Por Rodrigo Constantino
"Viva la liberdad, carajo!" O slogan de Javier Milei foi capaz de cativar e seduzir uma multidão cansada de autoritarismo, falência institucional e crise econômica. Para a elite "pensante" e "refinada", Milei é tosco, "radical", e a política precisa ficar com os políticos profissionais - justamente aqueles responsáveis pelo caos argentino. O povo ousou discordar.
Sem aparato midiático, sem estrutura partidária poderosa, sem tantos recursos, Milei falou aos corações de muitos eleitores, lembrando que política não pode ser apenas planos racionais e números frios. Tratado com desprezo e alvo de deboche desde o começo, o libertário enfrentou uma campanha sórdida de medo, incutido no povo por meio dos marqueteiros do sistema. Venceu, com folga.
A imprensa o chama de ultradireitista ou de extrema direita, pois sequer pretende entender o que seja o libertarianismo. É a mesma imprensa que jamais utiliza a expressão extrema esquerda, nem mesmo quando temos comunistas assumidos que idolatram o regime cubano. Milei derrotou todos esses militantes disfarçados de jornalistas, e este domingo foi dia de choro nas redações.
Essa turma teve a pecha de alegar que Milei representava a incerteza, um risco enorme, uma aventura imprevisível, tudo isso ignorando que seu adversário era ninguém menos do que o ministro responsável pela desgraça econômica, com inflação acima de 140% ao ano e miséria chegando a 40% da população. Os jornalistas queriam a "segurança" do caos, a "previsibilidade" do abismo?
Milei tem ideias mais ousadas e libertárias, e falou no discurso de vitória em não ter lugar para gradualismo em seu governo. Mas a realidade se impõe, e ele terá de ceder. Já fez concessões durante o segundo turno, abandonou algumas das ideias mais radicais, atraiu moderados como Macri, Vargas Llosa e outros.
Com Congresso dividido, claro que o projeto libertário de Milei não vai ser implantado na íntegra, nem perto disso. Mas a guinada, ao menos, vai na direção certa. Privatizações, redução de ministérios, mais liberdade individual e menos privilégios: os peronistas, acostumados a décadas de esquemas e mamatas, estão preocupados. O povo está com esperança.
As expectativas precisam ser realistas, para não produzir tanta decepção. Os desafios são hercúleos, e a imprensa vai apontar cada problema do país como se fosse culpa de Milei a partir do ano que vem. O jogo é sujo. A esquerda suja, a direita vem limpar e leva a fama pela sujeira. Falta honestidade aos jornalistas, aos políticos.
Mas a Argentina, ao menos, respira aliviada: poderia ter cometido suicídio coletivo de vez neste domingo, e rejeitou tal destino cruel. O projeto totalitário comunista do Foro de SP conta agora com uma pedra em seu sapato. Milei tem clareza moral para chamar as coisas pelos seus nomes, como quando diz, por exemplo, que Lula é um comunista corrupto. Ele é, e todos com bom senso sabem. Essa clareza desespera a turma de isentões tucanos, mas ela é necessária.
O que vem pela frente é pedreira, mas todos os que defendem a liberdade têm direito a um momento de regozijo, comemoração, felicidade. Sem um TSE partidário, com voto impresso, os argentinos deram um chega pra lá nos comunistas corruptos. A democracia ainda vive no continente. Que a virada argentina seja apenas o começo de uma enorme onda para endireitar a América Latina, quase toda dominada por extremistas de esquerda e seus companheiros do narcotráfico.
Título e Texto: Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo, 20-11-2023
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