“Fui convidado para dar continuidade ao trabalho que o meu nobre colega vem desenvolvendo”. Palavras do discurso de posse de Eduardo Leite como diretor do Hospital Geral Clériston Andrade. Se ele vai continuar o trabalho de Wagner Bonfim como anunciou, sua gestão será igual ao do diretor demitido e o quadro da saúde continuará negro.
terça-feira, 3 de julho de 2007
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5 comentários:
Prezados,
Esse ótimo texto é do Jornalista Nelito Fernandes e foi publicado no Jornal O Globo, no dia 29/06/2007.
Vale a pena a leitura e reflexão.
Abs.
"DEIXAMOS A SIRLEY COM O OLHO ROXO"
"Dei um soco na Sirley. Quando a empregada doméstica estava sendo espancada covardemente no ponto de ônibus, um dos socos quem deu fui eu. Você também deu um soco na Sirley. Nós esmurramos a Sirley quando compramos aquele brinquedinho que apareceu no comercial do Cartoon e que nossos filhos abandonam depois de cinco minutos. Nós deixamos a Sirley com o olho roxo quando fomos grossos com o frentista que errou e pôs mais gasolina do que nós pedimos. Nós derrubamos e chutamos a Sirley quando não respeitamos os mais pobres, os mais fracos, e passamos aos nossos filhos na prática o oposto do nosso discurso politicamente correto.
Nós demos uma surra na Sirley quando pagamos R$ 380 às nossas empregadas domésticas. Quando pedimos, "por favor", que elas façam uma hora extra no sábado à noite para que possamos ir ao cinema e jantar, enquanto elas tomam conta dos nossos filhos. E gastamos num vinho o que elas ganham de salário. Nós damos um soco na Sirley quando vestimos as babás de branco e pedimos que elas passeiem na Lagoa, no Baixo Bebê, para que possamos dormir um pouco mais. Você bate na Sirley toda vez que passa na Avenida Atlântica e olha as prostitutas com desprezo, quando ri do mendigo que passou fedendo, quando vira a cara para o menino malabarista, quando xinga o garoto que jogou água no pára-brisa do seu carro novo e pediu uns trocados.
A mídia espanca a Sirley quando usa eufemismos para tratar os delinqüentes de classe média, mas não hesita em chamar de criminosos os meninos do morro. Nossos filhos são "pitboys", "estudantes", "rapazes de classe média". Os deles é que são bandidos. Os jornais quebram o braço da Sirley quando chamam ladras estudantes de direito que roubavam roupa no shopping da Barra de "cleptomaníacas". As revistas dão socos na boca do estômago da Sirley quando perguntam onde os pais de classe média erraram quando os filhos deles cometem crimes; mas pedem a.redução da maioridade quando os filhos dos miseráveis fazem o mesmo.
Eu e você saímos por aí num carro de madrugada para espancar a Sirley quando optamos por ser o "pai amigo". Aquele cara legal, que sempre entende os filhos, que nunca dá limites, que não cobra nada. Quando nosso filho chega às 5h da manhã de porre, dirigindo, e a gente não fala nada porque acha que ser jovem é assim mesmo, nós estamos batendo na Sirley. Nós entramos no carro e fugimos rindo da cena do crime quando dizemos: "Eu fiz tudo por ele, eu dei tudo a ele. Por que ele fez isso?" Nós batemos na Sirley. O melhor que temos a fazer, agora, é confessar".
(NELITO FERNANDES é jornalista).
Brados de liberdade
Inspirada pelos heróis do 2 de julho, população vai às ruas para protestar e comemorar a independência
Alexandre Lyrio
http://www.correiodabahia.com.br/
Nos mesmos locais em que antes escorreu sangue e se ouviu o ruído áspero de ranger de dentes, hoje é impossível sufocar o brado de vozes insubmissas. O mesmo povo que há 184 anos travou batalhas homéricas contra o domínio de Portugal, agora deseja apenas se fazer escutar. Legado de uma luta visceral em favor das aspirações de todo um país, o atual 2 de Julho serve-se dos heróis da independência para protestar. Em meio ao espetáculo de civismo e irreverência, os milhares de baianos que saíram ontem às ruas assistiram a uma enxurrada de manifestações.
O ensurdecedor pipocar de fogos de artifício, ainda na madrugada, acordou a mesma Lapinha onde se fez erguer a espada do general Labatut. Esse sim, protagonista do brado libertário que consolidou a independência do Brasil. A cada comemoração, o 2 de Julho contesta o alegórico grito de dom Pedro II. O “independência ou morte”, às margens do Ipiranga, é apenas referência simbólica ao 7 de setembro de 1822. Aqui, onde quase um ano depois ainda havia focos de resistência da colônia portuguesa, a independência custou vidas e foi conquistada à bala.
Como todos os anos, em reconhecimento à bravura de Labatut, o prefeito de Salvador, João Henrique, depositou flores aos pés de seu monumento. O protocolo oficial, com direito a discurso, precedeu os ruídos de protesto observados ao longo de todo o trajeto até a Praça Municipal. Os professores do estado lideraram as manifestações de repúdio. Centenas de vozes, amplificadas pelos carros de som, apregoavam a continuidade de uma greve que já dura quase 60 dias. Vestidos de preto, em sinal de luto, gritavam em prol da liberdade salarial.
O exemplo de Maria Quitéria, única mulher a lutar contra as tropas portuguesas, inspira os baianos a não se sujeitar a autoridades, sejam elas quais forem. Defronte à Praça da Soledade, onde se instala o monumento em homenagem à heroína, os gritos de protesto pareciam mais encorajados. Ali, políticos das mais variadas estirpes eram alvos de vaias e reclamações. Governador, prefeito, deputados e vereadores não foram poupados dos assobios de reprovação coletiva misturados a aplausos discretos.
No meio da multidão, o ministro da Defesa, Waldir Pires, para quem foram direcionados um sem-número se queixas, foi eleito o nosso Madeira de Melo, inimigo número um do 2 de Julho, que liderou a infantaria de Portugal expulsa de terras baianas. A irônica comparação é do poeta José Fernando de Araújo, 55 anos. Ensandecido, José Fernando aproveitou rápida parada do cortejo para se aproximar do ministro e disparar um asfixiado grito de protesto com toda a força dos seus pulmões. “É a festa do povo! É a festa de Maria Quitéria! Aqui não há lugar para corruptos!”.
Os sons da insurgência estão também nas fanfarras, atrações à parte em qualquer desfile do 2 de Julho. Cada instrumento de sopro das bandas de música parece repetir o ato de coragem e teimosia do corneteiro Lopes, que em vez de lançar acordes de “recolhimento das tropas”, como ordenaram os seus superiores, entoou por conta própria o toque de “avançar cavalaria e degolar”. Contribuiu decisivamente para a vitória brasileira na sangrenta batalha de Pirajá. O mesmo sentimento de insubordinação do corneteiro hoje move desde entidades ambientalistas contra a transposição do São Francisco até um grupo de torcedores do Bahia a reivindicar eleições diretas no clube de terceira divisão.
Em referência ao “verdadeiro brasileiro” ou “os donos da terra”, que somaram seus esforços aos combatentes, as imagens do caboclo e da cabocla eram seguidas por sindicalistas, entidades não-governamentais, associações de bairros, grupos ambientalistas, de dança e capoeira. Mesmo a terceira idade, representada por um sem-número de idosos, utilizou slogan sarcástico para implorar mais atenção. “Um, dois, três, amanhã será vocês”. Assim os protestos atravessaram as ruas da liberdade, chegaram ao Centro Histórico e culminaram na Praça Municipal. Com brados de liberdade cada baiano que participou do desfile se tornou herói da independência.
Professores em greve vão ao desfile de luto
Alan Rodrigues
www.correiodabahia.com.br
Os professores da rede estadual de ensino percorreram de luto o trajeto do desfile do 2 de Julho. Com faixas de protesto e entoando cantos nos quais acusavam o governador Jaques Wagner de traidor, eles reivindicavam a extensão dos 17,28% de reajuste concedido aos professores de níveis 1 e 2 para toda a categoria. Apesar de completar 56 dias de greve, a manifestação contou com o apoio da maior parte da população presente ao desfile. Hoje, às 9h da manhã, uma nova assembléia no ginásio do sindicato dos bancários decide o caminho que a categoria seguirá.
Se depender do ânimo demonstrado ontem, dificilmente a paralisação vai ter fim. A não ser que o governo altere a ata de reunião aprovada na última semana pela diretoria da Associação dos Professores Licenciados da Bahia (APLB-Sindicato). Segundo César Carneiro, 37 anos, professor de história, o verbo utilizado pelo governo para tratar da correção dos interníveis salariais é o principal empecilho para a suspensão da greve. “Em vez de ‘discutir’ os interníveis, queremos que ele coloque no texto que vai ‘recompor’ ou ‘recuperar’ as diferenças entre os níveis, mesmo que não seja de imediato”, sugere.
César rebate o argumento do governo de que os 17,28% vão beneficiar quem ganha menos. “Existem pelo menos dez categorias que não ganham abaixo do mínimo e tiveram aumento de 8,33% a 17,28%”. Ele cita o caso dos soldados da Polícia Militar (PM), cuja remuneração, com gratificações, chega a R$1,4 mil, enquanto, segundo ele, um professor nível III recebe R$678, menos da metade. “A sociedade precisa saber da nossa real situação, e o desfile do 2 de Julho é o melhor lugar para se manifestar”, diz Sérgio Barreto, 40 anos, professor de história.
Mas a disposição de manter a greve deve sofrer o impacto do corte de salários. Max Jr., professor de português, 32 anos, acredita que na assembléia de hoje até seja possível encerrar a greve, mas garante que, se isso acontecer, a categoria vai continuar mobilizada. “Vamos cair de pé. O clima da mobilização foi quebrado com os contra-cheques zerados, principalmente no interior, mas se estivermos juntos o governo não vai exonerar 20 mil professores”, desafia, referindo-se à hipótese de desligamento levantada pelo secretário de Educação, Adeum Sauer, dos diretores e professores contratados pelo Reda (Regime Especial de Direito Administrativo). Mesmo que a categoria decida voltar, Max adverte que a reposição de aulas só será feita após o pagamento dos dias cortados. “Sem devolução, não há reposição.”
Edenice Santana, uma das principais articuladoras da categoria, acredita na manutenção da posição das bases em continuar a paralisação e afirma, categoricamente, que a direção da APLB vai defender abertamente o fim do movimento na assembléia de hoje. “A categoria, aguerrida, deu uma lição de organização e passou por cima da diretoria da APLB, do PT e do governo”, orgulha-se. Ruy Oliveira, coordenador geral da APLB, reconhece que o corte de salários intimidou parte dos professores, mas não arrisca um palpite sobre a tendência que deverá ser seguida pela categoria. “A assembléia é soberana”, sentenciou.
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APOIO POPULAR
Nas calçadas, quem acompanhava o desfile dos professores demonstrava apoio ao movimento. Em alguns trechos, eles chegaram a ser aplaudidos. Yone Leone, 44 anos, disse que é totalmente a favor do movimento, mesmo com a perda de quase dois meses de aulas pelos alunos. “Se eles retornarem agora, jamais vão conseguir fazer outra greve como essa. É uma queda-de-braço”, argumenta. “Eles têm direito de fazer isso, o governo está resistindo, eles têm que persistir. Já que está parado até agora, tem que continuar até conseguir o que querem”, incentiva Maria das Graças Ribeiro, 56 anos. Mesma opinião do programador Demóstenes Barbosa Neto, 34. “Os alunos podem ser prejudicados, mas depois que já houve o prejuízo, é melhor continuar até o fim”.
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Irreverência nos protestos
Carmen Azevêdo
O inusitado em forma de gente. São figuras pitorescas, que não querem passar despercebidas – afinal, têm algo importante, pelo menos para eles, a transmitir. Na maior parte dos casos, as mensagens são políticas, repletas de conteúdos de cidadania. No cortejo cívico, marca das comemorações pelo 2 de Julho, não poderiam faltar figuras de luto, em defesa do meio ambiente, ou quem portasse celular gigante em protesto contra o ex-jogador francês Zidane. Carlitos, um dos personagens mais conhecidos do inglês Charlie Chaplin, também participou. Só que, na Lapinha, ele passou montado em um cavalo.
Carlitos corria sobre o eqüino em pleno Corredor da Lapinha, enquanto acenava altivo para a criançada. Do outro lado da rua, quem capturava as atenções não era, bem ao certo, o vigilante Sergio de Lima Santos, 45 anos, mas o personagem que representava: Papai Noel. Mas o que faz Papai Noel em pleno 2 de Julho?, perguntavam os mais curiosos. “Serve de exemplo para os políticos. Papai Noel promete e cumpre”, enfatiza com ar sério o Noel, que sem renas, acompanharia a pé o cortejo pelo menos até o Campo Grande.
Alagados - Enquanto fala, o Papai Noel do 2 de Julho serve de alento e motivo de jubilosas homenagens. “Além disso, vir com essa roupa significa um eterno festejo entre as crianças”, diz, enquanto abraça os mais novos, comovidos com a presença. Mas se as idiossincrasias de um suposto Noel reinavam em um dos trechos do desfile, mais adiante já era possível avistar outro ser excêntrico, presença patente pela máscara contra gases tóxicos que carregava. Com tinta verde na cabeça, vestido de paletó e gravata, com ar de luto, o pesar se justificava pelos problemas ambientais da comunidade de Alagados, onde mora.
“Não há saneamento básico, nem sistema de esgoto, tem que colocar mais gente da Limpurb para trabalhar”, explica. Como o “ecossistema” está sendo discutido em todo o mundo, continua, o tema deste ano só poderia ser Salve o meio ambiente, diz o integrante da ONG Caravana Cultural dos Alagados de Salvador. A figura exótica chamou a atenção também do grupo ambientalista Greenpeace, que mostrou interesse em realizar um documentário sobre a comunidade de Alagados.
Olhares acostumados com a visão do comum se depararam ainda com um celular fora do usual. Se o mundo moderno aponta para o consumismo de objetos e aparelhos cada vez menores e portáteis, o auxiliar de escritório Luiz da Silva, 50 anos, resolveu levar às ruas um megacelular de 40cm, feito de espuma. Segurando o “aparelho” espumoso em um dos ouvidos, e na outra mão, a desregrada “cervejinha”, ele citava o culpado por todas as desgraças que o atingiram desde a última Copa do mundo: o ex-jogador de futebol Zidane, cujo nome estava estampado no aparelho gigante. “Ele acabou com a minha vida desde aquele jogo no ano passado”, dispara o proprietário do aparelho.
O infortúnio da partida que tirou o Brasil da Copa serviu de inspiração para que Luiz da Silva fosse às ruas no 2 de Julho com um celular maior do que o comum, mas menor do que o desse ano. “Isso me inspirou. Um amigo fez esse maior para eu estrear no Carnaval. As pessoas me pagavam uma cerveja para falar 30 segundos no aparelho”, comentou entre risos, enquanto andarilhos que acompanhavam o cortejo passavam querendo levar o telefone. Até que um deles conseguiu e saiu de fininho, sorrateiramente. Luiz da Silva não hesitou e gritou de longe: “Pega o ladrão de celular, pega!”, enquanto a platéia entre gargalhadas se deleitava com a novidade.
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Fé nos caboclos
Cilene Brito
Sob muitos aplausos e flashes de câmeras fotográficas, os caboclos foram recebidos por uma multidão no Campo Grande. A entrada apoteótica das imagens marcou o desfecho do desfile oficial na tarde de ontem. Os caboclos foram assentados no centro da Praça do, ao lado do monumento aos Heróis da Independência, onde ficam até quinta-feira, dia 5, quando retornam para o panteão na Lapinha.
Tocar os carros da cabocla e do caboclo é quase uma obrigação para os que têm fé no poder das imagens. Diante dos caboclos todos fazem pedidos, alguns retiram flores dos carros para guardar de lembrança e muitos depositam bilhetes para agradecer e pedir. Pedidos de emprego, saúde, amor, dinheiro, e felicidade. Não importa o motivo, mas o tamanho da fé. O caboclo e a cabocla nada mais são do que a representação de todos aqueles que lutaram pela independência: escravos, libertos, os livres pobres, os mestiços, os índios, Maria Quitéria, Joana Angélica e outros. O que eles foram não têm a mínima importância para quem os reverenciam.
O que não faltam são pessoas com relatos que conseguiram alcançar alguma graça. “Essa é uma tradição que aprendi com minha mãe e mantenho até hoje porque já tive a oportunidade de experimentar várias graças através dos caboclos. No ano passado estava desempregada e pedi um emprego. O desejo foi realizado duas semanas depois”, conta a secretária Regina Brandão, 34 anos.
O servidor público, Valdemar José de Souza, 60 anos, evocou os caboclos para pedir o reconhecimento do título de posse de seu terreno que fica na cidade de Caetité, a 757km de Salvador. Para isso, levou fotos do local e do prefeito da cidade para pedir a bênção as imagens. “Eu participo da festa desde que vim morar em Salvador, há 42 anos. Eu fiz o pedido porque tenho muita fé e a certeza que serei atendido”, disse.
A tradição de adorar as imagens tem tanta força que até quem não é religioso consegue resistir e acaba fazendo um pedido.
“Eu sempre ouvi minha avó falar sobre os caboclos, mas nunca dei muita importância. Vim hoje para fazer o meu primeiro pedido para ver se dá certo. Não custa nada tentar”, justificou o estudante universitário Ramon Viana, 27 anos.
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Festa é encerrada no Campo Grande
Passavam das 14h e uma multidão já se concentrava em frente à Câmara Municipal, onde deu início o desfile oficial do 2 de Julho com o cortejo dos caboclos, principais símbolos da independência da Bahia. A cerimônia foi aberta pelo presidente da Câmara, Valdenor Cardoso, que estava acompanhado pelo governador Jaques Wagner, o prefeito João Henrique, o ministro da Defesa, Waldir Pires, além de secretários municipais e estaduais e autoridades civis e militares. De lá todos seguiram em direção ao Campo Grande e, como ocorreu pela manhã durante o desfile cívico, a comitiva não escapou dos protestos da população.
O cortejo foi acompanhado pela banda da Polícia Militar e por poucos grupos de manifestantes. Entre eles estava um pequeno grupo de estudantes e representantes do Movimento dos Sem Teto de Salvador (MSTS) que carregavam uma imensa faixa verde em protesto contra a transposição do Rio São Francisco. “Vim aqui porque estou cansada de fazer papel de palhaço num governo que não me representa”, disparou a estudante de jornalismo, Mariana Campos, 22 anos.
Em meio a demonstrações de insatisfação, muitos preferiram expressar o espírito cívico que representa a data. Foi o que fez a baiana de acarajé Vivian Reis, 30 anos, que vestiu a sua filha Ivia, de apenas 4 anos, de soldado. “Trago ela vestida assim há três anos. É uma forma de homenagear os heróis da independência e a Bahia”, ressaltou.
O ponto alto do desfile foi a chegada dos caboclos ao Campo Grande. Lá, o governador, o presidente da Assembléia Legislativa e o prefeito hastearam as bandeiras do Brasil, da Bahia e de Salvador. A multidão acompanhou a execução dos hinos Nacional e do 2 de Julho, pelas bandas da Marinha, do Exército, da Aeronáutica e Polícia Militar. Em seguida, as autoridades se dirigiram ao monumento aos Heróis da Independência e depositaram várias coroas de flores em homenagem aos caboclos.
A comemoração foi encerrada quando a pira foi acesa com o fogo simbólico pelo pugilista e novo secretário de Esportes de Salvador, Acelino Popó de Freitas. “É um momento muito importante. Eu conduzi a tocha pan-americana e agora estou acendendo a pira que simboliza a história da Bahia. (CP)
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Crise da educação ofusca política no desfile
IN: www.tribunadabahia.com.br
O trajeto do cortejo do 2 de Julho é palco certo para manifestações de diversos segmentos, principalmente os partidos políticos, mas este ano coube aos professores grevistas do Estado dar o tom, vestindo luto e protestando contra "a intransigência do governo".
Jaques Wagner chegou a ser vaiado pela categoria, mas reagiu democraticamente. O presidente da APLB-Sindicato, Rui Oliveira, vangloriou-se de que a entidade “pautou o desfile”, que teve muitos grupos criticando a situação da educação.
O governador Jaques Wagner, que na Lavagem do Bonfim, em janeiro, viveu um clima de lua-de-mel com o público, ontem experimentou o outro lado do sentimento da população, mas acatou democraticamente as vaias e ainda sinalizou para uma superação do impasse: “Hoje é dia de protesto, mas amanhã será de negociação”. Por coincidência - ou não -, justamente hoje, às 9 horas, no Ginásio dos Bancários, o professorado voltará a discutir a greve, que já dura 52 dias. Destacando a “soberania” da assembléia, o líder dos professores disse que, qualquer que seja a decisão, “o movimento é vitorioso, pela resistência que evidencia e por dizer ao Brasil que os trabalhadores não vão aceitar a forma como o governo encara o direito de greve, com punições, ameaça de prisão contra sindicalistas e aplicação de multas”.
O diretor-tesoureiro da seção de Feira de Santana da APLB, Germano Barreto, disse que em sua cidade o movimento continua firme, embora admitisse que, “esta semana, houve algumas dificuldades”. Na sua opinião, hoje é que poderá ser feita uma avaliação mais ampla. “Wagner já nos tirou o salário. Um mês e mais ou a menos não vai fazer diferença. Agora, nada temos a perder, a não ser a dignidade. Ele vai passar à história como o primeiro governador a inviabilizar um ano letivo”.
A grande maioria usando roupas pretas, os professores mostravam disposição para a luta, traduzida nas diversas faixas e cartazes que portavam. “Wagner, de piqueteiro a pelego”, “Sou professor, votei e estou arrependido”, e “Professor não aceita as velhas práticas” são alguns exemplos do protesto que marcou a caminhada da Lapinha ao Terreiro de Jesus. E todos em coro cantavam o sucesso de Jorge Aragão: “Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão”...
Se foi realmente a APLB que “pautou” o desfile, não se sabe, mas o fato é que a questão educacional esteve presente em muitos dos grupos que desfilaram. Professores e funcionários grevistas das universidades federais baianas - Ufba e UFRB - também levaram sua mensagem pela salvação da educação, assim como um grupo representativo da Apub, que tinha o popular Jorge Onça na “regência” de uma estridente bateria. Nas diversas placas carregadas pelos manifestantes, palavras de ordem pela redução da evasão escolar e crítica ao “recorde em analfabetismo”.
O PCdoB, partido da base governista, mas que se solidarizou com o movimento dos docentes, foi coerente e não escondeu sua posição no desfile. Alguns cartazes destacavam a atuação do deputado Javier Alfaya, que chegou a apresentar na Assembléia uma emenda, afinal derrotada, para que o aumento de 17,28% fosse dado de forma linear a toda a categoria. Surpresa mesmo veio do PMDB, supostamente “unha-e-carne” com Jaques Wagner, mas que não deixou de protestar: “Governador, não seja mais um que passa pelo poder. Deixe sua marca”, dizia uma das faixas. (Por Luis Augusto Gomes)
DEM faz estréia como oposição
Praticamente depois de duas décadas desfilando no cortejo do Dois de Julho na condição de governista, o principal partido de oposição, o Democratas, tentou na manhã de ontem demonstrar unidade durante todo o trajeto. No entanto, seus principais líderes admitem divergências internas entre os ex-pefelistas. Prova disso, foi a ausência do senador César Borges, ligadíssimo ao também senador Antonio Carlos Magalhães – que deverá continuar internado no Incor, em São Paulo, até o final dessa semana.
De acordo com o presidente estadual do DEM, o ex-governador Paulo Souto insistiu em negar que não há dentro do partido os chamados “soutistas e carlistas”, mas confirmou que ainda persistem algumas divergências entre os parlamentares. “Essa conversa eu já ouço há mais de 10 anos. O nosso partido sempre se manteve unido, forte e tenho certeza que vai continuar forte. É absolutamente natural que dentro do partido surjam discussões, alguns tipos de divergências, mas no meu conhecimento nada que possa significar um racha”.
Para o deputado ACM Neto, vice-líder do DEM na Câmara Federal, “a maior prova da unidade do grupo é este evento de hoje (ontem), o Dois de Julho, onde todos nós caminhamos juntos. Os dmocratas estão unidos;é claro que existem divergências internas, talvez por idéias ou pensamentos distintos, mas existe mais ainda uma comunhão de forças para trabalhar politicamente pelo nosso Estado, onde todos nós somos democratas. Então, eu quero afastar qualquer possibilidade nesse momento de mudança partidária”, ressaltou o parlamentar,que também ocupa a vice-presidência nacional do DEM para Assuntos Institucionais.
Como Souto e ACM Neto, o deputado federal José Carlos Aleluia, também vice-presidente da Executiva Nacional do DEM para questões relacionadas ao meio-ambiente, disse ser natural haver divergências, mas negou que o partido esteja dividido entre “soutistas e carlistas”. “Não existe isso, nós não podemos dividir o partido. Nós temos os democratas unidos e sem nomes. É claro que o senador Antonio Carlos (Magalhães) é uma grande liderança, assim como o ex-governador Paulo Souto e o senador César Borges, mas não teremos grupos, teremos um partido unido para mostrar ao povo baiano que o nosso modelo de gestão é o que mais se aproxima do povo”.
Segundo Aleluia, o senador César Borges não compareceu ao cortejo porque estaria viajando, apenas por esse motivo. “O senador deve estar viajando, mas estamos afinados, juntos. O senador é um homem que temos muito carinho e, claro, nem todos podem vir”. Entretanto, uma fonte ligada ao Democratas foi enfática em dizer que “ele (César Borges) dificilmente estará onde Paulo Souto estiver”.
(Por Raiane Verissímo)
Solidariedade aos alunos sem aula
“Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão”. Este foi o refrão entoado pelos democratas, ontem pela manhã, durante todo o desfile cívico do Dois de Julho – que marcou, este ano, 184 anos de independência da Bahia e, consequentemente, do Brasil. O refrão, segundo os deputados, foi uma forma de solidarizar com os alunos da rede estadual de ensino que estão há mais de dois meses sem aula devido a quebra-de-braço entre os professores e o atual governo que nega conceder o reajuste reivindicado pela classe de 18,23%.
Mesmo sem o carisma do cacique ACM, os democratas foram bastante aplaudidos por onde passou, a não ser quando se deparava com alguns militantes petistas ou alguns lugares pontuais, como no Barbalho, na esquina com a Rua São José de Baixo, ou em frente ao Cefet. “Ser vaiado por militantes não vale”, ironizou um deputado estadual. O ex-governador Paulo Souto e os deputados federais ACM Neto e José Carlos Aleluia seguiram lado a lado durante todo o trajeto – uma forma de tentar desmistificar de que exista um racha no grupo.
Com a ausência do avô, que ainda continua internado no Incor, o deputado ACM Neto era um dos mais requisitados. Por onde passava, as pessoas perguntavam sobre a saúde de ACM, mostravam cartazes ou faixas pedindo que o senador voltasse logo para a Bahia.
O cortejo foi considerado pela maioria dos democratas como muito bom, mesmo em seu primeiro ano como um partido da base de oposição. “Muito bom e tive ligeiramente a impressão que a recepção foi melhor do que os últimos anos. Mesmo na oposição, fomos bem recebidos. E acredito que isto já é reflexo do mau desempenho do governo da Bahia, o povo já está saturado. Pagamos nossos pecados e agora é a hora, a vez e o espaço da oposição voltar”, ressaltou ACM Neto.
(Por Raiane Verissímo)
Heloísa pede a cassação de Renan
Uma intensa movimentação dos partidos de esquerda marcou ontem as comemorações do 2 de Julho. Eles que buscaram demarcar espaço e conquistar visibilidade nas ruas de Salvador. Atrás do grupo do PT, comandado pelo governador Jaques Wagner; do PMDB, comandado pelo prefeito João Henrique, e do Democratas, com o ex-governador Paulo Souto à frente, se posicio-naram os segmentos políticos considerados da esquerda radical, como o PSOL, PCdoB, PCB e PSTU, e as correntes de protesto como a APLB-Sindicato e CUT. Desta forma, não faltaram faixas contra a transposição do Rio São Francisco e em favor da greve dos professores da rede estadual, por exemplo.
A ex-senadora Heloísa Helena, candidata na última eleição presidencial e atual presidente do PSOL, participou do desfile pelo quinto ano consecutivo e esteve à vontade ao lado dos militantes do PSOL, PCB e PSTU, distribuindo beijos e abraços por onde passava.
Heloísa Helena comentou, sobre o desfile cívico: “É um tributo e homenagem à resistência popular, à história de mulheres e homens, negras, índios, guerreiros, que foram capazes de promover um confronto com o poder dominante. Então, é a nossa homenagem a todas elas, mulheres: às Joanas, às Quitérias, às Marias...”
A presidente do PSOL aproveitou para falar sobre a crise política de Brasília, que envolve figurões da República, incluindo o senador Renan Calheiros, presidente do Senado. “Fomos nós, do PSOL, que demos entrada no pedido do movimento investigatório”. Perguntada se era a favor da cassação do senador Calheiros, ela respondeu: “Qualquer pessoa de bom senso sabe que seria fundamental cassar o senador Renan, o senador Roriz, o presidente Lula e qualquer outro envolvido com os crimes contra a administração pública”. A ex-senadora aproveitou ainda para manifestar solidariedade ao movimento grevista dos professores da rede estadual e criticar a transposição do Rio São Francisco.
(Por Evandro Matos)
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É verdade, esse texto do Nelito Fernandes, sobre o soco na Sirley, é a mis pura verdade...triste realidade.
Estamos abatidos e tristes com tudo que está acontecendo no nosso país... Trata-se de falta de EDUCAÇÃO mesmo... faltam valores... familiares, éticos, religiosos, falta tudo...
Esse texto vem nos dar um "soco", uma angústia "na boca" do estômago ... pq vemos nossos (pobres/indesejados pelos pais, ignorantes e mal educados) alunos, de colégios públicos estaduais, miseráveis colégios...imundos, caindo aos pedaços, com banheiros fétidos, impossíveis de ser utilizados por pessoas com dignidade, nos quais não se respeita o ser humano... são crianças e jovens que deveriam ter um local decente para estudarem, uma carga horária maior e de qualidade; esses jovens são e estão sendo vítimas desse sistema capitalista/consumista e vivendo na ilusão de "ter mais", "poder tudo" porquê a impunidade do país é uma triste realidade, a começar pelos "peixes grandes" que nunca são presos/processados; quando se pega um "peixe pequeno" aí se encarcera o pobre pq este é considerado um "pária", pobre e marginal... que exemplo podemos dar aos nossos filhos/alunos/crianças de hoje?
Daí surgirem os filhinhos de papai querendo bater em todo mundo porquê eles sabem que para ricos não há punição certa! Sabem que sempre dão um jeitinho e o esporte deles é humilhar, execrar pelo poder que se instituem... podem tudo porque são ricos, tem dinheiro, carros, excelentes colégios e faculdades, tudo que o pobre e o jovem classe baixa do Brasil quer e não tem!
Tudo passa pela qualidade da EDUCAÇÃO. Não há como fugir dessa lógica.
Vamos tentar driblar essa situação com educação de qualidade, informação e conscientização desses jovens que comandarão o país amanhã.
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