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No Domingo de Páscoa

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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Do jeito que o diabo gosta!

Por Paulo Ribas

É impressionante a distância que separa a realização da Micareta de Feira de Santana das demais congêneres momescas nas principais cidades do país, principalmente o Carnaval de Salvador, cujo modelo teve um salto significativo, a partir de 1994.
Naquele ano, a Prefeitura da Cidade do Salvador abdicava da sua tradição amadorística de produzir e bancar a festa com o dinheiro público, passando a faturar com as principais marcas envolvidas diretamente com o Carnaval, a exemplo das fabricantes de bebidas, instituições bancárias etc.
A mudança foi possível graças a uma filosofofia de captação de publicidade usada pela FIfa nos Mundiais que promove. Assim, foi possível que a Prefeitura de Savador faturasse com o Carnaval passado R$ 15,5 milhões oriundos de cotas publicitárias que tiveram como principaias clientes a AmBev, Schincariol, Itaú e Bradesco. Além de bancar blocos, cordões e trios essas gigantes também custearam despesas com santários químicos e controle de trânsito.
O investimento permitiu a essas empresas espalharem suas marcas por seis bairros populosos, além de todos os circutos do Carnaval. Outra forma inteligente encontrada pela Prefeitura soteropolitana para aumentar a sua receita durate a festa foi a implantação de camarotes a preços populares que variaram de R$ 20 a R$ 40, de acordo com o dial no Circuito Campo Grande. São cerca de 3.000 lugares, e atende a um público que não quer levar empurrões e com direito a bares, lanchonetes e sanitários exclusivos.
Infelizmente, a 109 quilômetros de Salvador, a mãe das micaretas do Brasil ainda não despertou para a modernidade e o profissionalismo que seus organizadores atribuem à festa e si próprios, e a cada contratação feita a doses homeopáticas a autoridade municipal comemora como se fossem verdadeiros trófeus de guerra. E assim, mais de R$ 1, 2 milhões que deveriam ser aplicados em saúde e educação, por exemplo, vão irrigar os cofres de Bell Marques, Cláudia Leitte, Daniela Mercury e cia... Amados, se me permitem, eu sou de um tempo em que esta gente era capaz de pagar caro para estar entre as atrações da nossa Micareta; de um tempo em que a Secretaria de Recreação, Turismo e Cultura recebia os produtores de bandas e artistas em pé de igualdade, sem rapapés e sem precisar dobrar a cervical para se obter um contrato. Eu sou de um tempo em que o prefeito, apesar de coordenar com sua autoridade a Micareta, deixava-a ao encargo do secretário da pasta,enquanto tocava o dia-a-dia da cidade.
Nesse tempo, que não vai longe, o digníssimo prefeito de Feira de Santana só aparecia na hora da entrega simbólica da chave da cidade ao Rei Momo, "Primeiro e Único". Nesse tempo, o prefeito se transformava num folião como outro qualquer, percorrendo os circuitos da festa, bebericando com o povão nas barracas de bebida, sem se importar em rufar os tambores ou dividir espaço com as estrelas da festa.
Sem o curral da vergonha a separar os que têm dos que não têm, a Micareta fluia livre por todos os póros, por todas as veias da cidade num verdadeiro circuito onde os blocos, escolas-de-samba, afoxés, batucadas e trios iam e vinham democraticamente para todos, na avenida Getúlio Vargas, na avenida Senhor dos Passos e adjacências: a cidade fervia num só grito, numa só alegria; na mistura das classes e das raças, a Micareta ia e vinha!
Lamentavelmente, hoje temos uma "Micareta de mão única" a estrangular todos os acessos rodoviários da cidade, com um custo elevadissímo ao erário e que não gera o retorno social correspondente ao que poderia ser um grande apelo turístico e de participação popular. Ante-véspera das eleições municipais, o alcaide agradece a incompetência gerencial dos blocos e vai prá galera de olho em 2012 atrás do ultrapassado Chiclete e Cia. Pelo menos o pão e o circo estão garantidos, do jeito que o diabo gosta!
Paulo Ribas é leitor e comentarista de blogs e sites

Um comentário:

Mariana disse...

Mas está na cara que a intenção da micarêta, é passar mel na boca dos eleitores que dão a vida por uma farra, por esta festa e assim, conseguem muitos votos no próximo ano.
Com uma situação difícil como dizem passar a prefeitura, não entendo também, a contratação de cantores caríssimos, como os citados por Paulo Ribas. Se o lance é a festa, porque não darem oportunidade aos cantores novos que, francamente, não devem ser tão piores que essas figurinhas carimbadas de todos os anos, a MUITOS anos!
Talvez pelo fato da grana não ser fruto do trabalho de quem paga, não?