quando Olney lançou em Salvador o seu filme "O Forte", no Cine Tamoio, ELE ANDRÉ, QUE EU O CONHECI TRABALHANDO NUM CARTÓRIO NA PRAÇA DA SÉ, MANTINHA UMA COLUNA NO JORNAL TRIBUNA DA BAHIA NAQUELA ÉPOCA E DESCEU A MADEIRA NO BELO FILME QUE TEM MONSUETO EM SUA ÚLTIMA APARIÇÃO.
Olney, meu primo, vi e testemunhei ele chamar André de F.d. P. a FAMÍLIA DE Olney São Paulo pede que Setaro (que Guido foi quem ensinou tudo a ele) que não necessita de homenagem que venha da parte dele. Agradecido pela postagem. Miguel Carneiro