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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A verdade sobre os números de pesquisa

Deu no "Blog Reinaldo Azevedo":
SERRA NO IBOPE: TUCANO INSISTE EM CONTRARIAR BOA PARTE DA IMPRENSA E SEGUE NA LIDERANÇA; SEM CIRO, PODE VENCER NO 1º TURNO. OU: QUE ISENÇÃO MAIS SEM-VERGONHA!!!
Muita atenção para o que vai abaixo. Eu estou lhes fornecendo uma espécie de guia para sobreviver na rede - inclusive a de intrigas.
Os blogs petralhas, o Ministério da Verdade - chefiado por Franklin Martins - e a patrulha que policia a Internet alimenta a fantasia de que a “mídia” é antipetista, pró-tucana, pró-Serra etc. Não serei eu a provar que isso é mentira, mas os números. A VERDADE É BEM OUTRA. A história que segue abaixo é vexaminosa para o jornalismo - desta vez, para o jornalismo online, que, em franca expansão, vive a sua fase de faroeste. Sites noticiosos de grandes empresas de comunicação se transformam, na prática, em meros cabos eleitorais de Dilma Rousseff. Os controladores desses veículos deveriam se envergonhar. E atenção! Eu defendo que eles façam claramente suas escolhas eleitorais. O que não é possível é fazer marketing de isenção com desempenho tão vergonhosamente tendencioso, como se verá. Aos fatos.
Boataria petralha e Ibope
Eu estava ainda no aeroporto de Brasília no fim da manhã de ontem quando recebi um SMS de um amigo: “Rola forte nos blogs da canalhada (ele é assim carinhoso com os petralhas a soldo) que uma pesquisa Ibope traz Dilma na frente de Serra e vencendo no segundo turno com folga”. Respondi: “Improvável. Empate pode ser; vantagem duvido”. Pois o Ibope veio, conforme está claro num post de ontem, numa pesquisa para o jornal Diário do Comércio, da Associação Comercial de São Paulo. E o resultado, não custa lembrar, é este:
CENÁRIO COM CIRO
Serra - 36%
Dilma - 25%
Ciro - 11%
Marina - 08%
Branco/nulo- 11%
Não sabe - 09%
CENÁRIO SEM CIRO
Serra - 41%
Dilma - 28%
Marina - 10%
Branco/nulo - 12%
Não sabe - 09%
SEGUNDO TURNO
Serra - 47%
Dilma - 33%
REJEIÇÃO
Ciro - 41%
Marina - 39%
Dilma - 35%
Serra - 29%
Viram só?
Eis a “grande virada” que os petralhas anunciavam com ares de conspiração. Muitos já acusavam o Ibope de estar amoitando um resultado que seria desfavorável aos tucanos. A margem de erro do levantamento é de dois pontos para mais ou para menos. Os dados começaram a circular na rede pouco depois das 17 horas de quarta, num despacho da Agência Estado. Neste ponto do meu texto, quase 2 horas de quinta, e a Folha Online não publicou um vírgula sobre a pesquisa. IMAGINEM SE O IBOPE TIVESSE MESMO TRAZIDO A TAL VIRADA…
O Estadão Online deu a notícia às 19h33, embora, reitero, o despacho da Agência Estado, do mesmo grupo, fosse das 17 e pouco. Abordagem escolhida: “Ibope mostra crescimento de Dilma e Serra estagnado”. Do que, afinal, falava o Estadão? De uma pesquisa CNI/Ibope de dezembro, quando Serra aparecia com 38%, Dilma com 17%, Ciro com 13% e Marina com 6%. Muitos dirão: “Ah, a comparação é justa”. Ok. Ocorre que a mais recente pesquisa, que havia mesmerizado o jornalismo (como provarei abaixo), era a CNT-Sensus do dia 1º. Quem não se lembra? Estadão, Folha e G1 decretaram o empate técnico entre Serra e Dilma. Com 3 pontos de margem de erro para mais ou para menos, o tucano aparecia com 33,2%, a petista com 27,8%, Ciro com 11,2%, e Marina com 6,8%. E por que o empate? O truque consistia em trabalhar com a margem inferior do índice dele - 30,2% - e com a margem superior do dela: 30,8%. Como observei à época, isso é tão provável quanto o contrário: o superior dele (36,2%) e o inferior dela (24,8%), e, nesse caso, o empate se transformava numa diferença de quase 12 pontos.
No Ibope, com margem de erro de dois pontos para mais ou para menos, a diferença no primeiro turno é de 11: mesmo tirando dois dele e acrescentando dois para ela, não há empate possível. Não obstante, o CNT/Sensus pode dizer que os números dos dois institutos não deixam de ser coincidentes - em algum ponto do intervalo, eles coincidem. Embora Serra tenha todos os motivos para ficar contente com o Ibope, e Dilma prefira certamente os números do CNT/Sensus.
Os números do Ibope de agora estão bem parecidos com os do Datafolha de 22 de dezembro, há quase dois meses. Confiram:
CENÁRIO COM CIRO
Candidato - Ibope de 18/02 - Datafolha de 20/12
Serra - 36% - 37%
Dilma - 25% - 23%
Ciro- 11% - 13%
Marina - 08% - 08%
Branco/nulo- 11% - 09%
Não sabe - 09% - 10%
CENÁRIO COM CIRO
Candidato - Ibope de 18/02 - Datafolha de 20/12
Serra - 41% - 40%
Dilma - 28% - 26%
Marina - 10% - 11%
Branco/nulo - 12% - 11%
Não sabe - 09% - 11%
No caso do segundo turno, o Ibope de agora encontra praticamente os mesmos números do Datafolha de há dois meses. O CNT/Sensus, como se nota abaixo, segue sendo mais generoso com Dilma e muito menos pródigo com Serra…
SEGUNDO TURNO
Candidato - Datafolha - Ibope - CNT/Sensus
Serra - 49% - 47% - 44%
Dilma - 34% - 33% - 37,1%
Agora a vergonha
Não há dúvida de que, estando certos os números de Ibope de agora e sendo eles compatíveis com o Datafolha de há dois meses - que também estavam certos (e notem que não estou contestando nem os do CNT-Sensus; já disse que não brigo com pesquisas) -, o que impressiona é a resistência da candidatura Serra. Vocês repararam que, até agora, no cenário sem Ciro, ELE PODERIA VENCER A ELEIÇÃO NO PRIMEIRO TURNO SEGUNDO O LEVANTAMENTO DE TODOS OS INSTITUTOS?
Mas qual é o tom do noticiário? Atenção para uma contabilidade escandalosa. A Folha Online, que segue ignorando a nova pesquisa Ibope, publicou, no dia 1º de fevereiro, quando saíram os números da CNT-Sensus, nada menos de 15 textos a respeito; no dia 2, mais quatro e outro ainda no dia 3. O Estadão Online foi ainda mais pródigo: 23 textos a respeito da pesquisa CNT-Sensus no dia 1º, 17 deles ligados ao embate Serra-Dilma e ao “empate”. No dia seguinte, outros 11; no dia 3, mais quatro. Para o Ibope de hoje, favorável a Serra, só um texto magrinho. No Portal G1, não foi diferente: para a CNT-Sensus, uma cornucópia; pra o Ibope, duas retrancas magriças apontando a… estagnação de Serra!!!
Milagre
Escrevi outro dia que chega a ser milagroso - é força de expressão, claro! Tudo o que é do homem tem explicação, ainda que a gente a ignore - o desempenho de Serra. Acho, não é segredo para ninguém, que ele tem um histórico na vida pública e uma administração que justificam o apreço de milhões de eleitores, sim. Mas nunca antes da história destepaiz um pré-candidato esteve exposto a tal bombardeio, em especial da imprensa paulistana. Há uma verdadeira máquina mobilizada - do Governo Federal às redações, passando pelo PT (no fundo, é tudo a mesma coisa) - para transformá-lo no grande responsável pelas chuvas que atingem São Paulo. O esforço une o frangote que ainda espreme suas espinhas na jornalismo online e os galos velhos, com vocação para chefes de terreiro.
Também não é segredo que há outra formidável máquina mobilizada em favor da candidata oficial. Enquanto Lula e Dilma só pensam “naquilo”, Serra faz questão de não falar “daquilo”. O fato inegável é que uma campanha já está na rua, e a outra ainda nem começou.
Não mudei de opinião. Continuo a achar que o eventual sucesso do pleito tucano depende de uma precondição estrutural: juízo!!! Se os tucanos de São Paulo e de Minas estiverem realmente unidos, a vitória se afigura mais do que possível; ela chega a ser provável. Caso continuem a brincar com o perigo, os eleitores não farão por eles o que eles se negam a fazer pelos eleitores. Faz dois anos que a maioria diz o que quer e que insiste na sua escolha - apesar da discordância de boa parte da imprensa, que quer que o povo queira outra coisa… Quanto à cobertura jornalística, os chefes de redação que busquem uma boa explicação para os números que vão acima. O bom do levantamento que faço é que ele pode ser plenamente verificado pelo leitor: basta recorrer à área de busca dos sites. E o mesmo se poderá fazer com os jornais: recomendo que comparem o espaço concedido à pesquisa CNT-Sensus com o que será concedido à pesquisa Ibope - se é que se vai falar no assunto. Mais do que o espaço, cotejem também as abordagens.
E uma observação para encerrar: o petismo tem uma força-tarefa para patrulhar o jornalismo; como se trata de trabalho de militantes, eles sempre dão a impressão de formarem uma imensa maioria, o que é rigorosamente falso. O leitor comum, aquele que não está a serviço, dispõe, a cada dia, de mais instrumentos para avaliar a partidarização do noticiário e a manipulação de números. E está perdendo a paciência.
Um bobalhão poderia reagir: “Quem é você para falar nisso?” Eu sou aquele que jamais faz marketing da isenção. Eu sou aquele absolutamente honesto com os leitores, que deixa sempre claros os seus conceitos e até seus preconceitos. Não engano ninguém com o papo-furado do “equilíbrio” e do “outroladismo”. E arco com o peso dessa escolha. Mas o meu arquivo também está aí: sempre digo o que acho, mas não escondo os fatos dos leitores.

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