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segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Há 23 anos que 18 de setembro é o Dia da Cidade


Por Adilson Simas

Foi no dia 18 de setembro de 1833 que o presidente da Província da Bahia, Joaquim Pinheiro de Vasconcelos, criou o Arraial de Feira de Santana. Tomou a decisão autorizada pelo Governo Imperial que em 13 de novembro do ano anterior, determinou a criação de vilas em todo o país.
Por que o aniversário da cidade em 18 de setembro se até pouco tempo a comemoração acontecia em 16 de junho?
O dia 16 de junho lembra a Lei Provincial nº. 1320, que em 1873 levou a Vila à categoria de cidade, com o nome Comercial Cidade de Feira de Santana.
Em 1973 comemorou-se intensamente o centenário da data.
Começou no primeiro dia do ano com o prefeito Newton Falcão que findava o mandato.
E continuou com o prefeito José Falcão, tendo como ponto alto o dia 16 de junho. A partir de então 16 de junho passou a ser o Dia da Cidade.
Foi incorporado ao calendário de eventos da Câmara e da Prefeitura que nunca deixaram a data passar em branco,
Vários historiadores continuavam defendendo 18 de setembro como sendo o Dia da Cidade.
Entendiam que a emancipação da Feira aconteceu 40 anos antes, em 18 de setembro de 1833 e não em 16 de junho de 1873.
Entre os historiadores estava o monsenhor Renato de Andrade Galvão que não se cansava de pedir a mudança da data.
Convidado pela Câmara Municipal em 1979, para falar em 16 de junho sobre o Dia da Cidade, Galvão não perdeu a oportunidade.
Aproveitou a sessão solene e defendeu sua tese.
Segundo ele, quando a Lei de 16 de junho instituiu a Comercial Cidade de Feira de Santana, o Arraial de Feira de Santana já tinha status de cidade.
Tinha porque já existiam na vila vários serviços públicos.
A Câmara estava instalada há vários anos, escola funcionando tanto para crianças como adultos, existia a Cadeia Pública e a autoridade competente.
Citou também que até já existia um jornal, "O Feirense" mantendo informada a população da vila.
Essas e outras atividades davam ao Arraial de Feira de Santana o status de cidade.
Monsenhor Galvão encerrou sua palestra minimizando o 16 de junho, ao afirmar que o Decreto Provincial assinado naquela data foi recebido sem que a população comemorasse com efusividade.
Somente no último ano do século XX, em 2000, quando o monsenhor Renato Galvão já havia falecido, sua tese e de outros historiadores foi vitoriosa.
A Câmara oficializou o 18 de setembro como sendo o Dia da Cidade. Assim, nesta quinta-feira, a cidade comemora pela 14ª vez o 18 de setembro, chegando a 181 anos de existência.
São 181 anos crescendo e avançando. Quem visita Feira não se cansa de elogiar principalmente a maneira como suas vias públicas foram projetadas. Vias planas, largas e longas.
A beleza das vias da cidade começou ainda no século XIX.
O grande jurista feirense Filinto Bastos disse em memorável palestra sobre a cidade, proferida no Cine Santana, em 1917, que coube praticamente ao coronel João Pedreira de Cerqueira delinear e realizar o primeiro plano de embelezamento da cidade, fazendo surgir as primeiras grandes vias em razão das edificações que construía.
No começo do século XX, por volta de 1903, foi a vez do coronel intendente José Freire de Lima dotar as vias púbicas de novo tipo de pavimentação.
Da praça João Pedreira, por exemplo, desapareceram as chamadas pedras irregulares dando lugar ao primeiro calçamento a paralelepípedos.
Na metade dos anos 30 novo avanço, graças ao prefeito Heráclito Dias de Carvalho, expandindo a cidade em direção ao leste.
"Seo Lolô", como era conhecido, cortou terras da Fazenda Bagatela de Gilberto Costa e abriu aquela que seria nossa maior via pública. A avenida Getúlio Vargas, cuja expansão foi abraçada por quase todos os prefeitos seguintes.
Entre os últimos, João Durval, que pavimentou o trecho entre o Emec e a antiga avenida Anchieta. E Colbert Martins que completou a pavimentou até o Anel de Contorno.
No final dos anos 50, o prefeito Arnold Silva introduziu mais uma novidade nas vias ao adotar a pavimentação asfáltica, começando pela rua Castro Alves e vizinhança.
Nesse período já se destacava o engenheiro José Joaquim Lopes de Brito, preservando na abertura de novas ruas a visão pioneira de João Pedreira.
Nos anos 60 o crescimento acentuado motivou o prefeito Francisco Pinto a levar calçamento às ruas dos subúrbios, como se dizia na época. Sobradinho e Queimadinha foram os primeiros beneficiados.
No final dos anos 60 surgiria o Anel de Contorno, avenida Eduardo Fróes da Motta, como forma de desafogar o tráfego de veículos pesados no centro comercial.
Por crescer horizontalmente a cidade tem exigido dos governantes a aplicação de muitos recursos em pavimentação.
Nesse particular, além dos prefeitos já citados, a cidade também conhece grandes vias públicas pavimentadas e repavimentadas por todos os prefeitos, até José Ronaldo de Carvalho, que trabalhou pela mobilidade urbana com a implantação do BRT, que abriu túnel na avenida Maria Quitéria sob a avenida Getúlio Vargas.
Mesmo com a construção de grandes edifícios nos últimos anos, a cidade plana continua crescendo horizontalmente.
Para encerrar, o  "Poema da Feira de Sant'Ana", de Godofredo Filho, escrito em Salvador, em março de 1926. Foi publicado em livro em 1977, com capa ilustrada por Carybé, sob os auspícios da Fundação Cultural do Estado da Bahia, como parte da edição das Obras Completas do autor.
Trecho do longo poema
Feira de Sant'Ana do grande comércio de gado
nos dias poeirentos batidos de sol compridos
Feira de Santa'Ana
Das segundas feiras de agitações mercenárias
correrias de vaqueiros encourados
tabaréus suarentos abrindo chapéus enormes
barracas esbranquiçadas à luz
e as manadas pacientes que vêm para ser vendidas
de bois do Piauí de Minas do Sertão brabo
                                    até de Goiás
(meu bisavô Zé carneiro era o bicho em negócio e gado
meus parentes todos ricos que hospedaram o Imperador
quando ele foi à Feira ver a feira
seu Pedreira
meu tio Cerqueira)
ali eu tive tudo
meus cinco anos
meus brinquedos todos
o automovinho que papai trouxe quando veio na Bahia
a roça de meu avô com os carneiros as cabras os tanques
[...]
meus tios engraçados
casa da Rua Senhor dos Passos da minha meninice
que fontes eu cavei nos fundo do teu quintal
[...]
também a casa da minha tia Pombinha com corredor escuro
lá eu morei
a vizinha era D. Olívia professora
o sobrinho dela Genaro
tinha um outro que esqueci do nome
[...]
minhas primas filhas de meu tio que eu tinha medo dele
deslumbramento do meu primeiro beijo escondido
                          gostinho quente da primeira namorada
                                                                  prima
foi numa volta de picula
                           você lembra?
Feira de Sant'ana
a de hoje tão diferente
também é boa
riscadinha de eletricidade
torcida esticada retesada de fios aéreos longos
Fords estabanados raquíticos
levando no bojo viajantes de xarque
ó Fords arados desvirginadores de sertão
horizontes da minha terra que me educaram
Ainda quero ser limitados por eles
minha terra boa boa
minha terra minha
É lá que eu quero dormir ao acalento daquele céu tão manso
dormir o meu grande sono sem felicidade ou tortura de
                                                                   sonho

Com dados do jornalista e historiador Adilson Simas, ampliados por Dimas Oliveira


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