Por Percival Puggina
No dia 19, ouvi alguns discursos no Senado e fiquei preocupado. Que
vazamento foi esse, capaz de causar tal reboliço? À noite, a Globo não falava
de outra coisa. Seus comentaristas tratavam de "levantar" a matéria
com esforços de halterofilismo. Exibiam fragmentos como se estivessem falando
de Renato Duque, de Joesley Batista, de Palocci, de mensagem levada pelo
"Bessias", de lista da Odebrecht, de revelações estarrecedoras.
Vazou, vazou! Parem as máquinas! Conversa por WhatsApp é ou não é conversa? A
matéria era apresentada no mesmo estilo dos velhos escândalos para ampliar a
suposta semelhança. Os noticiários matutinos vieram no mesmo tom. A Globo, cada
dia mais Globo.
Manhã seguinte, em jornal, li com atenção a
totalidade dos diálogos. Realmente um escândalo! Realmente um escândalo a
tentativa de tratar daquele assunto de um modo escandaloso. Desonestidade pura
e simples. Nada, absolutamente nada há ali que justifique sequer um ponto de
exclamação. São afirmações lineares sobre um desentendimento entre o ministro e
o presidente, situação na qual se pode escolher quem tenha razão por mera
questão de gosto, mas na qual resulta vão qualquer esforço de as transformar em
diálogos do submundo.
Aliás, de minha longa experiência com temas e
condutas inerentes à política, eu diria que nem em política secundarista, de
grêmios estudantis (e por aí andei muito na minha adolescência) um assunto
desses ganharia a dimensão que a ele tentaram atribuir os referidos veículos.
Tenho certeza de que aqueles adolescentes com espinha no rosto, numa situação
assim, saberiam que tentar extrair ganho político de tal fato ajudaria muito
mais o atacado do que o atacante.
Por outro lado, volto à primeira frase deste
artigo, na qual digo que fiquei preocupado com as primeiras informações. O
motivo da preocupação mudou, mas ela persiste porque a sequência de episódios e
de reações dos veículos da extrema imprensa deixa claro uma total indiferença
com os destinos do país. Não apenas um desejo de causar ao governo todo mal
possível, mas a total desconsideração às consequências das respectivas posições
editoriais. A quem serve desestabilizar um governo que conta seus primeiros
dias? Certamente não ao leitor destas linhas. Certamente não aos conceitos e
propostas que orientaram os resultados eleitorais vitoriosos em outubro do ano
passado.
Hoje (21), circulam áudios de um novo
"vazamento" produzido a partir de um diálogo entre Onix
Lorenzoni e o presidente sobre a conversa que aquele iria ter com Bebianno (até
agora advogado de Bolsonaro) em que este mostra preocupação com os honorários
advocatícios que passaria a pagar. Diferentemente de Lula, que tem uma legião
de advogados e não se importa com os custos, Bolsonaro se preocupa com isso,
sim. Mas sua preocupação vazou porque o telefone do chefe da Casa Civil estava
aberto numa ligação com alguém de O Globo.
Convenhamos, estaremos no melhor dos mundos quando inabilidades passarem a conduzir nossas ocupações e preocupações!
Percival Puggina, membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de "Crônicas Contra o Totalitarismo"; "Cuba, a Tragédia da Utopia"; "Pombas e Gaviões"; "A Tomada do Brasil". Integrante do grupo Pensar+.
Convenhamos, estaremos no melhor dos mundos quando inabilidades passarem a conduzir nossas ocupações e preocupações!
Percival Puggina, membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de "Crônicas Contra o Totalitarismo"; "Cuba, a Tragédia da Utopia"; "Pombas e Gaviões"; "A Tomada do Brasil". Integrante do grupo Pensar+.
Fonte: https://diariodopoder.com.br
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