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quinta-feira, 15 de outubro de 2015

"As oposições, o pega-pra-capar contra Eduardo Cunha e a diferença entre ética e burrice"

                                                                 
Por Reinaldo Azevedo
Há coisas, querido leitor, que empurram a gente quase para a preguiça, tão óbvias elas são. Mas vamos lá. Eu, jornalista, analista, blogueiro, radialista, escolham aí, posso lidar principalmente com a ética da convicção. Não disputo o poder nem sirvo a quem o disputa. Só devo satisfações a meus leitores e a meus ouvintes. E, claro!, os que pagam os meus salários - todos de conhecimento da Receita Federal - têm de gostar do trabalho, ainda que possam discordar das ideias.
Assim, tanto quanto reconheci e reconheço o excelente desempenho de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à frente da Presidência da Câmara - sim, ele livrou o STF da bolivarianização! -, afirmei que, dadas as circunstâncias, ou ele negava de forma peremptória as contas da Suíça ou se afastava da Presidência da Câmara.
Muito bem! Instigados por petistas e por esquerdistas, líderes oposicionistas se viram compelidos a pedir a cabeça do presidente da Câmara… Cássio Cunha Lima (PB), líder do PSDB no Senado, até resolveu fazer uma crítica aberta a seus companheiros de partido na Câmara, que teriam tardado a se manifestar em favor do afastamento do deputado do comando da Casa.
É claro que Cássio, que tem a responsabilidade de ser um quadro da oposição, além de ter suas convicções, está exagerando. Até porque política não é um exercício solitário. Venham cá: por que a oposição partiria com tudo para a jugular de Cunha? Para que o governo lhe oferecesse uma rede, como ofereceu? Nesta quarta, o presidente da Câmara elogiou a sensibilidade política de… Jaques Wagner, novo ministro da Casa Civil. Posso imaginar por quê.
A oposição foi até onde era prudente ir, ora essa! O que não pode agora, e é uma questão elementar, é jogar definitivamente o presidente da Câmara no colo do governo… Imaginem que graça seria o PSDB a defender, a um só tempo, a queda de Dilma e de Cunha… Nem a Armata Brancaleone sonhou ir tão longe, não é mesmo?
Sabem o que é mais fabuloso nisso tudo? No espaço de negociação que se abriu entre Cunha e o governo, o Planalto acena com a possibilidade de lhe garantir votos no Conselho de Ética, que impeçam que ação de cassação de mandato chegue ao plenário.
Entenderam? Os petistas ficaram incitando os oposicionistas a chutar Cunha para que eles pudessem lhe oferecer proteção.
Não é a única coisa absurda de todo esse episódio. Os oposicionistas estão se vendo compelidos a jogar Cunha ao mar, mas Dilma mantém como homem forte no Palácio ninguém menos do que Edinho Silva, um dos braços de Lula no governo. E quem é ele? Ora, nada menos do que um investigado da Operação Lava-Jato, acusado por um empreiteiro de lhe ter praticado uma doce extorsão de R$ 10 milhões - R$ 7,5 milhões dos quais devidamente pagos e postos na campanha de Dilma à reeleição.
A oposição foi até onde era prudente ir nesse caso. A retórica do tucano Cássio Cunha Lima está fora do tom. Quem faz política profissional lida com convicção, mas também lida com a responsabilidade de saber que as ações têm consequência.
Às oposições cabe hoje atuar dentro do que for ética e moralmente correto para que Dilma seja afastada da Presidência - de acordo com a Constituição e com as leis. Reconhecer que Cunha está numa situação delicada e defender que ele se afaste da Presidência é aceitável, compreensível e até necessário. Achar que a oposição deva liderar essa cruzada ou fazer disso um cavalo de batalha é burrice.
Isso é coisa para Psol e Rede, que hoje são linhas auxiliares do "fica-Dilma".
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"


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