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terça-feira, 31 de outubro de 2023

Flita: Literatura e memória

Terceira edição do evento de Festa Literária de Aratuípe celebra o letramento artístico e a produção dos talentos locais






Edilson Espínola (Foto 1: Emerson Ichikawa), 39 anos, agente de saúde do município de Aratuípe, é, sem dúvidas, um dos moradores com a maior expectativa para a realização da Festa Literária de Aratuípe (Flita) deste ano. O evento - que será realizado entre os dias 23 e 26 de novembro, com o tema Literatura e Memória - será um marco na vida do Edilson escritor. O coordenador da equipe de Endemias do município escreve poesias desde os 15 anos. "Comecei a escrever quando minha mãe morreu, era uma forma de transbordar".

A dor era tamanha que Edilson não conseguia chorar. Então, começou a escrever. Escrevia sem pretensão, como forma de aliviar as dores, de ressignificar o mundo após a partida de alguém tão essencial. Depois de participar da Flita como espectador, resolveu lançar na edição deste ano seu primeiro livro. "A Flita foi um despertar para mim... Se não tivesse participado, não teria essa coragem de abrir o baú", conta entusiasmado com o evento de lançamento agendado para acontecer 23 de novembro, na Biblioteca Roque Barata, na abertura oficial do evento.

O livro "Poesia & Afeto", lançado pela Cogito Editora, reúne 62 poesias, algumas ainda da época de escola. A produção literária foi dividida em cinco partes: As Marcas, As Dores, Amores, Ciclo e Versos Diversos. "Mostrar meu livro pra minha cidade, o lugar que eu pertenço, será o momento mais aguardado da vida daquele menino que sofreu calado com a perda da mãe, que tinha o choro preso no peito, um grito guardado que ecoava dentro de si, finalmente um desabafo. É também uma forma de gratidão com os diversos atores que marcaram a minha vida: minha família, amigos, os professores que incentivaram desde cedo através da valorização da minha arte", define o escritor que estará ao lado de grandes nomes da produção literária baiana e nacional, como Tiganá Santana, Aldri Anunciação, Luana Souza, Sulivã Bispo, Livia Natália, Emília Nunez, Ionã Scarante, Luana Souza, Marcos Cajé, Márcia Mendes na terceira edição da Festa Literária de Aratuípe.

Aratuípe em efervescência cultural

O município de Aratuípe, localizado a 86 Km de distância da capital baiana, terá auditórios, escolas, bibliotecas, ruas e praças ocupadas por uma vasta programação de atividades gratuitas, como palestras, lançamento de livros, rodas de conversa com escritores, oficinas, saraus e apresentações artísticas que fortalecem a cultura local e popular. "A Flita é uma festa literária afetuosa, inclusiva e diversa! O público é animado e se envolve com as atividades. Esta é a segunda edição da qual participo e, para mim, é uma alegria estar, mais uma vez, presente!", resume Livia Natália (Foto 2: Divulgação), escritora e Doutora em Teoria da Literatura da Universidade Federal da Bahia (Ufba), onde desenvolve pesquisas sobre literaturas negras.

A programação completa da festa literária já está disponível no site www.flita.com.br. O evento terá uma exposição fixa em homenagem ao poeta, músico e jornalista aratuipense José Leone, falecido em 1983. O objetivo da Flita é proporcionar à comunidade um ambiente cultural diversificado, incentivar a formação de novos leitores e valorizar a identidade cultural do município. "No ano do Bicentenário da Independência da Bahia, entendemos que discutir como a memória convoca conhecimentos sobre território, povo, culturas e dos nossos saberes tradicionais é uma forma de iluminar o presente e alinhavar um futuro", pontua a curadora da Flita, Meg Heloise (Foto 3: Divulgação), que emenda: "A memória é um percurso coletivo. Então, será uma festa para reverenciar nomes potentes e criar novas memórias".

Um dos momentos mais aguardados acontecerá sábado, às 16 horas, com a realização da mesa "Modos de Lembrar Para Iluminar o Presente", com participação de Tiganá Santana e mediação de Cândida Moraes. O compositor, cantor, instrumentista, poeta, produtor musical, diretor artístico, curador, pesquisador vai compartilhar sobre sua experiência da escrita poética, que começou aos 9 anos. No mesmo dia, às 10 horas, acontece a mesa "Politização das Memórias: Literatura e Diáspora", com a participação de Aldri Anunciação e Sulivã Bispo e mediação de Amanda Julieta.

Outra novidade desta edição: vivências, um espaço dedicado à literatura para as infâncias na Flitinha e programação alternativa no espaço Conexão Flita, esse será um espaço também pensando para acolher o público mais jovem. Na Flitinha, além de apresentação de escolas municipais, recitais de poesias, vai ter contação de história musicada "O Voo da Arara", com Laiana Vieira e Julián Alarcón, dramatização do livro "Anjo de Barro", de Ionã Scarante, e "As Memórias dos Oleiros de Maragogipinho".

Os escritores Marcos Cajé, Emília Nuñez e Deko Lipe participam da mesa "Era uma Vez... Por que ler para as crianças?", que terá mediação de Ionã Scarante. "A gente vai discutir muito a importância de ter essa abertura de leitura para nossas crianças, especialmente para as crianças pretas. Fazer com que esses meninos e meninas se vejam nos livros, nas narrativas", conta animado Marcos Cajé, escritor de literatura afro fantástica que participa pela primeira vez da Flita.

A Festa Literária de Aratuípe (FLITA) é uma realização da Prefeitura Municipal de Aratuípe. Para o prefeito de Aratuípe, Antônio Marcos Araújo de Souza, a Flita é a realização de um grande sonho para a comunidade, um evento de celebrar memórias e construir legado.

Enviado por Fernanda Carvalho, da Frente & Verso Comunicação Integrada

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