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domingo, 22 de fevereiro de 2009

Muniz Sodré e os factóides da imprensa

Extraído do "Blog do Programa Rádio Repórter":
O jornalista e escritor Muniz Sodré, em artigo publicado no site “Observatório da Imprensa”, alerta sobre as maiores práticas da imprensa brasileira ao incorrer nos vícios da "precipitação" e publicação de "fatos totalmente inventados".
Ele cita três episódios, o caso da jovem supostamente atacada por neonazistas, o fechamento de rádios comunitárias no Rio de Janeiro, tentando de forma tendenciosa associar a ação da Anatel ao combate do tráfico de drogas nas favelas e a matéria sobre um suposto esquema de superfaturamento na aquisição de computadores pela Fundação Biblioteca Nacional para a instalação de novas bibliotecas em municípios do país, uma etapa do enorme esforço dos programas Livro Aberto e Mais Cultura, capitaneado pelo Governo Federal.
Assim como no caso das rádios comunitárias, uma denúncia anônima mobilizou atenções. Agora se tratava de um e-mail antigo, em que um remetente fantasma falava com um funcionário de uma empresa de computadores sobre um suposto percentual que poderia ser dado a funcionários da BN. Acicatado pelo e-mail, o jornalista comparou os preços atuais dos equipamentos com aqueles adquiridos na época da licitação e concluiu por um superfaturamento, afirma Muniz Sodré.
A produção de factóides, termo utilizado pelo ex-prefeito do Rio Cesar Maia, tem sido uma constante na imprensa brasileira. Com o objetivo de se criar impacto, sensacionalismo e buscar uma audiência, um fato fictício por motivação política ou apenas para se atingir desafetos, se transforma numa verdade absoluta.
Muniz alerta que é justamente neste ponto que se vem levantando a questão do futuro do jornalismo impresso frente à comunicação eletrônica. Não vale a pena sequer suscitar a possibilidade de má-fé, malevolência (ou do que, numa certa gíria jornalística recente, se vem chamando de "esculacho") na edição da notícia. Não, a realidade parece apontar para o factóide, gerado pela má apuração e pela precipitação noticiosa, que terminam suscitando uma "suspeita", ótima para os critérios editoriais de um momento, mas incômoda para a instituição mencionada e, no limite, danosa para a instituição do jornalismo, enquanto prática que classicamente sustenta um pacto de credibilidade com o leitor.
Ainda no artigo, Muniz Sodré cita que editorialmente, acontecimento é a referência apropriada por uma seqüência de enunciados cronologicamente ordenados, alterando-se a técnica de apropriação de acordo com o gênero em que se manifeste a narrativa. Na notícia, que é uma estratégia essencialmente jornalística, o acontecimento referido obriga-se a ser verídico (real-histórico, portanto) e a obedecer à técnica corrente na comunidade do jornalismo corporativo. O real da notícia é a sua "factualidade", a sua condição de representar um fato por meio do acontecimento jornalístico.
O "jornalismo de qualidade", parece apontar para o aprofundamento do fato social por meio da exposição do acontecimento. Fatos totalmente ou parcialmente inventados são índices de uma fissura no pacto implícito da imprensa com seu público. Ganha-se atenção pública com o "esculacho", mas se fere o compromisso classicamente instituído com a cidadania, que define, em última instância, a comunidade discursiva dos leitores.

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