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quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Lembra do computador de US$100?

Artigo do jornalista Elio Gaspari, publicado em "O Globo" e outros jornais, como o "Correio da Bahia", edição desta quarta-feira, 9.
Há um cheiro de queimado na licitação para a compra de 150 mil laptops para 300 escolas públicas. Pena, porque, durante dois anos, o governo conseguiu evitar todas as cascas de banana que encontrou no caminho. A pior delas era a idéia de se comprar um milhão de máquinas numa só tacada. A última, pagar caro pela mercadoria.
Em dezembro passado foi suspenso o pregão eletrônico que fecharia o negócio. A Positivo, que oferece um modelo da Intel, queria R$654 por unidade (US$360), e o Ministério da Educação achou o preço salgado.
Ainda bem, pois um dia antes, a empresa pedira R$855. A máquina chama-se ClassMate. Se não trocar de nome, será pernóstico exercício de macaquice.
A compra de computadores para escolas públicas é uma boa idéia cercada de perigos. O primeiro é a marquetagem, interessada em transformar o projeto numa bandeira eleitoral. O segundo é a surda briga comercial que envolve os simpáticos laptops. Trata-se de um mercado de dezenas de bilhões de dólares, que pode mudar o curso da história da educação no Terceiro Mundo.
O pai da idéia de “um computador para cada criança” é Nicholas Negroponte, o mago do Massachussetts Institute of Technology que lançou o projeto do laptop de US$100. Três anos depois, sua máquina custa quase o dobro, noves fora o frete, a assistência técnica e os impostos. O modelo de Negroponte, denominado XO, disputou a licitação com o ClassMate, pedindo R$760 (US$420) por unidade. Depois baixou para R$697 (US$ 387). Esse preço contradiz a perplexidade que o professor revelou ao saber do preço do seu concorrente. “Nós estamos atônitos”, disse ao repórter André Borges. Ele argumenta que se pretende cobrar quase o dobro dos US$199 que o governo uruguaio pagará por um lote de cem mil modelos XO. Lá, a Positivo perdeu a disputa, pedindo US$243.
Como as duas empresas pediram preços parecidos no Brasil, atônito fica quem sabe que as máquinas podem custar mais de US$360 em Pindorama, US$199 no Uruguai e US$175 no Peru. Há vários fatores que podem explicar essas variações, mas seria desejável que Negroponte, a Positivo e o MEC mostrassem de onde saem seus preços. Uma boa parte deles se refere a impostos que poderiam ser retirados.
Negroponte e a Intel chegaram a se associar, mas acabam de brigar. A equipe do falecido “laptop de US$100” diz que foi enganada pelo sócio, interessado em matar seu modelo em proveito do ClassMate. Mau negócio para a poderosa Intel. Ela tem a imagem de empresa agressiva, que chamava esse tipo de laptop de “penduricalho”, enquanto a turma de Negroponte está associada à idéia de “um computador para cada criança”.
Os dois laptops foram testados, o MEC associou a remessa dos equipamentos a programas de capacitação de professores, e o limite de 300 escolas para a atual fase do projeto parece adequado. A melhor coisa que pode acontecer agora seria uma briga pública, selvagem, do XO com o ClassMate. Nada mais razoável num mercado onde a Apple, a Microsoft e a Intel praticam um tipo de concorrência que só trouxe benefícios para os consumidores.

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